Tarja: cantora recebeu faixa contra o machismo no metal em Fortaleza
Por Ana Lima
Fonte: Divulgação
Postado em 30 de outubro de 2015
Em mais uma passagem da finlandesa Tarja Turunen pelo Brasil, dessa vez com sua turnê final promovendo o álbum Colours in the Dark, vivenciamos um momento atípico de protesto em pleno palco. Patrocinada por seus fãs, Tarja ergueu uma bandeira que clamava o fim do machismo no metal.
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A cantora possui uma extensa história no gênero, sendo considerada ícone marcante no cenário em que atua. Apesar disso, em várias oportunidades ficou cara a cara com a fachada machista do estilo: desde o comportamento abusivo de seus ex-companheiros de banda (relatado pela própria em diversas entrevistas) até passagens mais sérias, como o abuso sexual sofrido em pleno palco em um show no México.
Não apenas Tarja, como diversas outras cantoras vivenciaram essas e outras experiências semelhantes no decorrer de suas carreiras. Muitas já se pronunciaram contra isso, demonstrando que há uma disparidade de tratamento entre elas e os homens que atuam ao seu lado.
Elize Ryd, da banda Amaranthe, por exemplo, já chegou a citar que percebe uma cobrança exacerbada sobre si em detrimento da que recebem seus colegas de palco. Além dela, a banda possui outros dois vocalistas, mas apenas Elize recebe cobranças e críticas severas quanto à sua performance nos palcos.
Em mais de uma oportunidade, encontramos por entre revistas especializadas, sites e blogs diversas listas que hipersexualizam as "musas do metal", criando competições de beleza entre essas mulheres que trabalham, antes de qualquer coisa, com música. Ainda que haja listas semelhantes para o sexo masculino, a quantidade e sexualização é irrisória em comparação da encontrada com foco nas moças. Para elas, a música fica em segundo plano. Como declara a vocalista do Epica, Simone Simons: "(...) Sou muito mais do que peitos e bunda. Eu tenho um cérebro!". Além de comandar os vocais, ela ainda é compositora da banda e engrenagem chave para seu funcionamento - muito mais que uma mera imagem bonita ou decoração de palco.
Além disso, as diferentes vertentes em que estão inseridas são prontamente ignoradas, uma vez que quem comanda os vocais é mulher. Essa crítica já foi feita por Floor Jansen (Nightwish) e Angela Gossow (Ex-Arch Enemy). Bandas com frontwoman são todas classificadas como "female-fronted", como um gênero musical à parte dos demais. Não existe um gênero equivalente para as que são comandadas por vocalistas homens. Nas palavras de Floor, "isso mostra que a mulher é vista primeiro como mulher, depois como profissional de música". Segundo Angela, o Arch Enemy não deve ser encarado como uma female-fronted band, mas como a banda de metal extremo que, de fato, é.
Várias dessas facetas veem à tona, conforme as vocalistas chegam aos seus limites e expressam em entrevistas seu desconforto diante do meio. A ex-vocalista do Nightwish, Anette Olzon, declarou tempos atrás em seu blog pessoal sobre o lado obscuro da indústria para as profissionais do sexo feminino. Apoiada por outras vocalistas, como Mariangela Demurtas do Tristania, Anette relatou que lhe insinuaram ser necessário usar não apenas sua voz, mas seu corpo, para obter êxito. Olzon ainda diz que entrou em contato com diversas histórias de meninas, que ao buscarem o sonho de uma carreira como cantoras, ou mesmo ao procurarem ajuda para contatar suas bandas preferidas, eram recebidas com propostas obscenas de trocas de favores sexuais por oportunidades no mundo da música. A sucessora de Tarja ainda consta no currículo uma passagem conturbada pela banda Nightwish, que culminou em uma demissão dias após anunciar para seus companheiros que estava esperando um terceiro filho. Hoje, cuida de seus filhos e estuda enfermagem. Conforme citou em seu blog, a sujeira na indústria fez com que desistisse se sua carreira, por hora.
Entre outras iniciativas que procuram fortalecer as mulheres na cena do metal, o livro foto-jornalístico "Not Just Tits In a Corset - Celebrating Women in Metal", iniciativa da jornalista Jill Hughes Kirtland. Tem participação de várias outras musicistas do metal (não só vocalistas), e prefácio escrito por Doro Pesch, que é uma das maiores referências de mulher no metal, tendo começado a carreira nos anos 80.
"Abram espaço, homens. As mulheres do metal chegaram para ficar", ratifica Kirtland, em seu livro.
Fontes:
http://www.modadesubculturas.com.br/2015/04/floor-jansen-pelo-fim-da-categoria.html?m=0
http://anetteolzon2.blogspot.com.br/2015/08/when-you-loose-that-sparkle.html
http://www.blabbermouth.net/news/arch-enemy-s-gossow-we-re-not-a-female-fronted-band-we-re-an-extreme-metal-band/
http://thewomeninmetal.com/
http://www.vandohalen.com.br/vocalista-do-amaranthe-desabafa-contra-machismo-no-heavy-metal/
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