Regis Tadeu, Rock Nacional e o Regime Militar no Brasil
Por Bruce William
Postado em 13 de julho de 2022
Em um corte da Live que teve como tema o Rock Nacional dos Anos 80, o jornalista e crítico musical Regis Tadeu explica a relação entre o sucesso das bandas da época e o fim do Regime Militar no Brasil.
Regis começa contando que ele costuma jogar temas nas redes sociais para ver a resposta do público, e que neste caso a maioria escreveu não apenas valorizando o cenário roqueiro da década de oitenta mas ignorando completamente o que veio antes e falando mal do que veio depois, o que para ele é facilmente explicável pois há uma geração imensa de adultos que eram adolescentes nos 80s e por isto existe uma conexão afetiva muito grande com aquela época, fazendo uma correlação sobre o que aconteceu recentemente quando foi anunciada a turnê da dupla Sandy & Júnior. "E muita gente não acompanhou nas décadas seguintes os trabalhos das bandas pois elas simplesmente pararam a partir do momento em que essas bandas foram pra MTV. "Parece que todo mundo parou de acompanhar depois que o Renato Russo morreu", diz Regis.
Em seguida, o jornalista explica: "O Rock dos anos oitenta foi uma decorrência do estremecimento do final do regime militar aqui no Brasil. Não foi por acaso que justamente nos anos finais do regime militar é que surgiu esta cena dos anos oitenta. Porque foi uma manifestação por parte de jovens que passaram a ter um pouco mais de liberdade, que era aquela mesma liberdade que foi conquistada por toda aquela turma da MPB".
Regis diz ainda que mais um fator que ajudou a cena a florescer foi que as gravadoras tinham à disposição uma boa verba para investir em divulgação, e com isto as bandas começaram a tocar nas rádios. Sem contar que, como diz Regis, nesta época o mercado publicitário passou a notar os jovens, algo que até então não havia acontecido aqui no Brasil - excluindo a Jovem Guarda: "O que explica muito o fato daquelas bandas incríveis dos anos setenta não terem tido uma exposição midiática maior. Porque todo mundo aqui (no Brasil) parou de pensar no jovem como uma fatia significativa do mercado consumidor".
"O que você precisa entender", prossegue Regis, "É que antes desta geração dos anos oitenta do Rock, na década de sessenta todo este mercado consumidor jovem não era significativo pro mercado publicitário. De certa forma, toda essa molecada era vista como ainda subserviente ao mercado mais adulto. Evidentemente que quando houve, no final do governo militar, houve uma espécie de explosão da juventude em busca dessa liberdade, aí que o mercado consumidor percebeu que havia toda uma fatia imensa de consumo jovem, o que também foi notado pelas gravadoras aqui do Brasil", finaliza.
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