Helloween: Kiske diz que três primeiros anos foram demais
Por Thiago Coutinho
Fonte: Mtalexpressradio.com
Postado em 18 de dezembro de 2005
Em uma entrevista conduzida por Zoltan Koncsok, do site MetalExpress.com, em dezembro de 2005, Michael Kiske, , ex-vocalista do HELLOWEEN, resolveu desabafar: "Se eu me sentasse para compor músicas no estilo do álbum ‘Keeper of the Seven Keys’ elas seriam um completo lixo".
MetalExpress.com — Você não é uma pessoa muito fácil. Aliás, você é uma figura muito controversa.
Michael Kiske — Sim, eu sei. As pessoas adoram me odiar. O mais engraçado nisso tudo é que estou completamente desarmado. Eu não machuquei ninguém. A única coisa é que continuo com essa estranha idéia de que um músico tem que fazer aquilo em que acredita. Acho importante que o músico possa se expressar e acho que os músicos devem criar canções totalmente ilimitadas, cheia de excitamento e paixão e a indústria musical deve criar um mercado para isso. É assim que funciona. É assim que você faz a cultura da música viver. O que temos hoje em dia é uma situação completamente doente: o mercado dita o que o músico deve fazer. O mercado quer fazer super-estrelas hoje em dia. Eles têm todas aquelas roupas, aqueles jovens, o vestem para deixa-los bonitos para que possam dançar, compõem as músicas para eles, e eles se tornam apenas produtos. E isso não tem nada a ver com o rock, aquele que os BEATLES inventaram. Eles faziam tudo pela criatividade. Eles sempre tiveram o som deles, mas havia sempre algo inesperado acontecendo. Isso é algo que eu chamo de música verdadeira e que é tão difícil. Digo coisas assim e as pessoas te odeiam por isso. Especialmente no Heavy Metal, se você não produz álbuns que os divirtam eles vão odiá-lo. Eles acreditam que você os traiu, o que é algo totalmente sem sentido. Quero dizer que como músico eu simplesmente não posso trair a mim mesmo apenas para satisfazer um mercado. Você não faz essas coisas para deixar as pessoas putas da vida. Eu não faço isso porque adoro deixar as pessoas tristes. É apenas o modo como funciono. Não posso fazer isso de outro jeito. Se eu me sentasse para compor músicas no estilo do álbum ‘Keeper Of The Seven Keys’ elas seriam um completo lixo. Apenas não funciona mais. Eu posso apenas me sentar e escrever uma canção e essa canção será o que for. Não há nada que eu possa fazer sobre isso [risos].
MetalExpress.com — Você acha que o seu gosto musical mudou com a idade ou com os desapontamentos quanto ao HELLOWEEN?
Michael Kiske — Foi uma combinação de tudo. Você não pode se esquecer de que o Helloween era uma banda em que cinco pessoas compunham e fazíamos uma música do Helloween com todas as outras canções trazidas pelos outros membros. E não acho que meu processo de composição mudou muito desde que saí do HELLOWEEN. Talvez esteja desenvolvendo melhor agora ou tentando coisas novas. Mas acho que muitas coisas que compus no 'Readiness To Sacrifice’ [seu álbum solo], por exemplo, seu eu levasse essa música para a sala de ensaios do HELLOWEEN, ela teria se tornado um música nos moldes do grupo. Era simplesmente assim que a banda funcionava. Obviamente que fui ficando mais velho e muita frustração em mim, por conta de toda a negatividade que arregimentei do meu passado. Ficar famoso com uma banda em seus primórdios é como estar no céu no começo, mas isso pode se tornar sua cova se as pessoas não aceitam nada que não seja aquilo novamente, então se torna um pesadelo. E obviamente sou uma pessoa muito passional, então também posso ficar muito furioso com certas críticas. Vir me dizer que meu álbum é uma bosta porque não soa como HELLOWEEN e isso me deixa puto, acho isso muito arrogante. Não acho que estou tentando ser como o HELLOWEEN, então por que eu deveria soar como o HELLOWEEN? Se eu não estou tentando ser como o HELLOWEEN, como posso ser justamente criticado por isso? É uma babaquice falar desse jeito.
MetalExpress.com — Mas há alguma coisa que você ainda sinta falta do HELLOWEEN?
Michael Kiske — Os primeiros três anos foram absolutamente demais. Tudo funcionava naquela época. Eu amava a música, achava que éramos a melhor banda do planeta e isso sempre é um bom começo [risos]. Nós fizemos sucesso com a música que amávamos. E costumávamos nos importar uns com os outros, tudo era lindo. Os primeiros três anos, especialmente os anos com Kai Hansen foram muito lindos. E isso poderia ter durado para sempre, mas infelizmente a vida não é assim. Alguns anos se passaram e de repente as coisas foram se separando, e você não pode mudar isso. E no final acabou sendo um pesadelo.
MetalExpress.com — Quando os problemas começaram?
Michael Kiske — Na verdade, quando Kai Hansen saiu. Eu, pessoalmente, acho que foi esse o problema, porque o Kai Hansen é um cara legal. O Kai tem uma mentalidade... ele está sempre fazendo bobeiras, contando piadas e é um cara muito legal de se ter por perto. Ele apenas cria uma ótima atmosfera. E nos primeiros anos que estivemos na banda criamos uma boa vibração e tudo estava no lugar certo. E ele também era muito importante para a banda como guitarrista e compositor. Weike [Michael Weikath] também era importante, ele quem compôs grande parte daquele material como ‘Eagle Fly Free’, que eu acho que é uma das melhores canções do HELLOWEEN. Mas assim que Kai saiu da banda a química se foi. Não que o Roland [Grapow, que substituiu Kai] fosse um mal músico, não tem nada a ver com isso. Apenas que ele é uma pessoa completamente diferente. E de repente o Weike começou com uns jogos estranhos. Ele trabalhava contra as pessoas e bem no começo começou a tentar trazer o seu Andi Deris para a banda. Ele não aquele tipo de pessoa que chega a você e diz ‘eu não quero mais fazer música com você’. Ele é aquele tipo de pessoa que faz intrigas com as pessoas, o que não é muito legal e é muito doloroso. Mas como você pode ver, tudo parece estar balanceado, pois mesmo o Weike tem o seu lugar e tão logo o Kai saiu da banda o balanço ficou diferente e acho que isso foi o fim.
Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui.
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