Resenha - KavooKavala - Raimundos
Por Rafael Carnovale
Postado em 07 de julho de 2002
Nota: 7
Assentada a poeira, após a saída de Rodolfo Abrantes do Raimundos, a banda lança finalmente seu álbum de estúdio completo, considerando que o CD "Éramos Quatro" tinha músicas gravadas com Rodox no vocal. A banda acertou em cheio em incorporar o guitarrista Marquinho (Ex-Peter Perfeito), que impôs mais qualidades às guitarras e aos solos, e vem agora com um cd com o inusitado título de "KavooKavala", e com uma arte muito legal, toda em desenhos. Ponto para a banda, que inovou nessa parte.
Musicalmente, o cd mostra que o Raimundos nunca vai se acabar (roubando da música "Marujo" do primeiro cd): "Fique! Fique!", a primeira faixa, é um hardcore pesadão de respeito, com Digão melhorando sensivelmente em seu vocal, que agora está bem mais colocado, e com as guitarras mais agressivas e os backings de Canisso, que fazem diferença da formação anterior. O cd alterna momentos de puro punk rock como a energética "Crocodilo Meio Quilo", a poppy punk "Joey" (bela homenagem a Joey Ramone, cujo refrão, chupado de "Mulher de Fases", é muito legal: "bota aquele som que o Joey mandou pra mim") e "Vento Certo" (que de longe lembra o poppy punk de bandas como Blink 182 e Green Day), e faixas mais puxadas para o rock tradicional brazuca influenciado por Titãs e Paralamas, como "Vento Certo (Água da Mina)", a cativante e acessível "Princesinha" (a música "romântica") e na tipicamente rockeira "Atitude Severa". Todas até bem legais, mas pouco inovadoras. A banda parece não querer arriscar muito nesse momento.
O Hardcore pesadão volta na faixa título, que tem a participação de Derrick "Fumaça" Green, do Sepultura, como o personagem KavooKavala, na curtíssima "El Mariachi" (uma das melhores do cd, que lembra muito "Wipe Out" do cd "Lapadas do Povo"), e na faixa "Baixo Calão", aonde os vocais de Digão se alternam com o de Telo (que é co-autor em várias músicas). A banda realmente surpreende quando incorpora o espírito Ska na faixa "Pegamutakalá" (que lembra muito o Rappa) e na pesadíssima "Mas Vó", aonde a letra séria sobre sofrimento e luta chega a assustar, vindo da banda que já escreveu pérolas como "Nega Jurema" e "Minha Cunhada".
Quanto aos boatos que o cd conteria recados para o ex-vocalista Rodolfo, é uma questão de interpretação pessoal.
Não é um cd fraco. Mas a banda poderia fazer melhor, principalmente pelo potencial demonstrado nos shows com a nova formação. Mas vale a pena conferir, pois pelo menos eles não acabaram e mostram que podem sobreviver sem Rodolfo. Isso já é um bom recomeço.
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