Opeth: Deixando muita gente boquiaberta em São Paulo
Resenha - Opeth (Carioca Club, São Paulo, 01/04/2012)
Por Julio Feriato
Postado em 06 de abril de 2012
Ao longo dos anos a banda sueca OPETH construiu uma carreira sólida na cena musical devido aos seus trabalhos sempre cheios de ousadia e experimentalismo, com nitidas influências de rock progressivo e setentista munido ao poder do death/doom metal (pelo menos nos primeiros álbuns). A obra mais recente chama-se 'Heritage' (2011) e torceu o nariz de uma parcela de fãs mais radicais, mas para a grande maioria dos que seguem esse grandioso grupo, 'Heritage' é mais uma obra fenomenal feita por músicos competentes que não se restringem à um estilo específico. E três anos após uma apresentação memorável que eles fizeram em São Paulo, a banda retorna à terra da garoa para mais um espetáculo que deixou muita gente boquiaberta. Mas no meu caso, foi boquiaberto de sono mesmo.
Ao chegar no local, já deu para perceber que o público seria grande devida aglomeração de pessoas em frente ao Carioca, e realmente foi. O lugar simplesmente ficou lotado de bangers, inclusive os camarotes (que geralmente ficam vazios). Para aquecer os fãs sedentos, um dvd ao vivo do AT THE GATES rolou no telão e por incrível que pareça, a maioria não conhecia a banda, que é uma das mais importantes da cena sueca, tendo influenciado várias bandas como In Flames e Dark Tranquility!
O inicio do espetáculo estava marcado para começar às 20h, porém houve um pequeno atraso de vinte minutos a pedido dos próprios músicos, que alegaram estar exaustos do show de Buenos Aires que ocorrera na noite anterior, e da viagem.
Finalmente o quinteto entra no palco ovacionado pela plateia, que estava impaciente com a demora e iniciam com "The Devil's Orchard", excelente música de 'Heritage', cantada em uníssomo pelo público e a emendam com "I Feel the Dark", também do novo álbum, música que tem um videoclipe maravilhoso feito com animação totalmente viajante, que lembra algo do Pink Floyd.
Finalmente o vocalista, guitarrista e lider Mikael Åkerfeldt, vestido com uma linda camiseta do SARCÓFAGO, cumprimenta a plateia com sua voz grave, arranca risos ao lembrar das goteiras que caiam em sua cabeça da outra vez que o Opeth tocou em São Paulo e anuncia "Face of Melinda". A partir daí, já deu para perceber que o set list seria todo baseado nas músicas mais cadenciadas e voltado aos trabalhos mais recentes. Tudo bem que essas canções funcionam em estúdio ou em algum show acústico, mas ao vivo e plugado a coisa é bem diferente. Impossível não notar o contraste daqueles que estavam assistindo em pé na pista, pois enquanto alguns cantavam todas as músicas de cor e salteado, outros estavam com nitida expressão de tédio.
Para animar, Åkerfeldt anuncia mais uma do novo álbum, a agitada "Slither", que ele disse ter composto influenciado pelo RAINBOW, sendo Ronnie James Dio um de seus vocalistas favoritos. Em seguida veio "Windowpane", seguida da maravilhosa "Burden" (uma das melhores composições do Opeth, em minha opinião).
Confesso que a partir daí a empolgação do incio começou a enfraquecer. Tocaram mais duas do 'Heritage', "The Lines in My Hand" e "Folklore", só que por mais legal que seja esse trabalho, suas músicas ao vivo são cansativas e confesso ter piscado meus olhos de sono em vários momentos. Tudo bem querer apresentar sua fase atual, mas já que é apenas a segunda visita da banda ao Brasil, custava incluir no set músicas de álbuns clássicos como Orchid (1995), Morningrise (1996) e My Arms, Your Hearse (1998)? Afinal de contas essa tríade influenciou inúmeras bandas de Doom/Death Metal do mundo todo!
A coisa melhorou quando tocaram "Heir Apparent" (Watershed, 2008) e "The Grand Conjuration" (Ghost Reveries, 1995), fechando com a essencial "The Drapery Falls", do aclamado 'Blackwater Park' (2001).
Após uma breve pausa, os integrantes do OPETH retornam ao palco para a parte final do espetáculo, e executam "Deliverance", bela música titulo do álbum homônimo de 2002 e encerram sua apresentação em São Paulo.
Com certeza muita gente amou o show do Opeth, pois numa coisa temos que dar o braço a torcer: todos são músicos de gabarito (algo que eu nem precisava dizer...) e tocam bem demais! Particularmente fiquei impressionado com a técnica do baterista Martin Axenrot (também integrante do BLOODBATH e do WITCHERY) e com o baixo marcante de Martín Méndez, cozinha mais do que perfeita e de muita presença. Mas o grande destaque é mesmo Mikael Åkerfeldt, figura carimbada e respeitada da cena metalica europeia, que mostrou calma e simpatia o tempo todo e brincou várias vezes com o público.
Conforme já foi dito, o único porém foi a escolha do set list que se concentrou nos álbuns atuais e nas músicas mais "viajantes", o que de certa forma fez com que show ficasse chato e cansativo ao longo do tempo. Junte isso ao fato das músicas ter duração em torno de 8 a 10 minutos, é soneira na certa para quem não está acostumado a essa vibe. Mas com certeza foi um grande espetáculo para a maioria dos fãs que compareceram.
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