A coincidência alimentícia que perseguia todos os camarins da Blitz no início dos anos 80
Por Gustavo Maiato
Postado em 21 de outubro de 2023
Nos grandiosos anos 1980, a banda brasileira de rock Blitz começou a dominar o cenário musical do país. Com suas canções cativantes e apresentações empolgantes, eles eram adorados por multidões em todo o Brasil.
No entanto, além da música, havia uma estranha coincidência que seguia a banda em todas as suas apresentações: uma curiosa preferência gastronômica que todos os produtores de shows ofereciam nos camarins. Essa peculiar história foi compartilhada por Luiz Stein, o designer responsável pelo palco da Blitz na época, em entrevista ao Corredor 5.
"Na época em que a Blitz estava no auge no Brasil, a competição musical praticamente inexistia. Não havia segundo ou terceiro lugar, eles dominavam o cenário. A banda enchia casas de shows como o Canecão até mais do que grandes ícones como Roberto Carlos. A Blitz era simplesmente gigantesca e era o assunto do momento. Eles eram constantemente procurados para estampar capas de revistas de renome, como a revista IstoÉ e a Veja. Naquela época, a importância das revistas era incomparável com os padrões atuais.
A influência da Blitz se estendia por todo o país. O impacto era tão significativo que, onde quer que eles se apresentassem, havia sempre uma figura importante no camarim antes do show, geralmente o prefeito da cidade. Eles tinham uma saudação padrão para a banda: chope e batata frita. Esse gesto se tornou uma tradição monolítica, por coincidência.
É surpreendente pensar que tudo isso aconteceu em uma era sem internet. Se houvesse internet naquela época, as pessoas já teriam compartilhado essa prática em todos os lugares. Mesmo em cidades distantes, como Presidente Prudente, a ideia do chope e batata frita foi replicada [risos]. A Blitz estava em todos os lugares e era um fenômeno de sucesso. Era uma das raras ocasiões em que as gerações mais jovens, seus pais e até mesmo avós se reuniam para assistir ao mesmo artista. A Blitz conseguia atrair toda a família, inclusive com matinês aos domingos, onde as crianças eram tão entusiasmadas que algumas até desmaiavam".
NOTA DO EDITOR: "Chope e Batata Frita" eram citados no hit "Você Não Soube me Amar".
Histórias da Blitz
A banda Blitz, que surgiu nos primórdios dos anos 1980, desempenhou um papel fundamental na abertura de portas para o rock nacional e influenciou bandas posteriores, como Legião Urbana e Paralamas do Sucesso. Em uma entrevista concedida ao Corredor 5, o jornalista Luiz Felipe Carneiro mencionou uma característica peculiar da Blitz naquela época, que hoje, possivelmente, seria objeto de controvérsia.
Ele relatou: "No primeiro álbum da Blitz, havia um anúncio na capa informando que o vinil estava propositalmente arranhado nas duas últimas faixas devido à censura. Lembro-me de tentar trocar o LP, achando que estava defeituoso, mas na verdade, era uma escolha da banda. A Blitz era única em muitos aspectos, inclusive lançando álbuns de figurinhas. Sua capa colorida e a presença de duas mulheres na formação eram incomuns no mundo do rock, que normalmente era dominado por homens.
Além disso, suas letras eram cativantes. Eu vejo o Evandro Mesquita e a Fernanda Abreu como verdadeiras representações do espírito carioca. Eles tinham o pacote completo. Aliás, um amigo meu escreveu a biografia da Blitz. O baterista Juba também era sensacional. Ele tinha histórias incríveis! As pessoas costumavam brincar com sua aparência, devido à sua careca e tal, mas ele era um músico talentoso! Hoje em dia, acho que as pessoas seriam duramente criticadas por expressar opiniões desse tipo!"
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