Rock Progressivo Italiano: Quinto Passeio pelo Sub-Gênero
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 26 de março de 2015
A Itália sempre foi importante produtora e exportadora de música de diversos estilos. Não poderia ser distinto com o rock progressivo, que teve no país um de seus terrenos mais férteis nos anos 70. Já fizemos 4 paradas em nosso passeio pelo RPI
Vamos dar mais uma voltinha, chegado até o século XXI, inclusive.
Forse le Lucciole Non Si Amamo Piú, do LOCANDA DELLE FATE deu azar de sair no fatídico 1977, ano da explosão punk. Ninguém prestou atenção a este álbum melódico, complexo e bonito, que agradará fãs de grupos de prog sinfônico tipo GENESIS, YES e GRYPHON. A instrumental A Volte Um Instante di Quiete abre os trabalhos em clima jazz rock e é minha favorita, com grandes passagens de piano e Hammond. As outras faixas são cantadas em italiano com vocal expressivo e cada uma delas tem pelo menos um riff de guitarra, flauta ou teclado que gruda, vicia ou simplesmente amolece o coração; sem contar os duetos entre os diversos instrumentos. Sabe aquela guitarra fininha a la Steve Howie ou Steve Hackett com piano salpicado, flauta trauteada e vocal dramático (sem exagero)? O paraíso pra almas sinfônicas tradicionais e sem experimentalismos.
Dedicato a Frazz (1973), único lançamento do SEMIRAMIS combina influências e instrumentos variados, sob a chefia dum guitarrista de 16 anos. Talvez a imaturidade dos meninos e a pouca duração das faixas resultem em ideias muito boas na mesma canção, que não são desenvolvidas, dando a impressão duma colcha de retalhos, que, se não decepciona, deixa a sensação de "quero mais" em muitas passagens. Luna Park, com seus 2 riffs grudentos de guitarra, é o momento alto. O mais enfadonho é a seção final de Um Zoo di Vetro, cerca de 2 minutos de marimba, xilofone ou sei lá o que tentando dar a impressão vítrea do título. Um álbum que não deixa o ouvinte indiferente.
Melos (1973), filho único do CERVELLO, é ideal pra ser ouvido com fone de ouvido por quem gosta de guitarra, psicodelia e momentos delirantemente bombásticos. Notável pela ausência de teclados, o álbum vai do pastoral folk ao caos experimental do KING CRIMSON ou VAN DER GRAAF GENERATOR, mas nunca enjoa nesses momentos, porque sempre tem uma guitarra, flauta ou sax desenvolvendo linha interessante e os momentos avant-garde não são longos. Os vocais são em italiano e bons, com um cantor que vez ou outra ensaia um gritinho meio hard rock. Pra ouvir repetidamente e descobrir elementos.
A tradição criativa da Itália na seara prog persiste. O UNREAL CITY lançou La Crudelitá di Aprile em 2013 pra deleite de amantes da linha sinfônica e muitos elogios ao cantor, que não me encanta, mas não obscurece a excelência desse trabalho cantado em italiano e que tem sonoridade muito contemporânea, mas carrega forte tradição setentista, expressa em constantes, fluentes e generosos jorros de teclados analógicos. Guitarras solando em diversos registros, muita teatralidade, alternância de ritmos e tempos, os quase 60 minutos têm trechos pra agradar roqueiros, góticos, Neo Proggers e a moçada que curte bandas jovens.
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