Soundgarden: músicos acusam Vicky Cornell de desviar renda de show beneficente

Os membros remanescentes do Soundgarden processaram Vicky Cornell, viúva do vocalista Chris Cornell, bem como o espólio do cantor, sob acusação de desvio de dinheiro. Eles acusam Vicky de ter utilizado o dinheiro arrecadado com um show beneficente feito em homenagem a Chris, em janeiro de 2019, para fins pessoais, tanto dela quanto da família dela.

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O processo do Soundgarden é como uma espécie de resposta à ação que Vicky Cornell moveu contra os músicos da banda em dezembro de 2019. Ela alegou que os integrantes estavam retendo centenas de milhares de dólares em direitos autorais que deveriam ser pagos a ela e sua família. Com isso, Vicky deu início a uma disputa relacionada a sete gravações inéditas que Chris deixou antes de morrer, em maio de 2017.

De acordo com a ação, movida no Tribunal Distrital da Flórida, divisão de Miami, os músicos do Soundgarden afirmam que foram convidados por Vicky Cornell para fazer o show-tributo, chamado "I Am The Highway: A Tribute To Chris Cornell", que aconteceu em 16 de janeiro de 2019, em Los Angeles. Eles concordaram com a proposta de que não seriam remunerados, pois Vicky alegou que toda a renda seria destinada para instituições de caridade.

O guitarrista Kim Thayil, o baixista Ben Shepherd e o baterista Matt Cameron alegam que Vicky Cornell mentiu ao dizer que não tinha intenção de desviar parte da renda - ou toda - para fins pessoais. "O Soundgarden se informou e acredita que Vicky Cornell mentiu ou foi negligente ao induzir o Soundgarden a tocar no evento sem compensação. A banda não teria interesse em participar sem compensação de um evento que beneficiaria Vicky e a família dela", diz trecho da ação.

Os músicos afirmam que os beneficiados pelo show beneficente não foram identificados e Vicky Cornell não respondeu às perguntas formais e informais de outras partes interessadas sobre como a renda foi utilizada. A viúva de Chris Cornell afirma que US$ 643 mil obtidos com o show foram destinados à fundação de pesquisas Epidermolysis Bullosa Medial, mas, segundo os integrantes da banda, o destino do restante da renda não foi identificado.

Thayil, Shepherd e Cameron exigem "auditoria completa da contabilidade", já que Vicky Cornell prometeu que não iria utilizar nenhuma parte da renda para outro objetivo que não fosse para fins de caridade. Até o momento, nenhum dos envolvidos se manifestou à imprensa sobre a ação.

Chris Cornell faleceu em 18 de maio de 2017, aos 52 anos. Ele cometeu suicídio após um show do Soundgarden em Detroit, nos Estados Unidos.

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente, 24 horas por dia. Qualquer pessoa que queira e precise conversar, pode entrar em contato com o CVV, de forma sigilosa, pelo telefone 188, além de e-mail, chat e Skype, disponíveis no site www.cvv.org.br.

O show em tributo a Chris Cornell

O show realizado em Los Angeles, no dia 16 de janeiro de 2019, foi realizado como uma espécie de festival e reuniu uma série de bandas e artistas que admiravam Chris Cornell. Entre eles, estavam Metallica, Foo Fighters, Miley Cyrus, Adam Levine, Melvins e outros.

Além disso, o Soundgarden fez um show especial com diversas participações, como as de Taylor Momsen (The Pretty Reckless), Taylor Hawkins (Foo Fighters), Marcus Durant (Zen Guerrilla), Tom Morello (Audioslave, Rage Against The Machine), Wayne Kramer (MC5), Buzz Osborne (Melvins), Peter Frampton e Brandi Carlile.

O Audioslave também se reuniu, com outros músicos convidados. Entre os convocados, estavam Perry Farrell (Jane's Addiction), Dave Grohl (Foo Fighters), Robert Trujillo (Metallica), Juliette Lewis (Juliette And The Licks) e Geezer Butler (Black Sabbath).

Outra banda relacionada ao passado de Chris Cornell que se reuniu na ocasião foi o Temple of the Dog. Os músicos Alain Johannes, Nikka Costa, Brendan O'Brien, Brandi Carlile, Jerry Cantrell e William DuVall (os dois últimos, membros do Alice In Chains) fizeram o show sob o nome do grupo junto de integrantes do Pearl Jam (com exceção de Eddie Vedder e Mike McCready). Eles convidaram alguns nomes como Fiona Apple, Miley Cyrus e Chris Stapleton para assumir os vocais durante a apresentação.

Audioslave: show especial com Dave Grohl, Perry Farrell, Geezer e mais

Temple Of The Dog: no tributo a Cornell com membros do Alice In Chains

O processo de Vicky Cornell contra o Soundgarden

Em dezembro de 2019, foi apurado que Vicky Cornell processou os integrantes remanescentes do Soundgarden sob acusação de que valores relacionados a royalties e direitos de sete gravações não lançadas. Ela afirma que os músicos estão retendo o dinheiro, que corresponde a uma quantia de centenas de milhares de dólares que deveriam ser pagos a ela e aos filhos que teve com Chris.

A viúva de Chris Cornell aponta que as 7 músicas em questão foram feitas apenas por ele, não pela banda. Ela declarou que chegou a oferecer o compartilhamento das músicas com o Soundgarden, para que fossem lançadas da forma que o artista queria, mas o grupo teria recusado.

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Em sua acusação, Vicky também disse que o guitarrista Kim Thayil colocou a família dela diante de "fãs leais e raivosos do Soundgarden" em perigo ao sugerir, em entrevistas, que ela é o principal obstáculo que impede a banda de lançar um novo álbum, com gravações de Chris Cornell. Sabe-se que, antes da falecer, o grupo já trabalhava em um disco de inéditas, e Thayil disse ao Music Radar em julho de 2019 que não sabia por que essas músicas não poderiam ser lançadas. "Pedimos gentilmente e sugerimos que isso iria beneficiar a todas as partes se a banda tivesse acesso aos arquivos e pudesse finalizar as músicas. Porém, parece haver alguma confusão entre as várias partes quanto ao que isso implicaria, como funcionaria e a quem beneficiaria", disse ele na ocasião.

O Soundgarden respondeu, na Justiça, alegando que as músicas em questão estavam sendo feitas de forma colaborativa. O caso ainda está tramitando.