Neil Young só fará turnês se for totalmente "autossustentável e renovável"
Por André Garcia
Postado em 02 de dezembro de 2022
Neil Young já flertou com a música romântica em diversos momentos, mas nunca foi exatamente um romântico, no sentido acadêmico da palavra. O canadense sempre foi mais um idealista desiludido — o tipo que tem em sua cabeça como a vida poderia ser melhor, e não quer fazer parte do círculo vicioso.
Prova disso foi, este ano, o canadense ter removido suas músicas da maior plataforma de streaming do mundo por não concordar com suas práticas.
Conforme publicado pela NME, em recente entrevista para o The New Yorker, Young disse que, se ele voltar a fazer uma turnê, tudo terá que ser feito sem causar impacto ambiental.
"Eu tenho uma ideia. Tenho trabalhado nela com uns amigos por uns sete ou oito meses. Estamos tentando descobrir como fazer uma autossustentável e renovável turnê. Tudo que nossos veículos transportam — o palco, as luzes, o som... —, é com energia limpa. Nada de sujeira com a gente. Montando isso, podemos levar para qualquer lugar que formos."
"Isso é algo muito importante para mim, se eu voltar a sair [em turnê] novamente. Eu ainda não estou certo se quero, ainda estou tentando sentir isso. Mas, se eu for, quero ter certeza de que tudo seja limpo."
"Quando foi a última vez que você lembra de ter comido em um show, o quão bom foi? [A comida] veio de uma fazenda de agricultura familiar? Aposto que não. Veio de uma fábrica do agro negócio que está nos matando. Eu tenho trabalhado nessa ideia de incluir comida, bebida e merchandising nesse lance de tudo ser limpo. Me certificarei de que tudo venha de fazendeiros de verdade."
"Depois que já tiver montado, já tiver rodado e eu já tiver feito minha parte da turnê, não tem motivo para ela parar. A turnê pode continuar com outro headliner. É sobre sustentabilidade e renovabilidade para o futuro, o amor pela Terra como ela é. Nós queremos fazer o correto. Essa é a ideia", concluiu.
Neil Young
Neil Young iniciou sua carreira no Canadá, sua terra natal, mas só experimentou o sucesso pela primeira vez ao mudar para os Estados Unidos. Ele foi membro do Buffalo Springfield, que emplacou o hit "For What It's Worth", mas após sua separação flopou em sua estreia como artista solo.
Entre 1969 e 70, ele virou a chave e afundou o pé no acelerador, emplacando três álbuns aclamados como obras-primas e que tiveram grande êxito comercial: "Everybody Knows This Is Nowhere" (como líder do Crazy Horse), "Déjà Vu" (como membro do Crosby, Stills, Nash & Young) e "After the Gold Rush" (como artista solo).
Em 1972, após atingir seu auge com "Harvest", parecia que ele não tinha como dar errado. Entretanto, a ascensão ao status de astro fez com que ele se desiludisse com a superficialidade da fama. Ao rejeitar aquilo, em meados da década sofreu uma série de revezes em sua vida pessoal, que provocaram uma série de fracassos comerciais.
No final da década, ele ressurgiu mais pesado e cascudo que nunca com "Rust Never Sleeps" (1979). O álbum foi alavancado pelos hits gêmeos "My My, Hey Hey (Out of the Blue)" e "Hey Hey, My My (Into the Black)" — respectivamente, faixa de abertura e faixa de encerramento.
Ao longo da década de 80, voltou a amargar fracassos comerciais como resultados de suas batalhas criativas contra a gravadora. Seguindo em altos e baixos, tornou a brilhar com "Freedom" (1989) e "Harvest Moon" (1992).
Na ativa até hoje, Neil Young segue defendendo aquilo que acredita e lançando álbuns — tanto de material novo quanto de gravações antigas. Como sempre, ele segue fazendo o que bem entende, e sempre vale a pena ficar de olho. Afinal de contas, quando menos se espera, ele aparece com uma nova joia.
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