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Neil Turbin: "Dan Spitz tem um ego monstruoso"

Por César Enéas Guerreiro
Fonte: Blabbermouth
Postado em 20 de março de 2007

Marko Syrjälä e Jarno Huovila, do site Metal-Rules.com entrevistaram em 2007 o ex-vocalista do ANTHRAX, Neil Turbin. Alguns trechos desse papo:

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Metal-Rules.com: Como você acabou entrando no ANTHRAX?

Neil: "Eu coloquei um anúncio numa revista chamada Good Times. Três ou quatro semanas após a revista ter sido lançada, Scott [Ian, guitarra] me ligou e perguntou se eu estaria interessado em entrar para a sua banda, o ANTHRAX, já que eles estavam procurando um vocalista há meses e tinham começado a fazer alguns shows. Então eu disse a ele que eu estive numa banda chamada AMRA e que durou apenas alguns meses. Isso foi em 1982. Um mês antes, eu tinha visto um anúncio do Scott sobre o ANTHRAX na revista Good Times. O Scott pareceu relutante no telefone. Scott e Danny Lilker [baixo] vieram à minha casa em Bayside, NY [EUA] e começamos a ouvir demos e fitas gravadas ao vivo".

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"Naquele tempo, por necessidade, eles estavam tocando com o irmão do Scott, Jason Rosenfeld, que tinha uns 13 ou 14 anos. Depois eu encontrei os outros caras da banda num ensaio: Greg Walls e Dave Weiss. Logo em seguida encontrei os roadies do ANTHRAX, Scott Setari, Tom Beach e John Connelly, que eram amigos de Dan Lilker e Scott. Greg me disse, anos depois, que Scott tinha dito que ele não me queria na banda, mas Greg, Danny e Dave votaram em mim. Eles me disseram que estavam procurando um vocalista experiente e eu já tinha experiência no circuito de clubes de Nova Iorque, tendo cantado em muitos shows no Max's Kansas City, Great Gildersleeves, CBGB, etc".

"Eu tive duas semanas para aprender todo o material do ANTHRAX para que tocássemos no Great Gildersleeves em setembro de 1982. Era um material interessante naquela época, uma mistura de Heavy Metal clássico, Hard Rock e riffs no estilo IRON MAIDEN; quem tem demos antigas do ANTHRAX sabe do que estou falando. O som era cheio de riffs, mas meus vocais não se encaixavam muito bem. Tudo estava mais ou menos na chave de mi e afinado com o padrão A440, que faz com que você cante numa faixa muito mais alta do que se usasse afinação em mi simples ou em ré, como a maior parte das bandas de Metal faz hoje em dia".

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Metal-Rules.com: Você tinha idéia de como funcionava o lado comercial da música nessa época?

Neil: "Eu ainda não estava acostumado com os negócios e, para ser honesto, eu era muito ingênuo em relação a todo esse processo. Eu era um artista que queria simplesmente fazer arte e criar a melhor música que pudesse sonhar. Eu não consultava advogados e não estava preparado para brigar com tubarões, trogloditas e sanguessugas. Mas eu deveria, porque é com esse tipo de gente que estávamos negociando. Não havia cláusula de saída em nosso contrato e eu ajudei a estabelecer a marca durante o tempo em que estive na banda".

"Eu nunca vi um tostão sequer pelo material promocional que foi vendido durante os dois anos em que era membro da banda. Uma vez eu falei com Johnny Z e pedi a ele US$200 e uma jaqueta da turnê, que ele estava dando para os outros caras da banda. Ele disse 'Não' para os US$200 e disse que eu deveria pagar pela jaqueta da turnê. Eu disse que ele mesmo poderia pagar pela jaqueta com o dinheiro que ele estava ganhando com as camisetas e com as vendas de álbuns ou ir procurar outra pessoa que cantasse de graça. Isso foi ótimo, porque naquela noite tocamos no clube Roseland e foi a única vez naquela turnê que eu tive meu próprio quarto de hotel e meu próprio camarim. E foi legal também porque havia pessoas no backstage que eram divertidas e realmente agradáveis de se conviver, como Richie Stotts da banda THE PLASMATICS. O que aconteceu depois disso não dava mais pra mudar".

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Metal-Rules.com: Você ainda recebe royalties das músicas que você escreveu pro ANTHRAX?

Neil: "A resposta é sim para o 'Fistful of Metal', mas NÃO para os outros álbuns que têm músicas minhas. Há álbuns que saíram pela Island, Universal e Sanctuary que têm músicas que eu escrevi, como 'Deathrider', 'Metal Thrashing Mad', 'Panic', 'Gung HO', 'Armed and Dangerous', das quais nunca recebi nada. O ANTHRAX regravou minhas músicas várias vezes e não recebi NENHUM TOSTÃO!"

Metal-Rules.com: É verdade que você demitiu Dan Lilker nessa época?

Neil: "Não, não é verdade. Ninguém me deu carta branca, eu não mandava no ANTHRAX e nunca tive o poder de tomar esse tipo de decisão em relação ao resto da banda. Éramos uma banda contratada por uma gravadora, então eu não tinha esse tipo de controle sobre a banda. Ninguém morreu e me deixou como chefe. Essa foi uma decisão da banda e não minha decisão pessoal. A gravadora e o pessoal da administração estavam por trás da decisão de substituir Dan Lilker. Havia quatro membros na banda e os outros três poderiam me derrotar no voto, se quisessem. Scott chamou Dan Lilker contou a notícia para ele. Scott me chamou da mesma forma. Isso foi antes de inventarem o e-mail. Eles apenas me usaram como bode expiatório depois que saí da banda. Se eles o queriam tanto assim, por que não o convidaram para voltar quando tiveram a chance?"

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Metal-Rules.com: E o Dan Spitz?

Neil: "Você quer dizer Dan 'A DIVA' Spitz? Dan Spitz tem um EGO MONSTRUOSO, é muito teimoso, quer toda a atenção para si e é um nanico que se acha o rei da cocada preta. Ele tentou ir atrás dos outros e por a culpa em mim, dizendo que eu tinha a síndrome do vocalista, mas qualquer um que tenha lido suas entrevistas pode perceber o fato de que Dan é oposto de uma pessoa humilde. Eu lembro quando tentamos algumas vezes compor juntos, uma vez tentamos compor uma música-tema para um lutador de luta-livre chamado Sergeant Slaughter (idéia brilhante da CraZed Management) e as partes que ele criou pareciam coisas que um fã do VAN HALEN criaria. E certamente não soavam como ANTHRAX! Não conseguimos fazer nada, então abandonamos aquela idéia".

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"Quando eu mostrei a ele o meu riff de guitarra para 'Death from Above' em minha Gibson Explorer 1978 quando ele estava em minha casa, ele alegou que o riff era seu depois que ele convenientemente esqueceu de lembrar que quem tinha composto era eu. O motivo pelo qual eu não compus mais músicas era o fato dos guitarristas da banda não quererem escutar ou respeitar minhas idéias musicais, já que eles tinham suas próprias opiniões formadas".

"Assim era o ambiente de trabalho e a política na banda. Dan era, na verdade, um membro não-efetivo da banda porque ele morava em Orangeburg, Nova Iorque, a umas duas horas de viagem, e ele não comparecia freqüentemente aos ensaios da banda cinco vezes por semana, como o resto da banda. Eu tentei o máximo que pude para convencê-lo a se integrar à banda, porque precisávamos de um bom guitarrista solo e eu achava que suas escalas pentatônicas eram interessantes naquela época".

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Leia a entrevista completa (em inglês) no www.metal-rules.com.

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Sobre César Enéas Guerreiro

Nascido em 1970, formado em Letras pela USP e tradutor. Começou a gostar de metal em 1983, quando o KISS veio pela primeira vez ao Brasil. Depois vieram Iron, Scorpions, Twisted Sister... Sua paixão é a música extrema, principalmente a do Slayer e do inesquecível Death. Se encheu de orgulho quando ouviu o filho cantarolar "Smoke on the water, fire in the sky...".
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