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Mastodon #8: Emperor Of Sand

Por Ricardo Cunha
Fonte: Esteriltipo
Postado em 10 de abril de 2019

"Terceiro álbum inspirado na perda de um parente de um membro da banda"

Em seu sétimo ato musical, o quarteto de Atlanta reina absoluto na progressão musical que os diferencia dos demais. Sem tornar-se uma banda comercial como fizeram outros que ousaram navegar por estas águas. Para o Mastodon, acredito que também não tenha sido fácil, mas os caras já subiram aos céus e desceram aos infernos com sua postura nada convencional e mostraram que não fazem o que fazem para agradar a quem quer que seja, mesmo que tenham conseguido agradar a muita gente.

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Não quer dizer que esse novo álbum esteja repleto de músicas de rádio, pelo contrário, Sultan’s Curse, por exemplo, é uma que mostra o guitarrista / vocalista Brent Hinds fazendo uma de suas melhores performances como frontman da banda. A segunda faixa Show Yourself começa com um gancho boogie, quase dançante, mas logo em seguida ganha ares de inconformismo. Por essas e outra, esteja avisado: se você encontrar uma música 100% polida neste disco, deve ter problemas de audição. Por outro lado, se você for cauteloso demais e quiser evitar problemas com seus amigos, pode acabar não fruindo a obra em toda a sua extensão. É notório que o produtor Brendan O’Brien tenha suavizado alguns excessos da banda, mas não conseguiu arrancar o lodo da alma da banda.

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Todavia, se você curte músicas mais longas e menos fluídas, não verá o apelo que exerce Emperor of Sand (2017) sobre a postura do grupo e sua forma de compor. A menos que você dê um super zoom e consiga ver o álbum de 11 faixas em sua unidade. E, isto, inclusivenão parece difícil de se fazer agora que a banda finalmente dominou a arte de escrever e consegue criar músicas que fluem como partes de uma mesma história. Como em The Hunter e Once More ’Round the Sun, cada uma das músicas deste trabalho soa independente, musicalmente falando. Mas, parece que a banda inspirou-se em Crack the Skye para tecer um fio elaborado sobre a passagem do tempo e usou a areia como uma metáfora para a mortalidade e como uma janela para definir a história nos desertos da antiga Arábia. No melhor estilo Mastodon, o protagonista da história tenta se comunicar telepaticamente com tribos africanas e nativas americanas na esperança de fazer chover em seu nome.

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Emperor of Sand consegue ainda o incrível feito de ser o terceiro álbum inspirado na perda de um parente de um membro da banda, neste caso a morte da mãe do guitarrista Bill Kelliher. E os caras têm essa capacidade de canalizar tragédias pessoais e transformando-as em fantasias loucas e, por conseguinte, produzir álbuns incríveis.

Como o fluxo criativo devia estar pleno, no mesmo ano, aproveitando as sobras das seções de estúdio de Emperor of Sand a banda lança o EP Cold Dark Place (2017), que parece uma jornada insólita e psicodélica na qual a banda fala sobre árvores ambulantes e czars assassinados; tubarões gigantes e respiradores de vapor; sexo no espaço e sono subaquático. Musicalmente um disco diferente até mesmo do EP Jonah Hex, trilha sonora que a banda produziu para o cinema. Porém, olhando pela perspectiva usual, ao mesmo tempo que as coisas parecem bagunçadas, nada está fora do lugar.

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Para concluir, num contexto geral e do ponto de vista deste que vos escreve, a história do Mastodon pode ser dividida em 3 partes que marcam momentos específicos da banda: a 1ª parte, que compreende os discos, Remission (2002), Leviathan (2004) e Blood Mountain (2006), mostra os músicos buscando provar que eram dignos do sucesso de que hoje desfrutam; a 2ª parte, que é representada pelo álbum Crack the Skye (2009), mostra este como um divisor de águas na transição sonora da banda; e a 3ª parte, que compreende os álbuns The Hunter (2011), Once More‘Round The Sun (2014) e Emperor of Sand (2017), mostra a banda se apropriando definitivamente do seu som e dele fazendo o uso que lhe fosse apropriado, sem nada a dever a quem quer que seja.

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Por fim, o que podemos / devemos esperar da banda no próximo disco? Bom, de acordo com a linha de análise adotada nesta sequência de 8 partes que manteremos em suspenso até segunda ordem, podemos inferir que será algo inesperado, mas isso… bem isso já é outra história.

Referências: The BNR Metal Pages, Buteco Do Rock Podcast, Pitchfork.

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Sobre Ricardo Cunha

Editor no site Esteriltipo - Marketing de Conteúdo.
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