Roger Waters: a contundente crítica à Esquerda pelo apoio à Rússia
Por Bruce William
Postado em 10 de março de 2022
Em um texto publicado no Scoop, Roger Waters, baixista fundador do Pink Floyd, postou o resultado de suas reflexões sobre a Guerra contra a Ucrânia. Leia abaixo a tradução integral do texto feito por Roger.
"Descobri uma coisa após passar a noite toda me debatendo. Nós da esquerda muitas vezes cometemos o engano de ainda olhar para a Rússia como uma empreitada socialista. Mas claro que não é nada disso. A União Soviética acabou em 1991. A Rússia é o paraíso não alterado de um gangster capitalista, que foi modelada durante o tempo de sua horrível reestruturação sob o comando de Boris Yeltsin (1991-1999) sob a ótica dos Estados Unidos da América. Não é nenhuma surpresa que seu autocrático, e possivelmente desequilibrado líder, Vladimir Putin, tenho menos respeito pela Carta da ONU e pelo Direito Internacional do que os presidentes recentes dos Estados Unidos ou os Primeiro-Ministros da Inglaterra tiveram (lembre-se, por exemplo, de George W. Bush e Tony Blair durante a invasão do Iraque). Eu, por outro lado, me importo com o direito internacional, a Carta da ONU e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e posso sem a mínima dúvida afirmar que se elegível para votar na Assembléia Geral de 2 de março, eu teria votado com os 141 embaixadores que apoiaram a resolução condenando a Rússia por sua invasão da Ucrânia e exigindo que ela retirasse suas forças armadas".
"Gostaria que a Assembléia Geral tivesse o poder de governar, mas infelizmente não tem, o que significa ainda mais que é um dever de todos nós, que amamos a liberdade, cumprimos as leis e somos ativistas contra a guerra ficarmos do lado dos nossos irmãos e irmãs de todo o mundo, independente de raça, religião ou nacionalidade, buscando uma paz definitiva. Claro que isso significa ficar do lado do povo da Rússia e da Ucrânia, o povo da Palestina, o povo da Síria, o povo do Líbano, os Curdos, os Afro-Americanos, os Mexicanos, os moradores da Floresta Equatoriana, os mineiros da África do Sul, dos Armênios, dos Gregos, dos Inuit, dos Mapuche e de meus vizinhos Shinnecock, apenas para citar alguns".
"Tem sido monstruoso ouvir repórteres brancos ocidentais (como Charlie D'Agata, da CBS News) lamentando a situação dos refugiados ucranianos por eles 'serem parecidos conosco', ao colocar que se deve assumir que eles são brancos ocidentais e que o conflito na Ucrânia é excepcional pois 'não é o Afeganistão ou o Iraque'. Isso é ultrajante. A implicação que é mais aceitável fazer guerra contra pessoas cuja pele é morena ou negra e expulsá-las de suas casas do que fazer guerra contra pessoas que 'parecem conosco'. Não é. Todos os refugiados, todas as pessoas que lutam são nossos irmãos e irmãs".
"Nestes dias difíceis, devemos resistir à tentação de tacar gasolina e queimar o bom/mau cara; exigir um cessar-fogo em nome da humanidade; apoiar nossos irmãos e irmãs que lutam pela paz internacionalmente, em Moscou e Santiago e Paris e São Paulo e Nova Iorque, pois estamos em todos os lugares; e parar de despejar armas de guerra na Europa Oriental, desestabilizando ainda mais a região apenas para satisfazer o insaciável apetite da indústria internacional de armas".
"Talvez devêssemos erguer nossas vozes para encorajar o ideal de uma Ucrânia neutra, como tem sido repetidamente sugerido durante por pessoas sábias de boa fé. Em primeiro lugar, claro, os ucranianos devem exigir um cessar-fogo; mas depois disso, talvez os ucranianos possam aceitar tal acordo. Talvez alguém pudesse perguntar para eles. Uma coisa é certa: isso não pode ser delegado aos gangstêrs. Se eles forem deixados por conta própria, os gângsteres vão matar a todos nós".
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