A piada do porteiro que fez Humberto Gessinger refletir sobre traço negativo dos gaúchos
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de dezembro de 2023
Humberto Gessinger, ex-Engenheiros do Hawaii, é gaúcho de nascença, mas viveu no Rio de Janeiro no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Em entrevista ao Cidade do Rock, o músico refletiu sobre uma piada que seu porteiro fez e que o levou a refletir sobre o fato de os gaúchos serem autocentrados.
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"Hoje não tem mais centro e periferia, mas nos anos 1980 havia certa dificuldade para quem morava fora do eixo Rio - São Paulo. Quando vim para o Rio, eu já tinha dois discos de ouro na parede. Vim porque eu viajava muito e a malha aérea não é igual a de hoje. Para sair de Porto Alegre era mais difícil. Cheguei em 1988 e fiquei até 1996 no Rio. Fui muito bem recebido. Eles sabem receber muito bem, foi um tempo bacana. Fui na praia uma vez só! [risos]. Não gosto muito de viajar, conhecia muito pouco o Brasil antes da minha música me levar para o Brasil todo.
Nós gaúchos, as pessoas têm razão quando criticam que somos muito autocentrados. Quando vim morar aqui foi legal porque lembro que meu porteiro era o cara que mais entendia de futebol, né. Aí, ele sabia que eu era gremista. Passava por ele e ele falava: ‘Po, seu time perdeu’. Eu concordava. Aí, um dia ele disse: ‘Seu time perdeu ontem’. Eu falei que não, aí ele disse: ‘O Internacional perdeu’. Eu disse que era gremista, mas ele disse: ‘Não, gaúcho é tudo a mesma coisa!’. Outro dia, ele falou que meu time perdeu de novo, só que nem o Grêmio nem o Inter jogou! Aí ele disse: ‘O Figueirense perdeu!’. Eles são de Santa Catarina! Ele falou: ‘É tudo Sul!’. É legal sair daquela coisa autocentrada do gaúcho e aprender a ser mais macio igual ao povo carioca".
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Humberto Gessinger e a cultura gaúcha
Humberto Gessinger, um dos ícones do rock nacional oriundo do Rio Grande do Sul, é conhecido por suas opiniões francas, inclusive quando se trata de críticas à sua terra natal. Em uma entrevista à Unisinos, o ex-líder dos Engenheiros do Hawaii expressou sua visão sobre um hábito regional que ele considera "infantil".
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Segundo Gessinger, na região Sul há um consumo considerável de bebidas alcoólicas, algo que ele observa de maneira crítica. Ele compartilhou sua percepção sobre a preferência por vinhos baratos e servidos quentes, rotulando essa prática como infantil. Para o músico, essa ênfase na bebida muitas vezes ultrapassa o verdadeiro valor da arte em si, sugerindo que pode ter sido desagradável a experiência de consumir vinhos de baixa qualidade.
Essa perspectiva moldou sua abordagem de compartilhamento de conteúdo, optando por manter uma consistência em seus posts, valorizando a estrutura e a disciplina. Ele ressalta que para ele, a quebra de uma estrutura só faz sentido quando essa estrutura é significativa e existente, caso contrário, não há necessidade de rompê-la, pois isso não limita sua expressão artística.
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