Ativismo e reflexão no Metal: Manifesto Guarani-Kaiowa
Por R. Pereira
Fonte: Manifesto Guarani-Kaiowa
Postado em 03 de novembro de 2012
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Em outubro de 2012, 4 amigos - 3 músicos e 1 escritora - indignados em relação a realidade das comunidades indígenas no Brasil, se juntam para realizar o que chamaram de: "Manifesto Guarani-Kaiowa".
Violão: Attílio Negri (Command6)
Violão: Marina Takahashi (ex-Tiger Cult, Dominatrix)
Percussão: Pitchu Ferraz (Hellsakura, Dominatrix)
Texto: Linda N.M. Mulero
Manifesto
Em outubro de 2012 a Justiça Federal de Navirai/MS tomou uma decisão desfavorável aos membros da comunidade Guarani-Kaiowá que ocupam um território as margens do rio Hovy. O grupo escreveu uma carta em resposta a essa decisão que teve uma repercussão polêmica. Eles solicitam ao Governo e Justiça Federal que ao invés de executar a suposta ordem de despejo, decrete morte coletiva e enterrem-nos onde estão.
A mídia está divulgando que ocorrerá um suicídio coletivo, no entanto, após leituras exaustivas da carta não é possível encontrar qualquer menção a suicídio. O que está dito é que não sairão do território e que acreditam que isso resultará em mortes. Ainda que a mídia não tivesse feito uma abordagem equivocada, a decisão dos Guarani-Kaiowá e seus argumentos seriam recebidos de forma controversa, uma vez que "O significado de territorialidade para as sociedades indígenas não é o mesmo que para as populações nacionais que as rodeiam." "Para as sociedades indígenas a terra é muito mais do que simples meio de subsistência. Ela representa o suporte da vida social e está diretamente ligada ao sistema de crenças e conhecimento. Não é apenas um recurso natural mas -- e tão importante quanto este -- um recurso sociocultural." (Ramos, Alcida Rita - Sociedades Indígenas)
Em um primeiro momento parecia não haver dúvida de que a decisão da Justiça Federal de Navirai/MS tratava-se de ordem de reintegração de posse, isto é o grupo Guarani-Kaiowá teria de desocupar a área. Após alguns dias, a Justiça do Mato Grosso do Sul alegou que a ordem é de manutenção de posse, portanto, apesar de o fazendeiro ter a posse legal da terra, o grupo não precisaria sair da área até que fosse provado a quem o território pertence efetivamente.
A situação desse grupo Guarani-Kaiowá nos parece uma representação da situação dos indígenas no Brasil: obscura, incerta e preocupante. Independente de o grupo Guarani-Kaiowá estar certo ou errado e da Justica Federal de Navaraí/MS ter tomado uma decisão justa ou injusta, não há como negar a importância desse episódio. Embora ainda não saibamos qual será o desfecho dessa questão, ela foi de suma importância, pois conseguiu propor uma reflexão -- ainda que superficial -- a respeito dos problemas enfrentados pelos índios do Brasil.
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