Discos de Vinil: vendas de novos sobem, mas quem está comprando?
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 19 de outubro de 2013
Texto original da revista NME dessa semana.
Em meio ao apocalipse da indústria musical, a BPI, entidade composta pelos membros da indústria fonográfica bretã, acaba de divulgar que as vendas anuais de discos de vinil passaram do meio milhão de cópias pela primeira vez em uma década. E ainda estamos em Outubro.
São muitos discos [proporcionalmente, em se tratando de Reino Unido] que reforçam uma tendência que tem se destacado faz alguns anos. O número de discos de vinil novos vendidos dobrou desde esse mesmo período no ano passado, e o formato aumentou sua participação dentre o número de discos de todas as mídias vendidos no Reino Unido em oito vezes desde 2007.
Então o que é que está se passando? Por que tantas pessoas estão comprando discos de novo?
A pesquisa da BPI revelou uma interessante discrepância variando de acordo com a faixa etária no que as pessoas achavam que obtinham do vinil. A grande maioria das pessoas de 16 a 44 anos que foram entrevistadas afirmou que a razão mais importante era "o processo de tocar um disco de vinil é mais divertido." Parece um mundo de gratificação instantânea, o ritual de deitar uma agulha em um LP adquiriu contornos quase religiosos. A popularidade dos downloads gratuitos também é com certeza significante – por que simplesmente comprar MP3 quando você pode adquirir um disco tangível e receber as MP3 com ele?
Enquanto isso, os menores de 16 anos estão mais preocupados com a capa [supõe-se que seja apenas legal pra eles olhar pra algo que não esteja em uma tela], enquanto os com mais de 45 anos se atem a sua crença audiófila de que discos de vinil soam fundamentalmente melhor.
Notavelmente, quase 45 dos compradores de vinil pesquisados disse que sequer possui um toca-discos, o que significa que há 20 mil discos por aí que são usados apenas como objetos de arte ou para sua finalidade mais tradicional: como prancheta para se enrolar baseados.
Tal como divulgado há poucos dias, não se trata apenas de discos clássicos sendo vendidos. Obras novas de artistas como DAFT PUNK, DAVID BOWIE e ARCTIC MONKEYS em vinil tem se aproveitado dessa onda.
Parte da popularidade dos lançamentos de bandas mais novas no vinil parece dever-se à emergência de um grupo mais jovem de viciados em discos. Enquanto os compradores de 35 a 44 anos ainda são mais propensos a comprar LPs, mais de um terço dos compradores tem menos de 35 anos de idade. Então, no futuro, quando os CDs trilharem o mesmo caminho do minidisc, e quando toda a produção musical gravada estiver acima de nós, suspensa em uma nuvem, ainda haverá quem compre discos pretos de plástico para suas casas, ainda sem ter certeza se os tocarão ou os emoldurarão para decorar suas paredes, mas que terão algo pra segurar com as duas mãos, e algo que significa algo pra elas.
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