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Iron Maiden: como você acha que será o seu primeiro show?

Resenha - Iron Maiden, Slayer, Ghost (Arena Anhembi, 20/09/2013)

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 21 de setembro de 2013

Como você acha que será o seu primeiro show do IRON MAIDEN? Headbangers do mundo inteiro ainda tem esta pergunta em suas cabeças balançantes. Por falta de oportunidade, grana para o ingresso ou porque a banda não se apresentou ainda em nenhuma cidade próxima, muitos ainda não tiveram uma resposta para esta pergunta. Este redator já teve.

Já vi os ROLLING STONES e um dos BEATLES. Já vi três bandas do big teutonic four no mesmo ano. Já assisti a shows em cima do palco mais de uma vez. Já acompanhei músicos em viagem. Mas jamais pude ver a banda de heavy metal mais admirada do mundo. No dia 20 de setembro, essa mancha em meu currículo seria apagada. Num dia de trabalho como qualquer outro e longe da esposa e do filho, a ideia de que, em breve, em poucas horas, um dos sonhos mais improváveis de um cara do interior do Ceará iria se realizar nem vem tanto a cabeça. E quando vem, mesmo com o ingresso já na mochila, ela ainda vem com incredulidade. Meu (como dizem os paulistas sortudos por estar recebendo a maior banda de heavy metal do planeta pela enésima vez), isso é tão inacreditável que eu só vou acreditar quando estiver vendo Bruce Dickinson, o patrão Steve Harris, o trio de guitarristas Dave Murrey, Janick Gers e Adrian Smith e o baterista Nicko McBrain no palco, na minha frente.

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A noite começaria com o GHOST, banda sueca que faz um som que é uma mistura de metal com pop (sim, isso é possível) até interessante, com letras baseadas no ocultismo. A banda tem sido "adotada" por diversas personalidades do mundo do rock e, entre elas, pelo IRON MAIDEN que a está carregando a tiracolo por todas as localidades que passar a parte sul-americana da turnê Maiden England.

Já assisti a diversas bandas de metal, algumas de pop, algumas com temática ocultista e o que posso dizer é que todos os shows foram melhores que este. A teatralidade do GHOST (Nota: o nome GHOST B.C. só precisa ser usado nos Estados Unidos, por questões legais) não funciona em um ambiente com trinta mil pessoas. É cansativo. É chato. Não empolga. Cansa (opa, já falei isso). É interessante, há bons momentos como "Year Zero" e "Con Clavi Con Dio", faixa que abre muito bem o primeiro disco - após a introdução instrumental. E há momentos de grande constrangimento, quando o Papa Emeritus II passa segundos inteiros sem cantar, interagir com sua banda de "nameless ghouls". Toda a cerimônia seguida à risca apenas dispersa boa parte do público, que não via a hora daquela missa terminar. Havia, no entanto, alguns poucos que gostaram muito do show, cantando todas as músicas, o que reforça meu argumento de que o show da banda sueca funcionaria bem em um ambiente menor, com seus próprios fãs. Quanto às letras, existem bandas que não tem o inglês como idioma nativo e conseguem fazer, não importa o tema, letras mais inteligentes. Um exemplo com o mesmo conteúdo lírico: a banda baiana HEADHUNTER D.C. Não gosto de suas letras, mas, reconheço que deixam o pobre GHOST no chinelo. Ao fim do show, Emeritus II diz que a próxima música requer a participação de todos e manda "Monstrance Clock". Houve quem dissesse na plateia "Vá com Deus".

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Até ali, ainda conseguia escrever alguma coisa. Nos momentos que se seguiram o que eu tinha que fazer era administrar a minha própria respiração. O SLAYER estava no palco. Tom Araya (baixo/voz), Kerry King (guitarra), Gary Holt/EXODUS (guitarra) e Paul Bostaph (bateria) começaram o show sendo prejudicados pelo péssimo som que saia dos falantes da Arena Anhembi, problema que já tinha acontecido antes no show anterior, do GHOST. Não que não fosse bom poder prestar atenção em todas as nuances do baixo de Araya, mas, simplesmente não se ouvia som das guitarras. Kerry King bangeava e tocava como se não ouvesse amanhã, mas os solos de "World Painted Blood", "Disciple" e "War Ensemble" mal puderam ser ouvidos. Durante as três canções, a plateia clamava "aumenta, aumenta", aparentemente também não sendo ouvida.

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Embora ainda com som baixo, mas com os problemas de equalização minimizados, o desfile de clássicos do thrash metal continuou com músicas como "Mandatory Suicide", "Dead Skin Mask" e "Hate Worldwide". Em "South of Heaven", uma surpresa: ao invés de continuar mostrando imagens da banda que estava no palco, imagens antigas, fotos e filmes de Jeff Hanneman, que recentemente deixou de luto os fãs do metal, foram exibidas. E assim foi até a última música, "Angel of Death". O bandeirão com o símbolo da banda também foi substituído por um com o nome de Jeff, seu logo (chupado de uma marca de cerveja) e o lema "Still Reigning".

Agora, a espera torturante. A verdade que o IRON MAIDEN em breve estaria ali se tornava cada vez mais próxima. E ao som de "Doctor Doctor", em playback, do UFO, o show finalmente iria começar. Com vídeos de geleiras nos telões, Bruce aparece no palco mais cabeludo do que costumava estar recentemente, o quarteto das seis e quatro cordas vestindo camisas da turnê e Nicko McBrain escondido atrás de seu kit e só visto pelos telões. Era Moonchild. Era o IRON MAIDEN. E os problemas de som que aconteceram nas bandas de abertura, felizmente, não mais eram perceptíveis.

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E enquanto hits como "Can I Play With Madness" e "2 Minutes To Midnight" eram entregues pela banda, algumas pessoas que passavam mal próximo à grade que dividia a pista premium e a pista comum eram resgatadas pela equipe de segurança. Achando que estes poderiam receber um "upgrade de pista", muitas pessoas do lado de cá da grade desejaram passar mal também.

Tenho que confessar que não faço ideia do que a banda fez ao executar "Afraid To Shoot Strangers". Eu estava de olhos fechados, ouvindo, sentindo uma das minhas canções preferidas do primeiro álbum que ouvi da banda inglêsa, o "Fear Of The Dark". Mais tarde, "Wasted Years" seria o que me traria às lágrimas e soluços convulsivos.

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O clássico "The Trooper" veio também com uma mudança de cenário e Bruce vestido de soldado. Quantos anos mesmo tem o vocalista dessa banda? 17, 18? É o que parece, com o tanto que o cara corre de um lado ao outro do palco e sobre a plataforma que fica atrás de McBrain e compõe o cenário.

A introdução de "The Number Of The Beast" leva todos a loucura. E é aí que aparece o primeiro personagem de palco, mas ainda não é o Eddie. Este apareceria mais tarde, em quatro versões diferentes, de soldado que cortaria a cabeça de um dos guitarristas (calma, apenas uma encenação) ao monstro da capa de "Seventh Son of a Seventh Son", segurando seu bebê.

Falando de "Seventh Son of a Seventh Son", nesta faixa (cuja inclusão no setlist, diga-se, foi acertadíssima) traz um sétimo músico ao palco, mais um mascarado na noite. Se tocava realmente um orgão de tubos ou um teclado normal escondido atrás da estrutura tubular não era possível saber.

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A banda sai do palco após "Fear of The Dark" e a faixa que lhe dá nome. Apenas para voltar novamente com o emblemático discurso de Churchill e "Aces High", com a arte do single ao fundo. "The Evil That Man Do" e "Running Free", alongada para que Bruce apresente toda a banda, põem fim à tão aguardada festa. Era verdade, eu tinha visto o IRON MAIDEN. A obrigação de todo aquele que diz curtir heavy metal é ver o IRON MAIDEN pelo menos uma vez na vida. Agora eu já queria saber qual era a próxima vez da banda no Brasil. O público ainda gritava "One More Song, One More Song", mas os setlists da turnê tem sido imutáveis (talvez o único ponto negativo a ser evidenciado) e "Always Look on the Bright Side of Life", do Monty Python nos falantes confirmou que a festa tinha mesmo acabado.

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Na procissão que se seguiu até a estação do metrô mais próxima, mais uma surpresa. O duo TEST estava nas proximidades da Arena Anhembi fazendo o seu som. Para quem não sabe, o TEST leva seus equipamentos em uma kombi e faz seus shows, inusitados e não programados onde der na telha. E o Aeroporto de Congonhas raramente deve ter recebido tantas camisas pretas como naquela noite. Vários fãs, que viajaram a São Paulo apenas para ver a banda britânica, aguardavam nas cadeiras a hora do próximo vôo de volta a suas casas.

O show do IRON MAIDEN, apesar das trocas de roupa de BRUCE (sempre rápidas), dos efeitos pirotécnicos, das trocas de cenário e das aparições de Eddie, tem um foco: a música, o heavy metal de boa qualidade, que faz parte da vida dos headbangers. Os "extras" jogam a favor da música e jamais se tornam mais importantes que ela própria. E é por isso que funciona tão bem. E quem vê um show desses, diz (assim como está dizendo este redator) que foi o melhor show de sua vida (até que venha o segundo). Ver Bruce Dickinson desdenhando do Rock In Rio, valorizando a São Paulo que tanto tinha atendido seus pedidos por gritos, é impagável.

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Arte Produções, D&E, Empire, Underground e Gallery, quando não teremos mais que nos deslocar até São Paulo, Rio ou Recife (nas duas turnês anteriores da banda) para ouvir Bruce Dickinson gritar: "Scream For Me"? Quando poderemos ouví-lo gritar "Scream For Me, Fortaleezzzaa"?

Veja galerias de imagens dos shows nos links abaixo:

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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