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Overdose: em entrevista, o retorno, tretas passadas com Sepultura e muito mais

Por Mário Pescada
Postado em 23 de outubro de 2020

O OVERDOSE é uma das bandas mais conhecidas no cenário nacional, muito além do fato de ter dividido na estreia um EP com o SEPULTURA.

Por conta de músicas empolgantes e pela técnica acima da média de seus integrantes, como o guitarrista Cláudio David e o ex-baixista Fernando Pazzini, a banda conquistou e manteve uma grande base de fãs pelo Brasil e pelo mundo, apesar da guinada brusca de estilo no começo dos anos 90.

O curioso é que foi justo essa mudança musical que fez a banda chegar bem perto do sucesso internacional, sinal de que os caras estavam certos ao arriscar mudar. O movimento groove metal fervia no underground dos EUA, a banda estava crescendo no underground, mas, por motivos diversos, acabou batendo na trave e, em 1998, encerrou suas atividades para voltar somente em 2017.

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Para sabermos afinal o que fez a banda parar perto do auge e conhecermos mais algumas boas histórias, o 80 Minutos, através do seu colaborador Mário Pescada (MP), foi atrás do guitarrista Cláudio David (CD), sempre receptivo e com aquela tranquilidade mineira. Confira!

MP: Oi Cláudio, obrigado por atender o 80 Minutos!

CD: Olá, Mário! Eu que agradeço pela oportunidade e consideração!

MP: No começo, o som do OVERDOSE era mais voltado para o speed/heavy metal, uma exceção em relação a sonoridade da maioria das bandas de Belo Horizonte que optaram por seguir o metal mais extremo (thrash, death, black metal). Vocês chegaram a cogitar se mudar, por exemplo, para São Paulo, que tinha uma abertura e público maiores de speed/heavy metal do que Belo Horizonte?

CD: Chegamos a pensar em mudar para São Paulo sim, mas não somente pela questão do estilo, mas principalmente pela mídia especializada e pelas oportunidades. Mas realmente sofremos um pouco com o radicalismo de Belo Horizonte, que também se alastrou pelo país e pelo mundo em outras proporções. Nós queríamos fazer um som bem trabalhado e técnico, então, tivemos que suportar o radicalismo.

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MP: O OVERDOSE voltou aos palcos em 2017 como grande atração do Bloco dos Camisa Preta (nota: evento já tradicional em BH com shows organizados na rua, reunindo várias bandas e que atrai milhares de pessoas). Como foram as tratativas para reunir a banda e como que foi subir em um palco novamente, depois de um bom tempo fora dele?

CD: O Fernando Pazzini (ex-baixista) foi quem propôs a reunião com a ideia do retorno da banda. Ele havia passado por um procedimento no coração, então a ideia dele era nós voltarmos com o OVERDOSE enquanto ainda tínhamos condições. Todos concordamos com a ideia, menos o André (Márcio, ex-baterista), pois estava muito ocupado com a banda EMINENCE. Curiosamente, o próprio Fernando acabou desistindo, pois não passou muito bem nos ensaios, mas participou com o Helinho (Hélio Eduardo, ex-baterista) no Bloco dos Camisa Preta nas músicas "Anjos do Apocalipse" e na "Última Estrela", que fecharam o show. Esse show foi muito foda, tinha mais de 20 mil pessoas e muitas delas cantaram as músicas e gritaram o nome OVERDOSE. Foi muito emocionante voltar aos palcos depois de tantos anos parados! Além dos nossos fãs das antigas, havia meninos muito empolgados que não tinham tido a oportunidade de ver o OVERDOSE ao vivo ainda. Esse show entrou para a história da banda.

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MP: Ao vivo, o setlist tem se concentrado na fase thrash/groove, mais por conta dos vocais do Bozó. Você é um guitarrista muito técnico e as músicas da primeira fase da banda devem te exigir mais, tecnicamente. Como que fica esse balanceamento, você sente falta de um setlist mais calcado nos primórdios?

CD: Para ser sincero, eu estava há mais de 5 anos sem encostar na guitarra, então já foi muito difícil para mim recuperar um pouco da técnica para tocar as músicas do setlist. Tocar as músicas da fase mais técnica da banda me exigiu bem mais, até porque o setlist estava calcado nas músicas que eu ainda lembrava um pouco, pois eram as que tocávamos nas últimas turnês e shows isolados que fizemos em 2003/2004 no Rock História e em 2008 na Virada Cultural em São Paulo. Senti falta de algumas músicas, como "Sweet Reality" e "Nuclear Winter", mas o Bozó (vocalista) perdeu muito alcance de voz durante esses anos, o que torna quase impossível montarmos um repertório baseado na fase mais melodiosa do OVERDOSE. Também, o setlist atual mantem a coerência com o que fazíamos quando a banda parou.

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MP: Depois da reunião, a cobrança em cima de vocês por um novo disco, sucessor de "Scars" (1995), deve ser grande. Há planos concretos de se gravar algo novo, mesmo que demore mais um tempo?

CD: Sim, a cobrança tem sido grande. Mas, quando retornamos a banda, a ideia era apenas para fazermos show e não para um trabalho inédito. É lógico que temos vontade de lançar um trabalho novo, mas as dificuldades para concretizar um álbum no padrão do OVERDOSE são muitas. Nunca fizemos uma gravação na era da informática, sempre gravamos à moda antiga. Ensaiávamos durante meses e trabalhávamos duro nas músicas. Entravamos no estúdio com praticamente tudo pronto. Na época, nós nos dedicávamos praticamente exclusivamente à música, então, tínhamos tempo para todo o processo. Não digo que é impossível lançarmos um álbum novo, mas com certeza seria algo que demoraria um bom tempo. Por enquanto, estamos deslumbrando a possibilidade de fazer um EP.

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MP: Ouvi uma entrevista sua que haveria hoje, 1 ou 2 músicas inéditas. Essas músicas já teriam letra ou estariam por enquanto só no instrumental? Elas foram feitas em grupo? Por que elas não foram liberadas?

CD: Realmente, eu compus duas músicas durante a pandemia. Por enquanto, só temos o instrumental. Normalmente eu componho as músicas na guitarra e faço o arranjo básico do baixo e da bateria. Mas ainda faltam fazer os arranjos de vocais, letras e solos, então, ainda têm muitas coisas para fazer até elas estarem prontas para gravar. Como iremos gravar elas, também é outra coisa que ainda temos que resolver. Temos duas ideias boas, elas estão muito legais, mais para o lado dos últimos discos. Agora é tentar concretizar o projeto. Não liberamos elas porque, a rigor, ainda não estão prontas.

Para ler o restante da entrevista, acesse o site do 80 Minutos.

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Para adquirir material da banda, basta acessar o site da Cogumelo Records.

FONTE: 80 Minutos
https://80minutos.com.br/interview/86

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Sobre Mário Pescada

Mineiro, leitor compulsivo, ouvinte de todas as vertentes do rock - do blues ao grindcore. Valoriza mais a honestidade e entrega em cima do palco do que a técnica. Guarda os flyers dos shows que vai como se fossem relíquias.
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