Edu Falaschi - A celebração dos 20 anos de "Temple of Shadows" em Porto Alegre

Porto Alegre é parada obrigatória na carreira solo de Edu Falaschi, e mais uma vez a cidade marcou presença em sua agenda. Em 2025, com a turnê "Temple of Shadows In Concert", não poderia ser diferente: um show especial celebrou os 20 anos do clássico álbum lançado pelo Angra. Noturnall e Auro Control excursionam junto com Edu pelo Brasil e também estiveram presentes no Teatro da AMRIGS, na fria noite do dia 11 de julho.

Pouco antes das 18 horas, a banda baiana Auro Control subiu ao palco, composta por Lucas de Ouro (vocais), Lucas Barnery (guitarra), Thiago Baumgarten (baixo) e Thiago Bagues (bateria). O repertório foi centrado no álbum "The Harp", lançado em 2024, com a abertura feita pelo single "Not Alone", seguido por "Feel the Fire".

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Durante a apresentação, Lucas agradeceu a presença do público que já ocupava a casa desde cedo — o show começou pontualmente às 17h50 — e destacou a alegria de dividir a turnê com os ídolos Thiago Bianchi e Edu Falaschi. O vocalista também contou que os integrantes são amigos desde a adolescência e que jamais imaginaram a repercussão que o álbum alcançaria.

A performance seguiu com "Rise of the Phoenix", "The Harp" e, por fim, "Head Up High". Antes de encerrar, Lucas prometeu que o grupo pretende voltar a Porto Alegre e convidou a plateia a levantar os braços para a tradicional foto final. O Auro Control foi uma grata surpresa da noite, demonstrando entrega, entrosamento e domínio de palco em todos os momentos.

A segunda atração da noite foi o Noturnall, formado por Thiago Bianchi (vocais), Guilherme Torres (guitarra), Saulo Xakal (baixo) e Henrique Pucci (bateria). Em turnê com a "Cosmic World Tour" desde 2023, a banda apresentou um repertório centrado no álbum "Cosmic Redemption". A apresentação começou com "Try Harder", seguida de "No Turn at All", faixa do disco de estreia lançado em 2014. Durante essa música, Bianchi se abaixou ao lado dos pedais de Guilherme e ativou os efeitos dos solos manualmente, arrancando aplausos e risadas do público.

Sempre bem-humorado, o vocalista comentou que era um prazer visitar Porto Alegre, brincando com o frio da cidade e dizendo que, após as primeiras músicas, a temperatura já havia melhorado. Em seguida, anunciou "Reset the Game", afirmando que a faixa serviria para "chicotear" o guitarrista e o baterista, em razão da sua velocidade.

Seguindo bastante comunicativo, o frontman, que usava um pedestal iluminado, anunciou que fariam um "apanhado" da carreira do grupo: "Essa próxima apresentamos com o Michael Kiske (vocalista do Helloween) no Rock in Rio de 2015. Somos muito amigos do Michael Kiske. Essa se chama: 'Sugar Pill'".

Na primeira fila, uma criança batia cabeça em todas as músicas, o que chamou a atenção de Thiago. Ele fez questão de elogiar: "Você está de parabéns, cara. O metal está seguro". Logo depois, ao perceber outra criança na plateia, perguntou o nome de ambos e completou: "Augusto e Danilo, em breve serão vocês em cima de um palco", arrancando aplausos do público.

"Que saudade eu tava de Porto Alegre! Bom, vocês têm as luzes dos celulares, certo? Antigamente eram luzes de esqueiros. Acendam as luzes para a próxima", pediu Thiago à plateia, que respondeu com um verdadeiro show de luzes durante a balada "Shadows (Walking Through)".

O líder do Noturnall apresentou seus colegas de banda de forma descontraída e anunciou uma música "não tão atual": o cover "O Tempo Não Para", lançado como single em 2022 com a participação de Ney Matogrosso. Durante a performance, ele caminhou pelos corredores do teatro e dividiu o refrão com uma fã da primeira fila.

Acostumado a shows com pista em frente ao palco, Thiago comentou que costuma fazer "mosh", mas, por se tratar de um teatro, isso seria mais difícil. Mesmo assim, pediu para que algumas pessoas da plateia se juntassem à frente do palco e aguardassem ali. Em seguida, anunciou a próxima canção: "Essa gravamos com Mike Portnoy (baterista do Dream Theater). Somos muito amigos do Mike Portnoy. O refrão é assim: ‘Scream! For! Me!’. Vamos cantar juntos?". Após um breve ensaio, a plateia, que já estava em maior número, participou bastante. No entanto, o grupo que se reuniu no canto do palco foi dispersado pela equipe de segurança do teatro. Bianchi pediu desculpas e concordou que a segurança deve vir em primeiro lugar.

A música "Nocturnal Human Side" estava no setlist, mas não foi apresentada devido ao cronograma do evento. O Noturnall realizou uma atuação brilhante, com ótima qualidade e muita interação entre público e músicos.

Por volta das 20 horas, foi a vez do show principal da noite. Após a introdução do disco "Temple of Shadows", com a música "Deus Le Volt", Edu Falaschi e seus colegas de banda — Diego Mafra e Victor Franco (guitarras), Raphael Dafras (baixo), Jean Gardinalli (bateria) e Fabio Laguna (teclados) — entraram no palco para "Spread Your Fire". O público respondeu com muita animação, cantando junto não só durante essa música, mas também das seguintes, "Angels and Demons" e "Waiting Silence".

"E aí, galera, tudo bem? Muito obrigado a todos. Estou comemorando os 20 anos do lançamento do ‘Temple of Shadows’ (álbum do Angra lançado em 2004). Não sei se vocês gostaram da ideia do teatro… Eu amo o Bar Opinião" — local onde Edu costuma se apresentar na cidade — "mas preferi o teatro para esta ocasião", disse o vocalista. Ele seguiu: "Faço eventos acústicos em teatro, sei que a galera do Rio Grande do Sul gosta de tomar umas cervejas durante o show. Vocês estão comigo desde 2001. Não sou só eu que estou com dor nas costas", brincou, referindo-se ao público que acompanha sua carreira há anos. Edu continuou: "Fiquei feliz que todos estão em pé, isso dá mais energia para o show, mas quem quiser ficar sentado não tem problema. A próxima canção eu compus no final das gravações do disco ‘Rebirth’ (2001). Mostrei para nosso produtor Dennis Ward, que pediu para incluí-la nas gravações de ‘Temple of Shadows’". Assim, apresentou a balada "Wishing Well".

O álbum lançado em 2004 conta com diversos convidados especiais, e para representá-los nos shows, Edu promove uma espécie de concurso: fãs são convidados a publicar vídeos nas redes sociais cantando trechos das músicas, e os vencedores são divulgados dias antes das apresentações. Segundo o vocalista, Porto Alegre foi uma das cidades mais difíceis de selecionar os cantores, devido ao alto nível dos participantes.

Nos vocais de Kai Hansen em "Temple of Hate", o escolhido foi Ozyrys. Já Luana Cruz interpretou as partes de Sabine Edelsbacher em "No Pain for the Dead", e Henrique Martins representou Hansi Kürsch em "Winds of Destination". A música que encerra o disco, "Late Redemption", originalmente com participação de Milton Nascimento, teve um momento especial: Edu convidou o público a cantar junto, encerrando com emoção essa parte da apresentação.

Com a parte principal do show finalizada, Edu anunciou uma das canções mais emblemáticas da história do Angra. Segundo ele, trata-se de uma música que tem se expandido para além do universo do heavy metal, sendo regravada por diversos artistas — alguns com autorização, outros sem os devidos créditos, o que tem gerado problemas para os compositores envolvidos. Edu comentou ainda que, em alguns lugares, já não consegue mais cantá-la em inglês devido à popularização das versões em português. Em seguida, pediu que o público acendesse as lanternas dos celulares para acompanhar a performance sentimental de "Bleeding Heart", faixa presente no EP "Hunters and Prey", lançado em 2002.

"Vamos fazer uma música nova agora", brincou Edu antes dos primeiros acordes de "Pegasus Fantasy", sucesso como abertura de "Os Cavaleiros do Zodíaco" no Brasil nos anos 2000. A canção ganhou uma nova versão, lançada como single em 2024, e foi cantada em uníssono pela plateia. Na sequência, Edu apresentou os colegas de banda e, em um momento simbólico, foi apresentado por Fábio Laguna. Com um violão em mãos, Edu anunciou a próxima música, que, segundo ele, representa muito para ele e para a história do Angra. Trata-se de "Rebirth", faixa que marcou o início de uma nova fase da banda em 2001. Já nos momentos finais da apresentação, as luzes se apagaram para a introdução "In Excelsis", preparando o terreno para o retorno dos músicos com "Nova Era" — um dos maiores hinos do Angra e também da carreira de Edu.

De longe, Edu Falaschi já não tem a mesma voz de 20 anos atrás, quando se consagrou no Angra, mas continua entregando um bom trabalho e atraindo um público expressivo por onde passa, sempre com carisma e alegria contagiante no palco. Os músicos que o acompanham mantêm um alto nível técnico, com performances sólidas e muita entrega. A ambientação audiovisual foi bem executada, contribuindo para a imersão do show. Nas últimas músicas, houve uma queda momentânea no volume dos PAs, mas o problema não comprometeu a experiência sonora como um todo. No encerramento, os integrantes distribuíram autógrafos, setlists, palhetas e baquetas, encerrando a noite com simpatia e atenção aos fãs gaúchos.

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A celebração dos 20 anos de "Temple of Shadows" foi mais do que uma simples homenagem a um dos álbuns mais icônicos do metal brasileiro. Com um repertório que equilibrou peso, emoção e memória afetiva, Edu Falaschi demonstrou respeito à própria trajetória e aos fãs que o acompanham desde os tempos de Angra. A presença de Noturnall e Auro Control reforçou a força da cena nacional, tornando a noite não apenas um show, mas um verdadeiro encontro de gerações do heavy metal.