Robert Smith marca data para o fim do The Cure e aposentadoria: "Se eu durar até lá"
Por André Garcia
Postado em 14 de outubro de 2024
Em 1965 Pete Townshend do alto de seus 20 anos escreveu um hino do rock britânico, "My Generation". Como já diz o título, a letra fala sobre a geração baby boomer no auge de sua rebeldia juvenil brandou "Tomara que eu morra antes de ficar velho". Hoje velho e vivo, o guitarrista já disse ter se arrependido do verso.
O desejo de aproveitar o hoje sem pensar no amanhã, entretanto, ficou enraizado no consciente coletivo do rock. Foi justamente a combinação dessa voracidade com o hedonismo que levou aos excessos que na virada daquela década para os anos 70 vitimaram três de seus maiores ícones: Jim Morrison, Jimi Hendrix e Janis Joplin. Todos mortos aos 27, foram os fundadores do maldito Clube dos 27 — ao qual infelizmente se associaram Kurt Cobain e Amy Winehouse.
Robert Smith à frente do The Cure viveu excessos inconsequentemente como uma montanha-russa. Especialmente nos anos 80, quando gozou dos excessos da inebriante vida de rock/popstar entre quedas no fundo do poço da depressão e das drogas.
Conforme publicado pela Ultimate Classic Rock, em entrevista para The Times Robert Smith cravou uma data limite para o fim do The Cure — e garante que dessa vez é para valer.
"Faço 70 anos em 2029; e acabou, acabou para valer. Isso se eu durar até lá, é isso. Tive uma vida muito privilegiada; não consigo acreditar na sorte que tive. Estou até agora fazendo o que sempre quis [mas] teve momentos em que pensei que não chegaria aos 30, 40, 50 anos. Minha mente não é mais tão afiada como antes, mas estou muito mais tranquilo e mais fácil de lidar."
Já vendo a morte do The Cure crescendo no horizonte, ainda na mesma entrevista, ele falou sobre o medo da morte e o convívio com sua inevitabilidade.
"Nossas músicas sempre abordaram o medo da mortalidade. Não sinto [que eu tenho a] minha idade [65 anos], mas tenho consciência dela. E conforme você envelhece, esse medo [da morte] fica mais real. A morte vira algo cotidiano. Quando você é jovem romantiza a morte [por ser algo que parece muito remoto], até que ela ceifa sua família e seus amigos."
"Sou uma pessoa diferente do último disco e queria transmitir isso. Isso pode ser banal. As pessoas poderiam dizer 'Fala sério, morrer todos nós vamos — me surpreenda!', mas eu tento encontrar alguma conexão emocional com a ideia."
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