Paul Stanley sobre "Creatures of the Night": "Estávamos à beira da implosão"
Por André Garcia
Postado em 29 de junho de 2023
Depois de tanto queimar o filme com seus fãs no final dos anos 70, no começo da década seguinte chegou a conta para o Kiss, que beirou a implosão, segundo Paul Stanley.
Em meados dos anos 70, o Kiss se tornou uma das maiores bandas de rock pesado dos Estados Unidos. Só que a fama subiu à cabeça deles, que deram as costas para aquilo que os consagrou e embarcaram em tendências questionáveis, amargando fracassos comerciais. O fundo do poço foi uma tentativa frustrada de rock progressivo com "Music From the Elder" (1981).
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Em entrevista para a American Songwriter, Paul Stanley relembrou como "Creatures of the Night" (1982) marcou o começo de um processo de recuperação de sua credibilidade como banda de rock:
"[Em 'Music From The Elder'] nós amolecemos a música, estávamos sem pegada. Estávamos mais preocupados com nossos contemporâneos e as opiniões de nossos amigos do que com as opiniões de nossos fãs. Estávamos buscando aprovação de pessoas que nunca a dariam, ou que só nos dariam ao custo das pessoas que realmente importavam, as que nos tornaram o que somos. Gene e eu percebemos que estávamos à beira não da extinção, mas da implosão. Perdemos a noção ou o respeito por nosso sucesso. A música não era boa e estávamos envolvidos com outras coisas, o que a diluía ainda mais, aí que chegou um momento em que percebemos o quanto a banda significava para nós. 'Creatures of the Night' foi praticamente uma declaração para reafirmar quem éramos. Foi escrever músicas sem qualquer influência das pessoas ao nosso redor, ou qualquer coisa além de nossas raízes."
"Você não tem mais fome de comida ou necessidade de abrigo, mas precisa ter fome de criar no nível que deseja. Acho que perdemos aquilo. Acho que talvez tenhamos acreditado que lançar 'Creatures…' resolveria tudo, mas, na verdade, quando você trai sua amada e depois pede desculpas, não é só dar um abraço que tudo volta ao normal. 'Creatures…' foi o começo da gente se provando novamente para nossos fãs — e aquilo não levaria um álbum só. Até hoje, o considero um álbum ótimo e puro, porque o fizemos sem que ninguém nos desse opiniões. E ainda tínhamos Eric Carr, que era um baterista fabuloso, então ali poderíamos fazer o tipo de música que não conseguíamos antes. Mesmo assim, quando lançamos, foi recebido com uma resposta morna pela maioria das pessoas, e aquilo aconteceu porque as pessoas já estavam de saco cheio da gente. Nós meio que perdemos nosso foco, nosso caminho. Pegamos a saída errada e insistimos nela."
A guinada sonora com o quase heavy metal de "Creatures of the Night" não bastou para tirar o Kiss da lama. O disco vendeu pouco, e sua turnê foi repleta de shows vazios. Àquela altura para Paul já era nítido a necessidade de ser mais extremo e se reinventar por completo, a começar pelo visual, com o abandono das máscaras. Gene Simmons, no entanto, resistiu até quando pôde:
"Foi mais difícil para Gene tirar a maquiagem porque ele ficava perdido sem ela. Ele tinha criado um personagem tão forte que foi preciso passar por mais um álbum e pela falta de interesse do público pelo 'Creatures…' para que ele percebesse que as pessoas ouviam com os olhos, e estavam cansadas do que estavam vendo. Precisávamos de uma medida drástica", concluiu.
O Kiss não tinha mais público nos Estados Unidos e na Europa, mas na América do Sul, onde jamais haviam pisado, tinha milhares e milhares de fãs sedentos para ver os ídolos ao vivo pela primeira vez. Em 18 de julho de 1983, o Kiss tocou no Maracanã lotado, um dos maiores públicos de sua carreira. Aquele show foi também a despedida do Kiss mascarado. Semanas depois, eles foram à MTV revelar o novo e desmascarado Kiss, com o anúncio do ainda mais pesado álbum "Lick It Up" (1983).
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