Shaaman: Nem o céu desabando conseguiu estragar um ótimo show
Resenha - Shaaman e Heavenfalls (Circo Voador, Rio de Janeiro, 10/02/2006)
Por Antonio Cesar
Postado em 19 de fevereiro de 2006
Cheguei ao Circo Voador por volta das 19h. Nesse exato instante o céu desabou como eu raramente havia visto. Havia uma fila do lado de fora do Circo, formada por fãs que chegaram bem cedo e foram surpreendidos com a violência do temporal. Devido à terrível chuva, os portões se abriram mais cedo, e a galera, literalmente ensopada, assistiu ao final da passagem de som do Heavenfalls. A chuva forte causou atraso para o início do show, mas não impediu que fosse realizado um espetáculo emocionante.
HEAVENFALLS
Banda carioca excelente, que em 2004 abriu o show do Iron Maiden no Rio de Janeiro (na época, a abertura do show de São Paulo do Iron ficou a cargo do Shaaman). Fizeram um show reduzido devido ao atraso causado pela chuva. O set list foi basicamente voltado para o CD Reality in Chaos, lançado em 2005. Tocaram também "Aces High", cover do Iron Maiden, banda adorada por 100 entre 100 metaleiros e encerraram a apresentação com a já conhecida "Inner Prision", canção do CD Ethereal Dreams, de 2003. Abrir um show para uma banda grande e com todos os contratempos causados pelo temporal não é uma tarefa fácil, mas a Heavenfalls da carismática Sabrina Carrion saiu, com muitíssimo louvor. aclamada do palco e deixando o público com sede de um show completo.
SHAAMAN
O Shaaman tem essa força de transformar situações inesperadas em energia para fazer um espetáculo inesquecível a todos os presentes. 38 minutos depois do Heavenfalls ter saído do palco, começa a soar a intro eletrônica. O espetáculo de luzes azuis indica que o show tão esperado estava prestes a começar. Hugo Mariutti (guitarra) entra no palco recebido pelos berros da galera, seguido de Luis Mariutti (baixo), Ricardo Confessori (bateria) e Fabio Ribeiro (teclados).
Iniciam o set com a explosiva "Turn Away", a faixa de abertura do álbum Reason e logo entra Andre Matos (vocal) cantando os primeiros versos da canção. Nesse momento, parecia que o Circo viria abaixo. Sem deixar uma pausa pra galera recuperar o fôlego emendaram "Trail of Tears", outra faixa de Reason, seguida de "Distant Thunder" (do álbum Ritual), que me fez lembrar o temporal que o Rio de Janeiro enfrentara horas antes. "Hear the call of a distant thunder, there´s a voice in the sky" - ouvir esse refrão entoado por todos só vem reforçar o quanto o mestre Andre Matos é brilhante ao compor hinos que entraram para a história do Heavy Metal.
É a vez de "Time Will Come", a primeira música que a banda divulgou (ainda com o nome de "Time Has Come"), no demo CD lançado antes do Ritual. Ao final dessa canção, Andre Matos agradece a todos pela presença e dedica a próxima canção àquele público tão fiel, que ele próprio chamou de "nossos seguidores". Hugo Mariutti troca a guitarra pelo violão para executar os primeiros acordes de "For Tomorrow", canção que já virou um hino entre os fãs do Shaaman.
Andre Matos assume o teclado para tocar a belíssima "Innocence". Novamente o público comemora com muita emoção. Todos cantam juntos, formando um daqueles belos momentos em que público e artista são um só. Não poderia ser diferente, pois essa é uma das melhores composições do Metal mundial dos últimos tempos.
"Reason", a faixa título do segundo álbum de estúdio da banda, seguida da versão instrumental de "Be Free", onde Andre Matos sai do palco e os outros músicos fazem uma demonstração de seu virtuosismo. Pra completar a apresentação instrumental todos saem do palco, com exceção de Ricardo Confessori, que arrasa na bateria com um solo destruidor e preciso.
"Scarred Forever", mais uma do álbum Reason, ficou mais pesada ainda ao vivo. Na sequência, "More", o cover da banda gótica The Sisters of Mercy que ganhou nova roupagem nas mãos do Shaaman. O riff dessa música parece deixar todos em transe. O último acorde da canção parece trazer todos de volta ao Circo Voador.
Fabio Ribeiro começa a tocar uma intro que remete ao som erudito de Johann Sebastian Bach, anunciando "Pride" (do Reason), música em que Tobias Sammet (Edguy) divide os vocais com Andre Matos na gravação de estúdio e que ao vivo Andre consegue conduzir sozinho com maestria.
Outro momento muito esperado, a balada "Fairy Tale". Mais uma vez, o público canta com toda a sua força.
A próxima é "Here I Am", a música que abria os shows da Reason Tour (depois de "Ancient Winds") aqui foi deixada para o final do show. Sim, final, pois logo após essa canção, Andre agradece muito a presença de todos e anuncia que irão tocar a última música da noite. Fabio Ribeiro começa a tirar do seu teclado as primeiras notas de "Lisbon". Ao final da canção a banda sai do palco deixando a sensação que ainda teríamos o sempre esperado "bis".
Alguns minutos depois eles retornam e a intro da bateria de Ricardo Confessori anuncia o cover de "Painkiller". A banda encarna um Judas Priest destruidor. Se Rob Halford estivesse assistindo ao show, certamente estaria com um sorriso de aprovação no rosto.
E assim chega ao fim mais uma celebração ao metal. Andre Matos, a certa altura da apresentação, disse: "não sei por que quase sempre que viemos ao Rio acontece um temporal. Talvez seja azar, ou talvez a Natureza queira fazer um som mais pesado que a gente, mas com tantos imprevistos e tantos contratempos, vocês enfrentaram o temporal pra vir até aqui. Isso só nos dá mais força pra fazer um baita show pra vocês."
E como sempre, foi isso que eles fizeram. Um baita show.
SET LIST (agradecimentos a Felipe Drummond)
TURN AWAY
TRAIL OF TEARS
DISTANT THUNDER
TIME WILL COME
FOR TOMORROW
INNOCENCE
REASON
BE FREE
DRUM SOLO
SCARED FOREVER
MORE
PRIDE
FAIRY TALE
HERE I AM
LISBON
PAINKILLER
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