Cannibal Corpse: Comemorando duas décadas de trajetória em solo mineir
Resenha - Cannibal Corpse (Lapa Multishow, Belo Horizonte, 20/10/2007)
Por Maurício Gomes Angelo
Postado em 26 de outubro de 2007
Passaram-se 3 anos desde que o Cannibal Corpse veio pela primeira vez em Minas Gerais. À época, Jack Owen, guitarrista e membro fundador, tinha acabado de, inesperadamente, deixar o grupo. Assim, o convocado Jeremy Turner veio e conseguiu dar conta do recado. Depois, para ficar tudo em família, Rob Barret, que passou pelo Cannibal de 93 a 97, após uma temporada no Malevolent Creation, foi chamado para assumir novamente o posto.
Fotos: Alexandre Oliveira
Digo isto porque dá pra notar, literalmente, ali, no palco, que o grupo tem um tom familiar. Algo além de "entrosamento" e coesão nas peças executadas. Antes, exalam uma paixão ardorosa pelo death metal, mostrando-se satisfeitíssimos por estarem vivendo desse tipo de música e em contato com seu público. E que suporte eles possuem! É notório que Belo Horizonte, até por motivos históricos, é um dos locais mais propícios para a cena extrema. Mas não deixa de impressionar a massiva presença no Lapa Multishow. Creio que, se todos os ingressos não foram vendidos, algo muito próximo aconteceu.
Cannibal Corpse - Mais Novidades
Bom, também, para as bandas de abertura. A metade do set que pude acompanhar do Nervochaos não chegou a surpreender, mas mostraram um grindcore eficiente e correto, com boas pitadas de death. Já o Sextrash, praticamente tão – ou mais antigo – que o próprio Cannibal Corpse, tradicionalíssimo na cena e merecedor de muito respeito por tudo que realizou, fez um opening-act curto e de extrema competência, mesclando faixas dos clássicos "Sexual Carnage" e "Funeral Serenade" com o - ótimo - e mais recente "Rape From Hell", sem dúvida agradando a todos.
Após um longo período de ajustes e aos ansiosos gritos de "Cannibal! Cannibal!", os estadunidenses sobem ao palco com a dantesca "Unleashing The Bloodthirsty". Era a deixa para que a pancadaria não ficasse solta, mas fosse guiada pelos cinco monstros ali presentes. Barret e sua cabeleira desgrenhada oferecia bases precisas, já Pat O'Brien, na maior parte do tempo quieto e sem interagir muito, é, no entanto, o ponto nevrálgico - e o termo aqui mostra-se absurdamente perfeito por uma série de motivos - da devastação sonora aparentemente caótica mas que na verdade revela peças de construção e desenvolvimento intrincado, recheadas de recursos técnicos e de uma rapidez e intensidade que apavoram. É louvável o quanto conseguem deixar tudo redondo, azeitado, inquestionavelmente bem tocado e com um poder de destruição difícil de se ver.
Isto, claro, deve-se principalmente à inominável cozinha de Alex Webster e Paul Mazurkiewicz: não por acaso os únicos remanescentes da formação original e donos de punch e técnica absurdas. Se o primeiro é um cavalo no auge da forma mas com nítido rumo do que faz - a tarefa de acompanhar seus dedos bem de perto é de embasbacar, o que dizer do segundo? Paul é rápido e brutal, óbvio, mas não é um mero atleta. Dentro das fronteiras naturais que a música da banda impõe, donde não querem nem devem fugir, o descendente de poloneses (país que têm revelado bons grupos extremos) mostra uma considerável variedade de recursos e uma inteligência acima do comum: explora o kit com amplitude e equilíbrio, dando uma força excepcional à composições como "Staring Through The Eyes Of Dead".
"I Cum Blood", "Put Them To Death" e "Vomit The Soul", trinca que beira à covardia, vieram na sequência e inundaram a casa com a sensação de se estar vendo algo no mínimo histórico. George "Corpsegrinder" Fisher, ao que parece, já desenvolveu uma mutação celular na região do pescoço, dada à facilidade em guiar a multidão em violentíssimas hélices. Sem muita conversa, o vocalista destrói num gutural impecável e em tons rasgados muito bem vindos. Entre uma música e outra, apenas uma pequena pausa para descanso e pôr as coisas no lugar. Com tantos clássicos no repertório, realmente sobra pouco tempo para papo. As novas, "Make Them Suffer" e "Five Nails Through The Neck", foram muito bem recebidas, assim como o material do anterior, "Wretched Spawn".
"Pit Of Zombies" incinerou a casa, e o encerramento, com "Devoured By Vermin", "Hammer Smashed Face" e "Stripped, Raped And Strangled" foi urrado com devoção por todos os presentes, em três músicas explosivas de brutalidade sem igual que representam a essência do Cannibal Corpse. Webster, ainda, foi o mais simpático, descendo no fosso e cumprimentando aos fãs que estavam na grade. Como sempre, em bandas desta bagagem, dá pra chiar a ausência de algumas composições. É normal. Mas ninguém pode reclamar do repertório escolhido: a carreira do grupo foi representada em toda sua extensão, com simplesmente músicas de todos os álbuns de estúdio. Ou seja, quem foi, presenciou somente a nata da trajetória de um dos nomes mais importantes da cena extrema, sem deixar nenhuma obra de lado.
Ao final de uma hora e meia de show, duvido que alguém tenha saído insatisfeito. Mesmo com quase 20 anos de carreira e mais de um milhão de discos vendidos - feito notável para o tipo de metal que fazem - o Cannibal é uma banda que transpira união, humildade e ressalta o espírito underground com consciência do seu papel. Corpsegrinder mandou a sua mensagem, simples e direto: "todos aqui, continuem apoiando o death metal". E o fato de ter se apresentado com uma camisa do Nervochaos é apenas um dos sinais deste comprometimento.
Dá gosto ver algo assim. Eles já sabem que sempre serão imensuravelmente bem-vindos a Belo Horizonte. Com a imensa recepção calorosa que tiveram, tem todos os motivos para voltarem e comemorar suas duas décadas de trajetória em solo mineiro. O público merece.
Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Trivium agradece Greyson Nekrutman e anuncia novo baterista
A canção do ZZ Top que, para Mark Knopfler, resume "o que importa" na música
As 10 melhores músicas do Iron Maiden, de acordo com o Loudwire
O melhor disco do Kiss, de acordo com a Classic Rock
Site americano elege melhores guitarristas do metal progressivo de todos os tempos
O único frontman que Charlie Watts achava melhor que Mick Jagger
As 15 bandas mais influentes do metal de todos os tempos, segundo o Metalverse
Dave Grohl elege o maior compositor de "nossa geração"; "ele foi abençoado com um dom"
Rush confirma primeiros shows da turnê de reunião na América Latina
Após fim do Black Sabbath, Tony Iommi volta aos palcos e ganha homenagem de Brian May
O rockstar dos anos 1970 que voltará ao Brasil após 34 anos: "Show longo e pesado"
A banda em que Iron Maiden se inspirou para figurino na época do "Piece of Mind"
Soulfly lança "Chama", seu novo - e aguardado - disco de estúdio
O megahit dos Beatles que Mick Jagger acha bobo: "Ele dizia que Stones não fariam"
A clássica canção do Queen que Elton John detestou e achou o título "absolutamente ridículo"
Dave Mustaine cantarola Jorge Ben Jor e diz que não conhece nenhuma música do Sepultura
Antes de morrer, John Lennon contou para Pelé que não sabia quanto tempo de vida tinha
O curioso setlist do primeiro show de Bruce Dickinson com o Iron Maiden

Os 10 melhores álbuns da história do death metal, em lista da Metal Hammer
Como George "Corpsegrinder", do Cannibal Corpse, entrou no mundo do metal extremo
George "Corpsegrinder" Fisher, do Cannibal Corpse, não gosta de violência
Deicide e Kataklysm: invocando o próprio Satã no meio da pista


