Soundgarden: a resenha que vem no disco Live on I-5 (01/02)
Por Brunelson T.
Fonte: Rock in The Head
Postado em 24 de setembro de 2018
Em 2011, a lendária banda grunge de Seattle, SOUNDGARDEN, lançava o seu 1º disco ao vivo, o poderoso "Live on I-5".
Como forma de preparativos em retomada de carreira, o grupo - separado desde 1997 e que havia retornado do seu hiato em 2010 - havia lançado no ano do seu retorno uma coletânea marcando a volta do SOUNDGARDEN, apresentando 01 música inédita, "Black Rain", e que havia ficado de fora do 3º álbum da banda, "Badmotorfinger" (1991).
Mas é nesse disco ao vivo, "Live on I-5" - esquentando as turbinas para o novo álbum de estúdio em mais de 01 década e que seria lançado em 2012 - que o SOUNDGARDEN simplesmente deixa o ouvinte de boca aberta, com a qualidade massiva em sua sonoridade, performance e interpretação.
O álbum se trata de uma compilação de várias apresentações pelos EUA em 1996, quando estavam em turnê do disco, "Down on The Upside" (5º álbum de estúdio, 1996).
E no encarte do livrinho que acompanha esse disco, consta um breve relato de Adam Kasper, famoso produtor que além de ter trabalhado com várias outras bandas e parcerias com o SOUNDGARDEN, também gravou e mixou esse álbum ao vivo.
Confira a tradução logo abaixo:
Em turnê com o SOUNDGARDEN em 1996.
Quando me pediram para me juntar ao SOUNDGARDEN na estrada para gravar a última parte da turnê americana de 96 shows, além de mais algumas apresentações no exterior e Havaí, eu não achava que seria a última vez que eles se apresentariam juntos nos EUA por mais de 01 década. A minha principal preocupação na época, era como capturar em fita a experiência de vê-los ao vivo.
Não foi uma tarefa fácil...
Eu os vi se apresentando em vários cenários, de clubes a arenas, bem como em estúdio nos 02 últimos discos - esta é uma banda extremamente versátil. Eles podem tocar pesado e lento como o BLACK SABBATH e depois ter a sujeira niilista do STOOGES. Existem elementos dos BEATLES em suas melodias e arranjos, bem como do LED ZEPPELIN em sua bateria estrondosa com o incrível alcance vocal de Chris Cornell.
No entanto, o som e as composições do SOUNDGARDEN são completamente originais e inovadoras, com as suas afinações criativas e assinaturas de tempo complexas. Particularmente, escutei fitas demo de quando os caras estavam começando, que foram canções que se transformaram em hinos do rock depois que a banda estava engrenada.
Eu sabia que essa turnê precisava ser capturada com o melhor equipamento de gravação móvel disponível que pudéssemos alinhar, para chegar perto do poder do seu som ao vivo. Organizamos 03 conjuntos diferentes de caminhões/estúdio móvel com mesas de 24 canais, para percorrer a turnê ao longo de toda a costa oeste - de Mesa, Arizona, até Vancouver, Colúmbia Britânica.
Nós ficávamos com a equipe de roadies e gravávamos todas as passagens de som para resolver qualquer incidente antes do tempo. Isto às vezes, produzia algumas versões incríveis de músicas tocadas para ninguém, a não ser para alguns roadies cansados do serviço...
Passagens de som geralmente duram 01 hora, talvez, e então, é melhor você estar pronto para a hora do show. Nós ligávamos 02 mesas de 24 canais, onde gravamos em diferentes cidades para não perder nenhuma música e versão, mas a fita de 02 polegadas acabou, cortando uns 20 minutos ou mais do que foi gravado.
Isto foi no final da era da gravação analógica... A gravação digital ainda estava apenas começando, mas nem de perto chegava na qualidade do som analógico.
Para se ter uma ideia da correria, eu voei para New York antes da etapa da costa oeste iniciar, para vê-los em Roseland, no mês de Novembro/1996. O show foi pesado, tinha uma grande multidão e também muita gente da indústria da música estava na platéia. Chris Cornell estava doente como um cachorro gripado, mas teve que continuar...
A frustração de ter que tocar sob o clima frio para uma multidão tão grande, foi demais para Chris - assim como a sala do camarim, que era forrada de espelhos de parede a parede.
O camarim foi completamente destruído.
A destruição também continuou no hotel e esse tipo de energia e paixão é o que eles precisam para executar as suas músicas noite após noite - mas às vezes, pode se transformar num caos.
Como dizem: "É só rock'n roll!"
Pelo menos, ninguém ficou ferido.
Eu acordei no dia seguinte, esperando que aquela fosse apenas uma noite atípica, mas então, eu tive a "sorte" de pegar a gripe que estava percorrendo pela cidade e passei a semana seguinte na cama, enquanto que a banda excursionava pelos EUA.
Mais tarde, eu me encontrei com o grupo em seu luxuoso ônibus de turnê a caminho de Mesa, Arizona. Lembro-me de pensar: "Quantos ônibus de turnê de bandas de rock foram parados por policiais 'amigáveis' nessa parte do país, já que o ônibus está cheio de fumaça o suficiente para obscurecer a visão do motorista?"
Geralmente, nós chegávamos ao hotel em torno das 04:00hs ou 05:00hs da manhã. Fazíamos o check-in, dormíamos e em seguida, no início da tarde, nos reuníamos no local para a passagem de som.
Nós ficávamos no local até depois do show, que terminaria em torno das 23:00hs ou meia-noite, para em seguida, de volta ao ônibus para a próxima cidade. Às vezes, os fãs seguiam o ônibus, como um monte de garotas fizeram desde Sacramento até Oakland, na Califórnia. Apenas para nos seguirem até o saguão do hotel e ficar olhando para a banda enquanto as portas do elevador se fechavam.
Eram fãs que nos seguiam por conta própria, eles não eram convidados...
SOUNDGARDEN estava no auge comercial e musical durante essa turnê. O setlist dos shows abrangia todo o seu catálogo e variavam ligeiramente de cidade para cidade. Estas gravações são uma cápsula do tempo e que representam a banda naquele exato momento, onde a energia noite após noite era incrível, tanto da multidão quanto da banda, enquanto que os locais ficavam sempre cheios.
A banda subia ao palco e criava um som que penetrava no corpo, abrangendo os seus sucessos como as canções, "Spoonman", "Outshined" e "Feel on Black Days", para as músicas mais psicodélicas como o cover dos BEATLES, "Helter Skelter", e canções como, "Boot Camp" e "Dusty".
Cada setlist gerou uma incrível atmosfera em cada cidade.
O baixo e a bateria na música, "Jesus Christ Pose", encheram cada arena com um dos sons mais estrondosos ouvidos em qualquer concerto. Finalmente, para a mão do guitarrista Kim Thayil, cujo ritmo e solo de guitarra trazem tudo para uma forma líquida mais pesada que a água, apenas ouça a sua velocidade na canção, "Ty Cobb", e no fantástico cover do STOOGES, "Search and Destroy".
Você pode perceber que essa banda não pode ser categorizada e por quê eles têm um público tão dedicado.
O objetivo era capturar o mais próximo possível a essência do SOUNDGARDEN, em uma experiência nos shows.
Aumente o volume!
Adam Kasper
Janeiro/2011
Track-list:
1. Spoonman (Del Mar, California - 30/11/1996)
2. Searching With My Good Eye Closed (Del Mar - 30/11/1996)
3. Let Me Drown (Del Mar - 30/11/1996)
4. Head Down (Seattle - 18/12/1996)
5. Outshined (Del Mar - 30/11/1996)
6. Rusty Cage (Vancouver - 07/12/1996)
7. Burden in My Hand (Salem - 08/12/1996)
8. Helter Skelter (Del Mar - 30/11/1996)
9. Boot Camp (Del Mar - 30/11/1996)
10. Nothing to Say (Seattle - 18/12/1996)
11. Slaves & Bulldozers (Oakland - 05/12/1996)
12. Dusty (Oakland - 05/12/1996)
13. Fell on Black Days (Oakland - 05/12/1996)
14. Search and Destroy (Seattle - 18/12/1996)
15. Ty Cobb (Del Mar - 30/11/1996)
16. Black Hole Sun (Seattle - 17/12/1996)
17. Jesus Christ Pose (Oakland - 05/12/1996)
Confira o áudio da canção "Head Down", tirada desse disco ao vivo:
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