Marcelo Nova: no Lollapalooza, como sempre, seu melhor show
Resenha - Marcelo Nova (Lollapalooza Brazil, Jockey Club, São Paulo, 07/04/2012)
Por Xande Capitão
Postado em 02 de maio de 2012
Eu acordei muito cedo naquela manhã, mas meu sono não foi interrompido por um sonho ruim, como geralmente acontece, e sim pelo pensamento de que logo mais tarde eu veria o melhor show da carreira de Marcelo Nova. Mas quando ele gravou o Viva, aquele também não foi o melhor show da sua carreira? No Aramaçan, tradicional reduto roqueiro do ABC paulista, não fez vários dos seus melhores shows da sua carreira? Quando iniciou sua carreira solo, Marceleza certamente fez o melhor show da sua carreira. E com Raul ao seu lado também fez o melhor show da sua carreira. No Sul do país, Marcelo fez incontáveis melhores shows da sua carreira. E naquele 7 de abril de 2012, faria mais um. E com essa espécie de dilema, segui em direção à casa da família Nova, ponto de encontro e partida para o Lollapalooza Brasil.
Pontualmente às 11 horas, as 2 vans saíam em direção ao Jockey Club de São Paulo. O clima era o melhor possível, como se todos estivessem indo compor o melhor show da carreira de Marcelo Nova. Já próximo ao jockey, Marcelo pediu que a van parasse porque queria comprar algo. Apesar da insistência de todos em ir no seu lugar, ele próprio desceu e foi comprar o que queria. Restou perguntar, você consegue pensar num nome do rock que a 300 metros do local de um mega show se mistura ao público que logo mais estaria ali o aplaudindo, sem nenhum tipo de afetação? Encarei isso como mais um sinal de que aquele seria o dia do seu melhor show.
Era minha primeira vez num evento desse porte não fazendo parte da platéia. E desde os primeiros contatos tudo foi se apresentando como de uma organização primorosa, sendo sempre conduzidos com enorme atenção e respeito. Ponto positivo para o Lollapalooza, onde tudo funcionava perfeitamente.
A equipe se dividiu. Marcelo Nova e seus músicos foram almoçar, e o restante, roadies, Ari Mendes e eu, seguiríamos para o palco. Assumi a responsabilidade de afinar todas as guitarras do Marcelo e do Drake. Quando empunhei a lendária Gibson Chet Atkins disse em voz baixa pra mim mesmo "Bota pra fudê". Por alguns segundos fui transportado para o lugar onde todo fã gostaria de estar. A equipe funcionou muito bem e tudo ficou pronto para que começasse no horário programado.
O Multishow iniciaria a transmissão do festival exatamente com Marceleza. E entrou no ar com ele sendo entrevistado, indo em direção ao palco. Para quem acompanhou pela TV, isso significou perder a introdução do show. Ari fez seu papel de MC, e bradou "com vocês o rei do rock, Marcelo Nova". Em seguida veio um trecho da música "In a Mellow Tone", interpretada por Ben Webster. O último sopro de Ben daria início ao tornado que viria a seguir, como se o rei do jazz passasse o bastão para o rei do rock. Então Drake despeja os primeiros acordes de "Rock´n Roll", e a partir dali ninguém mais poderia deter o melhor show do Lollapalooza. Lembrando que estávamos num festival internacional, a letra dessa parceria com Raul descreve do que isso se tratava "não importa o sotaque e sim o jeito de fazer". Perfeito.
Marcelo se notabilizou pelo texto refinado, denso e profundo. Mas é importante dizer que ele sempre manteve ao seu lado grandes músicos, e o estágio de sua banda atual é fantástico. O núcleo composto por Drake Nova (guitarra), Leandro Dalle (baixo) e Célio Glouster (bateria) vem fazendo um trabalho irrepreensível. E os convidados para esse show, Luiz De Boni (ex-O Terço - piano e órgão) e Hélcio Aguirra (Golpe de Estado, Mobilis Stabilis - guitarra) trouxeram ainda mais qualidade, como se o Barcelona incorporasse mais dois titulares de seleção ao seu elenco. O melhor dos dois mundos, música e texto, chama-se Marcelo Nova.
A versão groovada de "Hoje" deu sequência ao show, seguida pelo shuffle "O Mundo Está Encolhendo", presente no ao vivo Hoje No Bolshoi, cujo título pode até confundir, mas não é o mundo que encolhe, é Marceleza que se agiganta, e aquela altura ele já estava em estado gasoso, ocupava todos os cantos do festival, invadia os pulmões, percorria a corrente sanguínea, invadia os cérebros.
Nas cordas da sua guitarra ele trouxe um pouco de tudo que sempre fez. Estavam lá as lições aprendidas com Little Richard, com o Clash, com Lou Reed, mas o seu som hoje bebe no mesmo bar que Cream, Mountain, e Experience, com muita improvisação e solos. "A Ferro e Fogo" e "Quando Eu Morri" viraram os copos, e suas linhas de baixo fizeram pensar em "Real Me" do The Who. Antes delas Marcelo agradeceu e deixou claro, "obrigado por enfrentar um sol escaldante pra nos assistirem, por outro lado, vocês serão testemunhas de um som que está em extinção... aproveitem". Impossível não obedecer.
A banda foi apresentada durante "Pastor João e a Igreja Invisível", e Drake merecidamente foi muito aplaudido. E Marceleza ainda encontrou uma bandeira do seu time de garoto na platéia e retribuiu "vai, Bahia"!
Com tantas Joanas D´arc em sua vida, de uma lista que inclui a mãe, as filhas, e uma neta, Inêz Nova, sua esposa, assistia ao show na lateral do palco, guerreira que merece um capítulo à parte na vida do rocker. E com sua Joana mais famosa, partiu para o encerramento de sua apresentação. Ontem eu nem a vi! E assim terminava um show esplendoroso e sem álibi.
Me lembrei de consultar o Twitter e verificar os assuntos do Trendings Topics, e após 40 minutos do término do show lá estava Marcelo Nova como sétimo assunto mais comentado no mundo. Um pouco antes, a Multishow mostrava Dave Grohl do Foo Fighters atrás do palco vendo a apresentação. É Dave, vou repetir pra você, "não importa o sotaque e sim o jeito de fazer". Leva essa na mala, se couber.
Na van que levava do palco ao camarim, Marcelo contou que uma história particular trazia ótimas recordações quando ia ao jockey. E agora todos os seus fãs também teriam um vínculo com aquele lugar.
Marceleza ficou para assistir ao show da Joan Jett. Eu fui embora para dormir cedo, já com meu dilema resolvido. Em toda apresentação Marcelo Nova faz seu melhor show, e no Lollapalooza não foi diferente. Marcelo Nova é assim. Era preciso me recompor, pois amanhã também seria o dia do seu melhor show.
Set List:
Rock´n Roll
Hoje
O Mundo Está Encolhendo
Só o Fim
A Ferro e Fogo
Quando Eu Morri
Simca Chambord
Pastor João e a Igreja Invisível
Eu Não Matei Joana D´Arc
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