Netflix: O que esperar do documentário sobre Michael Hutchence, do INXS?
Por Fabiano Fusaro
Postado em 11 de julho de 2020
Está disponível desde o dia 15 de maio na Netflix Brasil o documentário sobre a vida de Michael Hutchence intitulado Mistify.
Michael Hutchence era o vocalista da banda australiana INXS que misturava o new wave com o rock em seu estilo – o nome da banda uma brincadeira com a apalavra ´in excess´ (em excesso) – a banda foi formada em 1977 com outro nome e se tornou INXS em 1980 – lançaram entre 1980 e 1997 ( o ano da morte do vocalista) 10 álbuns.... e muitos, muitos, muitos sucessos como "Suicide Blond", "Never Tear Us Apart", "By My Side", "Disappear" entre muitos outros....
 
O INXS chegou ao seu auge logo após o lançamento do álbum "Kick" em 1987 que foi, definitivamente, um divisor de águas na carreira de todos e alavancou o grupo a um sucesso mundial.
Em 1991 foi lançado o álbum "Live Baby Live", em todas as plataformas disponíveis na época e esse álbum é absolutamente impecável e, provavelmente, o grande trabalho do INXS.... Inclusive, recentemente, a Eagle Vision anunciou que vai resmaterizar esse show para uma versão em 4k e disponibilizar em CD, DVD, Blu Ray e Vinil.
No auge do sucesso, os caras foram comparados ao U2 como uma das maiores bandas do mundo. O grupo acabou oficialmente só em 2012 – 15 anos depois da morte de Michael Hutchence
Falando mais especificamente sobre o documentário, o Mistify mostra um aspecto muito íntimo e emocional sobre Michael Hutchence, inclusive com muitas filmagens feitas pelo próprio cantor e depoimento de pessoas que estiveram muito próximas a ele, como ex namoradas e o irmão mais novo.
 
Uma das coisas que justifica tamanha intimidade e proximidade com imagens e depoimentos é o fato de que o diretor do documentário, o Richard Lowenstein era um amigo pessoal do cantor e diretor de diversos videoclipes da banda.... o que torna o material do filme muito rico e de credibilidade;
Esse aspecto íntimo é legal porque o filme retrata muito mais o ser humano por trás do rockstar do que exatamente o profissional à frente da banda. E o documentário foca muito mais na vida pessoal do que exatamente profissional, falando muito pouco sobre como composições, ou canções específicas...
Só que essa característica deixa o documentário bastante denso... algumas vezes introspectivo – os depoimentos foram tomados somente em áudio, não há imagens das pessoas falando sobre eles e o diretor abusa de imagens pessoais do cantor ao longo de uma hora e quarenta do filme...
 
Sem entrar demais no conteúdo do documentário, diferente de outros grandes nomes do rock, o Michael Hutchence vem de um lar aparentemente estável, próximos dos pais e irmãos, ainda que com alguns percalços no caminho. E tinha uma essência de artista.... não necessariamente de rockstar... era aquele tipo de cara que lia Nietzche e contemplava a natureza e em determinado momento parecia sugerir que o fato de ser um vocalista de uma banda de rock o diminuía enquanto "artista".
O documentário traça esse trajeto introspectivo do cantor e mostra um cara com um imenso talento, uma voz espetacular e ao mesmo tempo inseguro e atormentado. Tal qual quando comparado ao U2 em determinado momento, resolveram fazer uma espécie de dowsizing na banda deixando de tocar em grandes estádios para voltar aos clubs e pubs.
 
O filme também fala sobre seus relacionamentos, como com a também australiana Kyle Minogue e a filha que teve com a ex mulher de Bob Geldof, além das brigas com os tabloides britânicos e as diversas manchetes em capas de jornais de fofocas.
Michael Hutchence morreu em 22 de novembro 1997 e sua morte sempre foi cercada de polêmica. Uma teoria diz que o cantor morreu de asfixia erótica, que é a restrição intencional de oxigênio ao cérebro para fins de excitação sexual – causa mortis também de David Carradine, ator do filme Kill Bill, essa teoria ganhou força durante anos porque, segundo pessoas próximas ao cantor, ele era adepto do sadomasoquismo. Porém a autópsia, segundo o documentário, apontava a causa da morte para suicídio. Ele foi encontrado enforcado com o cinto preso à maçaneta da porta. No corpo dele encontraram traços de álcool, Prozac e cocaína.
 
Além de tentar enterrar de vez as polêmicas em torno da morte do cantor, o documentário tenta ainda traçar um caminho que leva o cantor ao suicídio e relata uma agressão sofrida por Michael por um taxista enquanto andava de bicicleta na Dinamarca. Ele leva um soco, bate a cabeça no meio fio e tem um dano cerebral grave que o faz perder o olfato e o paladar.
Segundo as pessoas que conviviam com ele, após esse "acidente", ele passou a ter crises de bipolaridade emocional e diversas outras sequelas, e o documentário explica esse episódio com riqueza de detalhes e, inclusive com depoimentos de pessoas como Bono Vox, que era vizinho de Michael Hutchence em um balneário na França.
Mistify é um documentário intenso sobre a vida e as tormentas de um grande astro do rock. Apesar do funeral de Michael Hutchence ter sido transmitido ao vivo na Austrália, não há no filme nenhuma menção a isso ou qualquer imagem do evento, além disso em determinado momento o filme fica cansativo, talvez pela quantidade de depoimentos sobre o mesmo assunto, e, basicamente, traça um caminho emocional do cantor até o seu suicídio em 1997.
 
Depois disso tudo o curioso é que Bob Geldof assumiu a custódia da filha de Michael Hutchence após a morte da mãe no ano de 2000. A filha do líder do INXS, agora com 22 anos, assistiu ao documentário, e segundo o diretor: "Ela se emocionou muito porque não conhecia todos esses aspectos de seu pai, que ninguém lhe havia explicado". E também lhe disse que, depois de ter que lidar com toda essa carga de emoções, não voltaria a ver o filme nunca mais.
Confira o vídeo completo abaixo:
 
Fabiano Fusaro - Apresentador do programa Líder Rock Club da rádio Líder FM 103,5 há sete anos, foi o criador do extinto blog Rock Mundo e agora divide algumas histórias, novidades e curiosidades - além de sua opinião - no Papo de Rock. Instagram: @fabianofusaro @papoderockoficial
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