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New Order: repassando "Blue Monday", a faixa que mudou os anos 80

Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 20 de janeiro de 2014

A edição dessa semana da tradicional revista inglesa NME traz um compêndio [mais um] de faixas que marcaram a história da revista, com uma vasta gama de artistas que vão desde AZEALIA BANKS até DAVID BOWIE. Para celebrar, a revista fez uma entrevista com BERNARD SUMMER e PETER HOOK do NEW ORDER, depois que a música mais conhecida do grupo, "Blue Monday", ficou em quinto na relação.

O que segue abaixo é um trecho traduzido da conversa.

[...]

O que vocês lembram da composição de ‘Blue Monday’?

Bernard Summer: Nós a escrevemos em nossa péssima sala de ensaio em Cheetham Hill, que tinha um cemitério no quintal. Eu sempre me lembro que o chá tinha um gosto bem estranho por causa da água na chaleira. Eu disse a Steve um dia, ‘eu tenho certeza que algo daqueles túmulos está vazando para o encanamento de água…’ Eu me lembro apenas de ter ficado empolgado pela última tecnologia que tinha chegado. Foi antes dos computadores, antes do MIDI, e eu construí um sequenciador com um kit de eletrônica para iniciantes. Nós programávamos tudo em step-time usando leituras de códigos binários. Era… complicado. Nós conseguíamos passar o sinal de um sintetizador por ele, mas não conseguíamos ligar ele a nada. Steve havia comprado uma bateria eletrônica, mas não conseguíamos fazer com que o sequenciador se comunicasse com ela. Através de Martin Hannett [produtor do New Order], ficamos conhecendo esse cientista chamado Martin Usher, então eu levei o sequenciador e a bateria eletrônica pra ele, e ele desenhou um circuito que fazia com que os dois conversassem um com o outro. O dia em que a compomos foi o dia em que trouxemos o circuito, ligamos tudo e apertamos ‘GO’ na bateria eletrônica, e então o sintetizador começou a funcionar, e de algum modo, deu tudo certo. Rob [Gretton, empresário do New Order] achava que fosse bruxaria. Ele realmente achava! Isso soa estranho agora na era da internet, mas ele realmente achava que aquilo funcionava através de magia negra.

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Peter Hook: Eu achava que as músicas que compusemos em torno de ‘Blue Monday’ eram melhores. Eu achava que ‘Temptation’ era uma música melhor, especialmente ao vivo. Eu achava que ‘Everything’s Gone Green’ era melhor. E eu achava que ‘Thieves Like Us’ era muito, muito superior. Mas ‘Blue Monday’ tem um impacto sônico que muito poucos discos têm. Foi realmente uma dádiva, e foi bem irônico – e bem triste, na verdade – por termos roubado-a de um lado B Donna Summer. É uma música estranha. Ela se tornou um dos maiores registros já feitos em Manchester. Fomos muito felizes ao compor ‘Love Will Tear Us Apart’ como Joy Division, que era um disco característico de Manchester, e daí ‘Blue Monday’ com o New Order. Conseguimos uma com cada banda, fantástico!

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É uma música que é sempre comentada com grande reverência, mas vocês a veem como revolucionária? E por que vocês acham que ela ainda cativa as pessoas, 30 anos depois?

BS: Eu não a vejo como uma música. Eu a vejo mais como uma máquina feita para fazer as pessoas dançarem. Ela começa a tocar numa casa noturna e soa tão poderosa, é como estar do lado do motor de um navio. Eu estava em uma casa em Berlim alguns anos atrás e eles estavam tocando música house moderna muito boa, e daí ‘Blue Monday’ tocou e soou bem demais – mesmo em um contexto contemporâneo, e comparada à produção moderna.

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Eu acho que ‘Love Will Tear Us Apart’ cativa as pessoas por causa do conteúdo emocional que a permeia, e eu acho que ‘Blue Monday’ cativa as pessoas por causa da completa falta de conteúdo emocional nela. É meio que contraditório, na verdade. Eu acho que a maneira em que tudo nela é tão sincronizado, então é como todas essas engrenagens se alinhando, e cada parte de sintetizador é como uma engrenagem diferente. Tudo funciona como em um relógio. Se eu conseguisse explicar apropriadamente, eu escreveria outra! Mas essa é a beleza da música, não há receita pronta.

O quão diferente vocês acham que o cenário musical estaria hoje caso vocês não a tivessem gravado?

PH: É um grande elogio alguém te dizer que você é uma das inspirações da dance music, mas a verdade é que nós estávamos pegando emprestado do Kraftwerk. Também fomos inspirados por gente como Giorgio Moroder, Sparks, gente desse tipo. A proposta da inspiração é você pegar algo como ponto de partida, e daí transformá-lo em algo seu. Fomos muito afortunados em fazer isso com o Joy Division e depois com o New Order.

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BS: Estávamos na vanguarda com aquela música – coisa daquele tipo não estava endo tocada na rádio ou na noite. Havia música eletrônica, mas não tanta música eletrônica dançante. Havia algumas poucas outras pessoas tocando música desse tipo nas casas noturnas em Nova Iorque e Londres, mas em instrumentos de verdade. Não havia algo tão puro e eletrônico. De repente, essa faixa aparece soando tão diferente de todo o resto, então os DJs começaram a tocá-la. E ela ficava voltando pras paradas. Nós na verdade nunca pretendemos nenhuma execução de ‘Blue Monday’ nas rádios; ela já era um sucesso, apesar de não tocar na rádio. Pra ser justo, ela só estava disponível em single de 12 polegadas, então eles não podiam tocá-la na rádio e ela não faria sentido algum nas rádios, onde você só poderia tocar um fragmento e três minutos dela. Então foi através das casas noturnas que ela se tornou um sucesso, e tornou-se um sucesso de novo, e de novo e de novo, já que ela viajava de país em país.

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Há um boato famoso que diz que, apesar do grande número de cópias que o single vendeu, vocês acabaram perdendo dinheiro com ela por causa do desenho da capa, feito por Peter Saville. Vocês podem finalmente esclarecer isso?

PH: Não, é totalmente verdadeiro. A [gravadora] Factory o vendia por £1, e custava £1.10para fabricá-lo por causa da capa – que tinha que ter três envelopes cortados, todos individualmente – o preço de custo para fazê-la era na verdade maior do que isso. Uma das melhores frases de Steve Morris diz que os pedaços que você não ouve em Blue Monday’ é que custaram todo o dinheiro. E era verdade. Tony acabou tendo todos aqueles prêmios de bronze confeccionados para que comemorássemos as 500 mil cópias vendidas, quando estávamos na verdade celebrando uma perda de 50 mil Libras. Isso só poderia ter acontecido na Factory! Eles conseguiram reparar isso depois com uma capa normal, mas isso só ocorreu depois de uma quantidade enorme de cópias terem sido vendidas. Mas era assim que a Factory trabalhava. Rob Gretton costumava nos dizer toda vez que reclamávamos de dinheiro que havíamos enfiado na [casa noturna] Hacienda ou do dinheiro que havíamos perdido em ‘Blue Monday’, "Porra, o que vocês têm o dinheiro não pode comprar". E ele estava completamente certo. Quando eu me encontro com alguém como Bono, ou alguém do Coldplay, seja lá quem for, esses multi-multimilionários, eles não tem algo que temos – que é respeito. Nós conseguimos manter nossa credibilidade e nunca nos vendemos.

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BS: Ele vendeu caminhões de cópias, mas não recebemos nenhum prêmio por isso; estando em um pequeno selo independente, nós não éramos membros das sociedades relevantes. Então quando ele bateu nas 500 mil cópias, Tony fez um prêmio especial da Factory, essa engrenagem enorme que era quase como um martelo e uma foice. Eu ainda o tenho, na verdade. Pesa uma tonelada. [...]

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Sobre Nacho Belgrande

Nacho Belgrande foi desde 2004 um dos colaboradores mais lidos do Whiplash.Net. Faleceu no dia 2 de novembro de 2016, vítima de um infarte fulminante. Era extremamente reservado e poucos o conheciam pessoalmente. Estes poucos invariavelmente comentam o quanto era uma pessoa encantadora, ao contrário da persona irascível que encarnou na Internet para irritar tantos mas divertir tantos mais. Por este motivo muitos nunca acreditarão em sua morte. Ele ficaria feliz em saber que até sua morte foi motivo de discórdia e teorias conspiratórias. Mandou bem até o final, Nacho! Valeu! :-)
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