Pentagram: simplesmente uma apresentação lendária
Resenha - Pentagram (Hangar110, São Paulo, 11/09/2022)
Por Diego Camara
Postado em 13 de setembro de 2022
Demorou mais de 50 anos, mas finalmente podemos dizer que uma das grandes lendas da cena underground mundial pisou no Brasil. E o local não poderia ser melhor para este encontro do que o Hangar110, uma das casas mais tradicionais de música alternativa e underground do Brasil. Confira abaixo os principais destaques do show, com as imagens empolgantes de Fernando Yokota.
No fim de tarde frio de domingo o público começou a se juntar na porta do Hangar110 para aguardar o início do show. A mudança de local - anteriormente o show estava marcado para ocorrer no Fabrique Club, um lugar muito mais espaçoso - levou muitos, inclusive este que subscreve, a pensarem que a apresentação do Pentagram seria um fracasso de público. Tudo levava a crer, mas quando se viu a grande fila de público na porta da casa já dava pra ver que o show seria extremamente lotado.
O show contou com a abertura da banda de stoner Grindhouse Hotel, que tentou dar uma esquentada no frio público do Hangar110. A banda, que está na estrada desde 2010 e lançou seu primeiro disco em 2019 pela Abraxas, lançou um som consistente para o público presente, com uma qualidade muito boa para um show de abertura. Todo o atraso na abertura da casa, porém, foi um ponto negativo que fez os fãs não conseguirem curtir muito o show.
O Pentagram só foi subir ao palco às 21h20m, levando o público a loucura. Os fãs gritaram o nome da banda e aplaudiram com vontade a entrada de Bobby Liebling, um dos grandes fundadores do que hoje conhecemos como doom metal. A voz dele está envelhecida e claramente mostra os sinais do tempo, mas o seu estilo e empolgação únicas realmente tornam o show especial.
O público cantou com vontade o refrão de "Run my Course", e tietou bastante o vocalista, que parecia extremamente empolgado tocando para uma casa lotada: com certeza ele ficou impressionado com a quantidade de gente que conhece sua banda em um lugar tão exótico quanto o Brasil.
A sua banda atual é sem dúvidas animal e mantem com grande qualidade o som do Pentagram. O Hangar110, apesar de sua estrutura pequena, palco bastante estreito, entregou um som ótimo, onde toda a equipe técnica da Gig entregou um produto incrível. As guitarras estavam extremamente bonitas, especialmente nos solos, e a bateria bastante cadenciada completava o som da banda.
"The Ghoul" foi puxada aos gritos pelos fãs, cantando junto durante toda a música. Os fãs aficionados, que ficaram de frente para o palco, não largaram um minuto sequer a empolgação. Liebling é uma figura divertida e interessante, um personagem que não se produz mais na cena do rock, uma figura de trejeitos excêntricos e uma pose de louco, suas caretas enquanto acompanhava o solo de Goldsborough em "Sign of the Wolf" foram impagáveis.
O show só foi ficando melhor com o final. A sequência que começou com "Petrified" levantou o público e arrancou aplausos de todos os presentes. A pegada rock de "Dying World" foi uma excelente tirada, com uma sequência longa de guitarras que deixou o público babando. Liebling novamente deu o ar da graça aqui, em uma bela interação cômica com o baixista. A sequência de clássicos do rock só terminaria com o fim do show e a saída da banda do palco.
No bis, Liebling agradeceu mais uma vez o público presente, dizendo que ama todos. Ele sinceramente parecia bastante contente com a apresentação do show e com a oportunidade de ir tão longe com a sua música. Pede também para o público cantar com vontade a última música da noite, esta bastante especial já que é o maior sucesso do Pentagram. Os fãs respondem ao pedido cantando cada um dos versos da música e batendo cabeça ao ritmo das guitarras da banda.
O show no final foi uma gratíssima surpresa. Era difícil prever como a banda se sairia ou se o público teria mesmo a vontade de ver o Pentagram ao vivo, mas o resultado final é de surpreender até mesmo os fãs mais otimistas da banda. Um show raro destes, que dificilmente voltará a acontecer no Brasil, é algo que fica na memória para sempre.
Setlist:
Run My Course
Starlady
Ask No More
The Ghoul
Review Your Choices
Be Forewarned
Sign of the Wolf (Pentagram)
When the Screams Come
Petrified
Dying World
Devil's Playground
Relentless
Bis
Last Days Here
Forever My Queen (com final de 20 Buck Spin)
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