Kiss: Paul Stanley relembra a mercenária coletânea "Double Platinum"
Por André Garcia
Postado em 18 de junho de 2023
Em 2 de abril de 1978, quando o Kiss ainda era uma máquina de vender, foi lançada a coletânea "Double Platinum". Ela, no entanto, pareceu não ter agradado a ninguém, nem Paul Stanley.
A intenção até foi boa: oferecer aos fãs os clássicos da banda em versões alinhadas a uma sonoridade mais moderna. Só que entre os fãs aquelas versões mexidas foram recebidas como um sacrilégio. Hoje o lançamento é amplamente visto como mercenário e desnecessário. Ficou com cara de que mexeram nas músicas apenas para que os colecionadores as comprassem novamente.
Conforme publicado pela Ultimate Classic Rock, no livro Kiss por Trás da Máscara, de David Leaf e Ken Sharp, Paul Stanley a detonou: "É só uma compilação em que ninguém [da banda] embarcou, [e alguém da gravadora] começou a rearranjar músicas que não precisavam ser rearranjadas. Sinceramente, a banda não teve nada a ver com aquele álbum. [...] Estávamos em uma onda de sucesso tão grande que certas pessoas na equipe queriam lançar o máximo de produtos possível."
A gravadora Casablanca decidiu por conta própria remixar as faixas, e Sean Delaney foi um dos encarregados pela tarefa. No mesmo livro ele defendeu os remixes:
"Descobrimos que cada um dos produtores dos álbuns do Kiss gravaram de forma totalmente diferente. Por exemplo, Eddie Kramer gravou todas as baterias em mono. Tivemos que encontrar um som para o qual todas as outras coisas pudessem ser elevadas. A produção de Bob Ezrin em 'Destroyer' foi a fita que tivemos que tentar igualar."
Todas as 20 faixas da coletânea soam diferentes para ouvidos já acostumados às versões originais. Além de remixadas, muitas possuíam introdução ou encerramento alterado, trechos cortados ou coisas incluídas. Nenhuma, entretanto, soou tão diferente quando "Strutter" — a única de fato regravada, e rebatizada "Strutter '78".
"'Strutter '78' foi ideia de Neil Bogart", prosseguiu Stanley, "[para ele] poderíamos tirar mais de 'Strutter' se fosse regravada com uma pegada mais disco, por assim dizer. Há momentos em que você faz coisas só para agradar à gravadora. [...] Se você já pintou a Mona Lisa uma vez, não entendo por que precisa pintar de novo. Não que 'Strutter' seja a Mona Lisa… mas, uma vez que algo tenha sido feito, não há motivo para fazer novamente. [...] Foi totalmente desnecessário."
Apesar do excesso de confiança demonstrado pelo título, "Double Platinum" não vendeu o suficiente para chegar a ser certificado disco de platina duplo. O Kiss chegou com uma coletânea a tal marca 10 anos depois, com "Smashes, Thrashes & Hits" (1988) que também teve lá suas polêmicas. A maior delas foi a balada "Beth" com o vocal de Peter Criss trocado pelo de seu substituto, Eric Carr.
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