As atitudes do metaleiro que impedem estilo de crescer, segundo influencer Raphael Casotto

Em entrevista ao Amplifica, Andreas Kisser afirmou que o metal é o estilo mais popular do mundo. Mas será que o gênero musical criado pelo Black Sabbath está conseguindo renovar a base de fãs mesmo?

Andreas Kisser diz que heavy metal é o estilo de música mais popular do mundo

Essa questão da relação dos atuais metaleiros com a nova geração de fãs que está chegando foi comentada por Raphael Casotto durante o The Bridge Cast. Com 89 mil seguidores no TikTok e 50 mil no Instagram, o influencer deu sua opinião sobre as atitudes que impedem o heavy metal de se expandir e aumentar em número de admiradores.

"No cenário atual, muita gente está usando o Tik Tok, mas eu fui um dos primeiros a explorar essa plataforma no nicho do rock e metal. Comecei a brincar com isso exatamente por conta daquela velha história do Massacration, sabe? Lembra quando eles surgiram e receberam bastante crítica da galera mais tradicional do rock, inclusive do próprio Kiko Loureiro.

O meu objetivo sempre foi alcançar mais pessoas e falar sobre o que eu mais gosto, que é o rock e metal. Com vídeos sérios também, indiquei bandas para aqueles que ainda não conhecem muito desse estilo. E é interessante notar que no Tik Tok há muitos jovens que não têm conhecimento de bandas clássicas, até mesmo do AC/DC.

O que não consigo entender é como algumas pessoas desejam que o estilo cresça, mas ao mesmo tempo querem excluir aqueles que estão apenas começando e ainda não conhecem todas as bandas. Isso simplesmente não faz sentido e não contribui para o crescimento do movimento.

Quando chega o Rock in Rio, muita gente critica a presença da Anitta, mas separam e excluem os novatos e as mulheres do metal. Infelizmente, isso é algo muito presente no meio, é como se fosse necessário passar por uma espécie de "teste de fogo" para ser aceito.

Recentemente, testemunhei uma situação constrangedora no show do Incantation, algo que é até baseado num meme. Um sujeito chegou perto de uma mulher e disse que ela não era fã de verdade, que estava ali apenas pelos músicos. Fiquei indignado com essa atitude! Afinal, a pessoa está no show porque é fã da banda, está investindo seu dinheiro e seu tempo, não é mesmo?

Devemos parar com esse tipo de exclusão. Se uma mulher aparece usando uma camiseta do Kiss, por exemplo, deveríamos simplesmente celebrar sua paixão pelo rock, ao invés de questioná-la sobre quantas músicas conhece ou duvidar do seu conhecimento no assunto. Reclamam que o metal é dominado por homens mais velhos, mas se continuarmos afastando as novas gerações e as mulheres, como esperamos que o movimento evolua?

Muitos criticam o Tik Tok, mas precisamos entender que essa plataforma tem ajudado a popularizar várias músicas e bandas, como Måneskin e Ghost, que comearam a bombar por lá, por exemplo."

Já para a produtora cultural Mariana Leivas, o que precisa acontecer para o metal se tornar maior e estourar a bolha tem a ver com voltar a se conectar com pautas da sociedade. A declaração foi ao Corredor 5.

Tiozão com bandana do Sepultura é o que impede rock de furar bolha, diz produtora

"Acho que uma hora o rock vai romper a bolha e voltar a crescer. Agora, ele foi todo para o outro lado. Com certeza, terá o momento do retorno do rock, mas para isso, ele precisa melhorar, né? Precisa estar mais para frente. Hoje, acabou ficando num lugar que são uns tiozões que botam bandana na cabeça para ver o Sepultura.

Precisa modernizar isso. Ficou com um pessoal meio reacionário e a sociedade não estava para esse lado. O rock precisa se conectar com as pautas mais sociais do que se acontece hoje. No rock sempre teve machismo e hoje o feminismo está sendo muito discutido. Só tem homem com visão antiga. A música é muito ligada a comportamento.

Em um momento em que se discute uma luta contra o racismo e machismo... O rock tem aquilo da seita, né? Nunca muda nada. O cara que gosta de uma coisa diferente vai ser zoado. O rock exige de você uma coisa que as pessoas não querem mais ser. As pessoas querem ver o que está sendo discutido", concluiu.

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