Representantes: como CDs chegavam a você antes da internet?
Por Pedro Bertasso
Fonte: Interior Rock Clube
Postado em 19 de outubro de 2012
O Blog 'Interior Rock Clube' entrevistou recentemente o conhecido comerciante Seu Eugênio, da cidade de Presidente Prudente. Na entrevista, Seu Eugênio conta como era a vida de um representante de gravadora antes do surgimento da internet e da venda online. Um trecho da entrevista pode ser conferida abaixo.
Interior Rock Clube: E o senhor começou a loja por que? Da onde veio a ideia de abrir a loja?
Seu Eugênio: Antes de eu me mudar pra cá, eu trabalhei sempre com produção de eventos. Eu morava em Araraquara e tinha o circuito universitário com os cantores que estavam em auge na MPB como o Gil, Caetano, Jorge Ben Jor, Betânia, Tom Zé, José de Abreu e outros. Eles participavam do circuito universitário e faziam isto em muitas cidades com valores de cachê baixos que eram definidos pela portaria. Isso permitia que a realização de shows com estes artistas em espaços menores. Era um preço bem acessível aos estudantes e eram muito bons. Então, eu sempre trabalhei com a venda da música. Quando eu me mudei pra Prudente eu ainda era representante de gravadoras. Representava uma multinacional e gravadoras pequenas chamadas culturais. Quando eu encontrava alguns representantes de gravadoras grandes em Riberão Preto ou Bauru, eles me viam com a minha pastinha e já falavam 'Lá vem o Cultural' (Risos) porque eu representava as gravadoras pequenas.
Essa profissão, com a internet, praticamente terminou. Eu trabalhei até um dia em que o cara que comprava de mim em Riberão Preto me chamou no escritório e perguntou 'Eugênio, qual é o maior preço que você tem?' 'Ah, é X' 'E o menor?' 'Ah, é Y'. Então ele abriu o site da gravadora que eu representava e falou 'Esse disco seu que é o menor preço da sua tabela, entregue na casa do meu cliente, vai ser quase o preço que eu pago pra você aqui. E eu ainda tenho os encargos com impostos, funcionários, aluguel etc. E o cliente não tem nada disso e recebe na casa dele sem problema nenhum. Então, a partir de hoje, eu não posso mais comprar de representante'.
Então, acabou por aí. Liguei na gravadora pra ver se eles poderiam reconsiderar os valores pra venda, uma ajuda de custo melhor pra mim, pra continuar vendendo porque, na verdade, a gente tinha um papel importante, que é uma coisa que hoje ficou ruim para os artistas que precisam vender seus cds, seus dvds, porque nós demonstrávamos o produto. Então chegávamos para o lojista e falavamos 'Olha, esse cd é tal, a gente trabalha assim, assado'. Hoje não, você entra e pede o que quer. Então eu resolvi montar uma coisa minha e montei a loja. É uma coisa que você tem que gostar. No começo, a aceitação era difícil. As pessoas achavam que se o filho usasse uma camiseta de uma banda, isso poderia afetar o rendimento dele na escola, afinal, é muito mais fácil jogar a culpa numa camiseta preta do que tentar entender o porque do filho ir mal na escola, mas isso acabou.
A entrevista completa pode ser conferida no blog 'Interior Rock Clube':
http://interiorrockclube.blogspot.com.br/
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