Epica e Fleshgod Apocalypse (Bar Opinião, Porto Alegre, 06/11/2025)
Por Guilherme Dias
Postado em 17 de setembro de 2025
No sábado, 6 de setembro, o Bar Opinião se transformou em um verdadeiro palco épico para os fãs de metal sinfônico. O Epica desembarcou na cidade de Porto Alegre com a "Aspiral Tour", promovendo o nono álbum de sua carreira, lançado em abril deste ano. Acompanhando a banda nas seis datas da turnê nacional e em shows pela América Latina, o Fleshgod Apocalypse trouxe sua energia e peso característicos, tornando a noite ainda mais intensa e memorável para o público gaúcho.
Fotos por: Glauco Malta

A noite começou com o death metal sinfônico do Fleshgod Apocalypse. Pontualmente às 19h30, Francesco Ferrini entrou no palco e foi direto ao piano. Logo atrás dele, a vocalista Veronica Bordacchini carregava uma bandeira da Itália e posicionou-se no centro do palco para, juntos, executarem "Ode to Art (de' Sepolcri)", faixa que abre "Opera". O álbum marca um momento de superação para Francesco Paoli (vocal e baixo), que, após um acidente em 2021 que quase lhe custou a vida, deu a volta por cima e inspirou as composições do disco lançado em 2024. Também do novo trabalho, foi a vez da pesada "I Can Never Die", com os vocais intensos de Paoli, a agressividade das cordas de Fabio Bartoletti (guitarra) e a velocidade implacável de Eugene Ryabchenko (bateria).


"Somos da Itália e é um prazer estar aqui em Porto Alegre", disse Paoli antes de introduzir "Minotaur (The Wrath of Poseidon)", do álbum "Labyrinth", de 2013. Para "The Fool" ("King", 2016), Ferrini foi ao microfone e Eugene deixou a bateria para ir até a frente do palco, pedindo incentivo da plateia. Na sequência, Paoli anunciou mais uma do último álbum, "Pendulum", e agradeceu bastante ao público pela participação. Após "Sugar" ("Veleno", 2019), novamente agradeceu por todos terem chegado cedo à casa de shows para assisti-los e comentou que aquela era uma ótima forma de começar a turnê pela América Latina. Em seguida, mencionou que a próxima do setlist era perfeita para dançar e cantar. Nesse momento, o vocalista pegou uma bandeira do Brasil que estava enrolada no pedestal do microfone e a estendeu no palco. "No" foi um dos destaques da noite pela forte participação dos fãs e também pela homenagem a "Hit Me Baby One More Time", da Britney Spears, nos versos finais cantados por Veronica.


"Isso é bobagem, vocês querem ouvir isso?", questionou Paoli ao público quando Ferrini iniciou os primeiros acordes do inusitado cover de "Blue (Da Ba Dee)", dos também italianos do dance/eletrônico Eiffel 65, faixa frequentemente sampleada por artistas pop. A versão do Fleshgod Apocalypse, lançada como single em 2020 com o título "Blue (Turns to Red)", foi uma ótima forma de os músicos se despedirem dos fãs e encerrar a apresentação em clima descontraído. Os elementos do death metal, as orquestrações e o vocal lírico se combinaram perfeitamente, em sintonia com a teatralidade característica do grupo, marcada pelos detalhes visuais: pintura no rosto e figurino dos integrantes, luzes baixas durante toda a performance e caveiras posicionadas nos pedestais do palco. Um show excelente, que proporcionou aos fãs uma experiência memorável.


Às 21 horas, o Epica assumiu o protagonismo no palco do Bar Opinião. Formada em 2002, a banda mantém desde 2012 a mesma formação, composta por Simone Simons (vocais), Mark Jansen e Isaac Delahaye (guitarras), Coen Janssen (teclados), Rob van der Loo (baixo) e Arien van Weesenbeek (bateria). A abertura do repertório ficou por conta de "Cross the Divide", segundo single do último álbum, "Aspiral". Após um breve "obrigado, Porto Alegre" de Simone, a banda seguiu com dois clássicos, "Unleashed" ("Design Your Universe", 2009) e "Sensorium" (do álbum de estreia "The Phantom Agony", 2003), arrancando os primeiros aplausos entusiasmados da plateia.


"Porto Alegre, estamos de volta, temos novas músicas para vocês e esta é especial", comentou Simone ao apresentar "Apparition". A "Aspiral Tour" teve início em maio deste ano e, desde então, o repertório passou por algumas alterações. Na capital gaúcha, duas novidades foram apresentadas em sequência: "Storm the Sorrow" ("Requiem for the Indifferent", 2012) e "Fools of Damnation" ("The Divine Conspiracy", 2007). Na metade do show, mais dois singles de "Aspiral" foram tocados: a animada "Fight to Survive" e a cadenciada "Arcana", com destaque para os teclados de Coen e os coros de fundo, entoados por toda a plateia. A frontwoman agradeceu a participação do público: "Muito obrigado a todos, vocês querem ouvir mais músicas? Então teremos mais, adoramos vocês, nossos fãs brasileiros." Em seguida, Simone apresentou "Unchain Utopia", única faixa de "The Quantum Enigma" (2014) presente na noite.


"Eu sei que vocês são muito barulhentos, isso é ótimo, mas para a próxima precisamos do silêncio de vocês", pediu Simone ao apresentar "Aspiral", composição que conta apenas com sua voz e os teclados de Coen na maior parte do tempo. A plateia acompanhou em silêncio, respeitando a afinadíssima e emocionante interpretação de Simone, em um desafio silencioso para aqueles que cantaram todas as músicas até ali.O fim se aproximava com a longa "Design Your Universe", última antes do bis.


Com as luzes apagadas e os músicos no backstage, a voz de Simone ecoou: "Tem alguém aí? Vocês querem mais? Essa vocês conhecem e quero ouvi-los cantando conosco." Em seguida, todos retornaram com a épica "Cry for the Moon", novamente marcada pela fantástica participação dos fãs. A envolvente "Beyond the Matrix" ("The Holographic Principle", 2016) preparou o terreno para o fechamento definitivo com "Consign to Oblivion", faixa que dá nome ao segundo álbum da banda, lançado em 2005, e que teve a plateia dividida ao meio por Simone e Mark, criando um mosh nos primeiros minutos da música.


O Epica mostrou por que continua sendo uma das maiores bandas do metal sinfônico mundial. Em Porto Alegre, encerrou sua quinta passagem com uma apresentação intensa e inesquecível, unindo técnica apurada, peso e emoção em igual medida. Cada detalhe sonoro foi entregue com clareza e potência, proporcionando uma experiência envolvente do início ao fim. A presença de palco de todos os integrantes impressionou: cada um se deslocou bastante, até Coen, com seu teclado móvel; o único que permaneceu no lugar foi Arien, que se mostrou extremamente competente atrás da bateria. A devoção do público, que há anos lota os shows da banda, completou o espetáculo e reafirmou a conexão especial entre os holandeses e seus fãs brasileiros.


Fotos Fleshgod Apocalypse









Fotos Epica












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