Raimundos: Canisso critica e, ao mesmo tempo, defende Digão por falas polêmicas
Por Igor Miranda
Postado em 10 de maio de 2021
O baixista Canisso se pronunciou, pela primeira vez em vídeo, sobre as recentes polêmicas envolvendo seu colega de Raimundos, o vocalista e guitarrista Digão. Na filmagem, o músico voltou a reconhecer que o colega errou em algumas de suas atitudes, mas também o defendeu e disse que o frontman da banda "não tem profundidade para discutir política".
O vídeo de Canisso, com falas transcritas pelo Whiplash.Net, foi publicado dias após uma nova polêmica envolvendo Digão obter repercussão nas redes sociais. O vocalista do Raimundos vem rebatendo críticas desde que Pe Lu, ex-integrante do Restart, o definiu como "roqueiro reaça" em entrevista ao podcast "Falacadabra", de Felipe Barbieri.
Entenda o caso
- O que Pe Lu disse ao "Falacadabra": "Essa é uma decepção para mim: roqueiro reaça. É mais decepcionante do que aqueles que falam mal de mim. Tipo, sei lá, Digão e Rodolfo do Raimundos se encontrando de novo nos elogios ao (presidente da República, Jair) Bolsonaro".
- A resposta de Digão, em uma publicação já removida do Instagram: "Pe Lu, amigo, você deveria se decepcionar consigo mesmo. A minha história musical está tocando até hoje em todo lugar enquanto você aí precisa 'lacrar' pra alguém lembrar da sua existência".
Outros músicos do rock nacional, como João Gordo (Ratos de Porão), Tico Santa Cruz (Detonautas) e Lucas Silveira (Fresno), se manifestaram com críticas ao posicionamento de Digão - em 2020, o músico do Raimundos chegou a comparar a situação de pandemia e isolamento social com "amostra grátis de comunismo", pedindo desculpas tempos depois.
Novamente, Digão rebateu, compartilhando uma captura de tela de um fã que gostou do trecho de uma música nova do Raimundos e comentando: "Quem são vocês, Pe Lu, Tico Santa Cruz, João Gordo e Lucas Silveira e mais todos os PELA SACO que me chamam de 'roqueiro reaça'. Se vocês não despertam esse sentimento desse fã aqui através de sua música".
Canisso fala sobre Digão
Em seu primeiro vídeo divulgado no YouTube, Canisso manteve o posicionamento que já expressava em publicações no Twitter. O baixista não aliviou para Digão, mas apontou as virtudes do frontman e destacou que os outros envolvidos na recente briga também tiveram sua parcela de culpa.
Inicialmente, o músico classificou a abordagem de Pe Lu como "no mínimo inoportuna". "Não que estivesse errada ou certa, mas foi no mínimo inoportuno. Diz respeito a um post antigo, que Digão já teve a oportunidade de renegar e pedir desculpas por essas postagens", afirmou.
De acordo com Canisso, Digão "tem buscado se desvincular daquele comentário infeliz", em que associa a situação de pandemia com "amostra grátis de comunismo". "Era um momento diferente, estávamos no início da pandemia. Não sabíamos se seria boato ou uma coisa séria. Ele só externou um posicionamento equivocado e veio atrás de pedir desculpas. Na última live que fizeram, nos últimos trechos ele demonstra seu desvinculamento daquela ideia", disse.
Na visão do músico, o comportamento do colega em atacar Pe Lu foi "inadmissível" e "imperdoável". "Tive uma conversa recente com Digão e briguei muito com ele por isso. Em vez de defender sua liberdade de escolha, ele ficou com a cabeça tão quente que foi correndo atacar o Pe Lu como artista e pessoa. Isso é inadmissível, imperdoável. Não está certo. Apesar do oportunismo do post (de Pe Lu), ele teria que responder no campo das ideias, nunca das ofensas", comentou.
Sem "profundidade" para política
Ainda em sua filmagem, Canisso afirmou que Digão "não tem essa profundidade toda para discutir política", por isso, as opiniões do frontman do Raimundos sobre o tema podem ser mais passíveis de críticas.
"Ele tem um espírito meio intenso demais. Pode passar essa impressão de arrogante e tudo, mas no fundo ele tem um coração enorme. Ajuda muitas pessoas. É uma força da natureza. Canta, toca, carrega essa banda nas costas. Se a banda chegou a essa longevidade, é muito por conta do esforço natural dele, de sua entrega e paixão", afirmou.
O baixista pontuou que a área do amigo e a música, não a política. "Se você perguntar a ele sobre banda, arranjo, música, ele vai saber falar tudo, vai te dar uma aula. Mas ele é músico. Se quer saber de política, pergunte para um cientista político, para os caras da CNN. Ridicularizar uma pessoa só por ter uma opinião política diferente da sua, só por ela não saber se expressar politicamente tão bem, também não é tão legal", disse.
Na opinião de Canisso, o momento atual deveria ser da preservação da "liberdade de pensamento". "Não perdoando o imperdoável ou defendendo o indefensável, mas que as pessoas que estão erradas ou pensam diferente tenham a chance de buscar seu próprio caminho. Se der errado lá na frente, a gente deve ter o acolhimento necessário para recebê-las de volta. Se não, os políticos sempre vão jogar com essa dualidade", declarou.
Por fim, Canisso referiu-se com carinho a Digão, seu parceiro de banda há tantos anos, e apontou que o Raimundos não chegará ao fim em função dessas publicações nas redes sociais.
"O Digão é um bobo, mas é o meu bobo. Não mexe com meu bobo. Deixa que eu cuido dele. No palco, tudo funciona lindamente. Cuido para que isso se perpetue. Aqui é Raimundos, é uma família. Não é por causa de uma desavença política ou um desentendimento besta que vai acabar com essa história. Aqui ainda tem muita lenha para queimar", concluiu.
O vídeo em que Canisso fala sobre o assunto pode ser assistido, na íntegra, no player de vídeo a seguir.
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