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Resenha - Cançonetas Pra Ti Entoadas - Brilhantines

Por Márcio Ribeiro
Postado em 19 de janeiro de 2002

Chegou para mim um CD curioso. Trata-se do Brilhantines, um trio do interior de São Paulo, que chama logo atenção por buscar um som com elementos provindos da Jovem Guarda. Interessante que os rapazes, identificados como sendo Dadá Costa, Nilton Denardi e o mentor do grupo Neto Nunes, embora ainda estando em idade de vestibular, foram procurar o seu som não no conhecido João Penca e seus Miquinhos Amestrados, banda especialista em rock estilo Anos Sessenta, mas nas origens do rock brasileiro, ou seja, na Jovem Guarda.

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As canções contam com vocalzinho doo-wop, todas as vozes feitas por Nunes (arranjo de voz muito bem executado por sinal), como também a voz suavizado que o gênero pede. Dá-se ao luxo de ter algumas das letras usando gírias da época, Nunes escrevendo utilizando lingüistica seiscentista, um detalhe muitas vezes esquecido. Por outro lado, esta preocupação de detalhes não se estendeu ao som dos instrumentos. Temos guitarras com distorções incompatíveis com a época. Nenhum teclado com som Farfisa, um MUST, que nos remete tão precisamente a aquele tempo de Trio Esperança e o RC7.

Isto evidentemente é gafe apenas se a proposta fosse realmente reviver a Jovem Guarda. Mas creio que a intenção do Brilhantines seja mais de fazer uso dos elementos que traduzem a leveza e despreocupação jovial do que realmente tentar evocar uma volta da musica feita no rock brasileiro antes da Revolução Militar de 64. Além do mais, não tenho absolutamente nada contra guitarras distorcidas, como em "Canção de Amor", uma das minhas preferidas do disco. Com ela, "Amanhã" e "Esplendor" também se destacam. Na verdade, quanto mais vezes eu escuto o CD, mais eu percebo influências diversas fora da Jovem Guarda no som. Algumas poucas influencias mineiras do Clube da Esquina, dos Beatles, e outras coisas soltas que não consigo precisar agora de onde conheço. O disco como um todo é muito leve e agradável. A única coisa que eu realmente não gostei foi o som da bateria, abafada e feia. Uma pena, embora deu para perceber que o baterista seja bom e tem algo até mais importante do que virtuosismo para este tipo de trabalh; o bom gosto. Imagino que ao vivo devam ter um peso extra e recomendo tentar conferir.

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Para terminar, diria que o trabalho de arte gráfica é um dos melhores feitos pela industria nacional, principalmente se tratando de uma banda sem patrocínio. Faço questão de destacar o valor de se investir em uma boa idéia! Não que a capa seja mirabolante. Pelo contrario; é simples, com duas fotos em preto e branco. Porém na capa, existe o detalhe do nome da banda escrito em alto relevo e em letras douradas, um custo extra considerável, com certeza. A foto em questão, duas meninas (irmãs) se abraçando e sorrindo, nos traz um calor amigável, de bem querer, mensagem sublimnar das intenções das canções no disco. A contracapa igualmente me agrada. A foto apresenta o trio dentro de um velho fusca. O painel do carro deixa claro que o veiculo se trata de uma antigüidade, apesar do volante destoar, obviamente mais moderno. Imagino que o volante, assim como a guitarra distorcida que ouvimos no disco, seja um lembrete de que não importa quanto a gente volta no tempo, um pé continua no presente.

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Bons ventos os carreguem Brilhantines.

Para conhecer mais sobre a banda:
http://www.brilhantines.hpg.com.br

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Sobre Márcio Ribeiro

Nascido no ano do rato. Era o inicio dos anos sessenta e quem tirou jovens como ele do eixo samba e bossa nova foi Roberto Carlos. O nosso Elvis levou o rock nacional à televisão abrindo as portas para um estilo musical estrangeiro em um país ufanista, prepotente e que acabaria tomado por um golpe militar. Com oito anos, já era maluco por Monkees, Beatles, Archies e temas de desenhos animados em geral. Hoje evita açúcar no seu rock embora clássicos sempre sejam clássicos.
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