Resenha - Angra (Bar Opinião, Porto Alegre, 19/11/2023)
Por Guilherme Dias
Postado em 28 de novembro de 2023
O Angra lançou, no início de novembro, o seu novo disco intitulado "Cycles of Pain", e a mescla entre o prog e o power metal agradou aos fãs de todas as fases da banda. Diferentemente dos trabalhos anteriores, o atual mostra a banda com uma nova cara e uma identidade que destaca o potencial de todos os músicos. A turnê começou no início do mês e logo no dia 19, o Angra trouxe o novo show para Porto Alegre. A última passagem na cidade havia sido no Angra Fest, em março deste ano.
Fotos por: @gordokiske
Cada vez mais consolidada, a formação atual conta com Fabio Lione (vocal), Rafael Bittencourt (guitarra), Marcelo Barbosa (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria), completando 8 anos juntos. Em um domingo de calor na capital, o Angra avisou nas suas redes sociais que o show teria um atraso devido a problemas logísticos no voo de Joinville para Porto Alegre. Inicialmente agendado para às 20 horas, o show foi remarcado para às 22 horas e 40 minutos.
O atraso aconteceu também na abertura, que iniciou às 21 horas e 30 minutos. A responsabilidade ficou com Toffoli, grupo liderado por Luiz Toffoli (guitarra) que conta também com Leo Leal (vocal), Douglas Maximo (baixo) e Pedro Tinello (bateria). No repertório, canções do disco "Enigma Garden" lançado em 2023. "Human", single de 2022 abriu a apresentação. Após bastante peso, espaço para a melodiosa "I’m Alive" e a balada "The Place I Want to Be (Wish You)", na qual Leo perguntou se a plateia poderia acender as luzes dos celulares, momento que foi registrado por câmeras logo em seguida. Ao apresentar os colegas de palco, Leo rasgou elogios para todos, principalmente a Luiz, idealizador do projeto. Ao ser apresentado, Leo também recebeu elogios por parte de Luiz. A influência dos músicos ficou clara quando Leo perguntou: "Alguém aí conhece Dream Theater?" e obviamente recebeu muitos gritos a favor, anunciando "As I Am", único cover da noite. Antes de encerrar o show, Leo lançou CDs como brinde, avisou que o merchandising estava disponível no local e pediu para que os seguissem nas redes sociais. A saideira foi "Frenetic Freak", também single e bem progressiva. Desconhecidos no sul, deixaram uma ótima imagem com muito carisma, empolgação e qualidade sonora no seu prog/power metal.

O novo horário foi respeitado e Bruno foi o primeiro a entrar no palco do Bar Opinião, durante a intro "Crossing". A primeira do set foi a clássica "Nothing To Say" ("Holy Land", 1996), seguida de "Final Light" ("Secret Garden", 2014) e "Tide of Changes", a primeira do novo disco a aparecer no repertório. Uma pequena pausa para Lione dar boa noite para o público e anunciar uma faixa antiga, do primeiro CD. Ele estava se referindo a "Angels Cry" e pediu para todo mundo cantar junto. Após ela, Lione pediu desculpas pelo atraso do show, dizendo que um avião havia estragado e que felizmente não precisaram cancelar o show. Seguiu dizendo que foi muito legal ter a participação de Lenine no trabalho recente e apresentou "Vida Seca", onde Rafael cantou os versos de Lenine. Ainda de "Cycles of Pain", a melódica "Dead Man on Display" foi bem recebida e cantada pela plateia. Falando em cantar, Lione interagiu bastante com o público, cantando e fazendo os fãs repetirem as suas vocalizações. O vocalista começou o duelo de forma simples, mas foi evoluindo até deixar todo mundo sem fôlego, complicando bastante as notas vocais. Com Rafael no violão, "Rebirth" apareceu em boa hora, assim como "Morning Star" ("Temple of Shadows", 2004), relembrando o início da década de 2000.

"Então, vamos tocar mais uma do novo álbum. Infelizmente, não temos a presença de Vanessa (Moreno) hoje, mas espero que gostem", disse Lione ao introduzir "Here in the Now". Em seguida, o primeiro single deste ano, "Ride Into The Storm" e, após um pequeno momento acústico, a faixa título do novo trabalho também foi apresentada. O acústico teve "Lullaby For Lucifer" ("Holy Land") com Rafael nos vocais. Após ela, o guitarrista seguiu conversando com a plateia: "Vamos continuar essa homenagem ao André Matos chamando o melhor vocalista da atualidade, o mago inigualável Fábio Lione". Muito ovacionado, Lione voltou e disse: "Que tal, Porto Alegre? Acho que vamos tocar mais uma do nosso querido André, essa é do Fireworks (1998)" e foi a vez de "Gentle Change". Ao final dela, o frontman pediu palmas e apontou para o céu.
Em mais uma interação com o público, Lione chamou uma espectadora, perguntou o seu nome e de qual álbum estava faltando uma música no repertório. Ela respondeu o seu nome, Geovana, contou os álbuns nos dedos e disse que estava faltando do disco "OMNI". Alguém no fundo pediu "Insania", mas a escolhida foi "Silence Inside". Ainda nesse momento, Lione duelou com o público um trecho de "Carrie" do Europe. "Porto Alegre, estamos chegando no final, eu preciso das luzes dos seus celulares", pediu Fábio antes dos primeiros acordes de "Bleeding Heart" ("Hunters and Prey", 2002), a balada com clima de sofrência, adorada por todos os fãs do Angra.

De forma bem direta, o encerramento teve "Waiting Silence" e o bis com a dobradinha dos maiores sucessos da história do Angra, sendo eles "Carry On" (com direito a intro "Unfinished Allegro") e "Nova Era". Foi uma apresentação muito agradável. Os arranjos estão mais coesos e o entrosamento entre os músicos está fabuloso. O setlist foi muito bem elaborado, valorizando muito o novo disco, com músicas dos últimos lançamentos e os clássicos incluídos na medida certa. Apesar de Fábio e Rafael terem um protagonismo maior, foi notória a tranquilidade de Marcelo, Felipe e Bruno performando em altíssimo rendimento.

Um atrativo a mais foi um telão no fundo do palco, com diversas imagens compatíveis com cada música que foi executada. A participação do público foi ótima mais uma vez, com fãs de todas as idades, com muita entrega e cantoria em todas as músicas. Apesar de tocar muitas músicas novas, alguns fãs sentiram falta de algumas canções. Se o Angra voltar, ainda nesta turnê, e apresentar o disco "Cycles of Pain" na íntegra, com certeza os fãs vão aprovar a ideia.










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