Resenha - Get Some Go Again - Rollins Band
Por Catarina a Grande
Postado em 10 de agosto de 2000
Nota: 7
Henry Rollins, com seus 39 anos, tem um passado respeitável: vocalista de uma das mais importantes bandas de hardcore, o Black Flag, desenvolveu carreira solo com a sua Rollins Band a partir de 1987, recrutando músicos muito feras: Chris Haskett (guitarra), Melvin Gibbs (músico de jazz que substituiu o primeiro baixista da banda) e Sim Cain (bateria), mais o engenheiro de som Theo Van Rock. Além disso, Rollins tocava sua editora 02.13.61 (data de seu nascimento), escrevia diversos livros e realizava palestra e spoken shows, uma invenção americana em que um cidadão fica lendo seus versos para uma platéia.
A Rollins Band atingiu algum sucesso comercial entre 1992 e 1994, mas nada que abalasse a rotina workaholic e multimídia de Rollins. O tempo passou e Rollins continuava com sua cara feia, esbravejando contra as injustiças e as armadilhas da vida, pulando no palco como se toda raiva do mundo estivesse para explodir por meio daquele corpo ‘sarado" e cheio de tatuagens.
O tempo passou e o problema de Rollins é que ele anda se levando muito a sério demais. Talvez um ouvinte incauto, que nunca ouvira nada da Rollins Band, fique bastante impressionado com "Get Some Go Again", pois há sinceridade e adrenalina suficiente para agitar mais do que 10, 100 Limp Biskit juntos – afinal, Rollins é um veterano.
Mas o ouvinte que vem acompanhando Rollins por esses anos, por vezes sente um certo pesar pela reformulação completa da banda (não sobrou sequer para Theo van Rock)., que contrabalançava bem as tentativas de Rollins querer soar sério demais. Saem os músicos de formação jazzística, entram os rapazes de uma banda chamada Mother Superior, de Los Angeles. O fã pode sentir mais pesar ainda por ver Rollins bancando o mesmo papel há mais de dez anos. O funk foi embora com a cozinha de Cain e Gibbs, e os solos incríveis de Haskett deixam saudade e, assim, a tentativa de Rollins soar mais básico expõe sua fraqueza. Já se fora o tempo em que Rollins apontava o dedo para a sociedade americana e dizia "You bet we’ve got something personal against you!", de forma raivosa mas debochada.
Mas nem toda transformação implica uma perda, e o caminho apontado por "On The Day" (bastante climática) e "Love’s so Heavy" (funkinho nervoso) pode ser uma boa para Rollins, mas enquanto ele estiver mais interessado em dar lição de moral, como em "Thinking Cap" (em que ele critica a supervalorização da aparência – "você pode vestir um porco, mas continuará um porco"), virar para a platéia e perguntar "Are you ready to rock?" ("Are you ready") soa um grande blá blá blá, como em "Illuminator" (quinze minutos de falação sobre retratos da vida em L.A., com o acompanhamento de Wayne Kramer, ex-MC-5, na guitarra).
Formação:
Henry Rollins – vocal ("throat")
Jim Wilson - guitarra, piano
Marcus Balke - baixo
Jason MacKenroth - bateria, sax
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps