Sharon Osbourne tentou impedir Ernie C de produzir álbum do Black Sabbath
Por João Renato Alves
Postado em 16 de novembro de 2024
Recentemente o Black Sabbath relançou o álbum "Forbidden" (1995) na caixa "Anno Mundi: 1989 – 1995". O trabalho foi retrabalhado por Tony Iommi, em uma edição com cortes e takes alternativos. O motivo principal foi a crítica ao original, produzido por Ernie C.
Em entrevista ao The Metal Voice (via BraveWords), o guitarrista do Body Count foi questionado sobre o que teria achado da nova versão. Ele respondeu: "Ficou muito bom, na verdade. Eu gostei. Aliás, eu estou naquela capa, minha foto está saindo do túmulo com o chapéu. Eu estou bem ali, com um chapéu virado para trás. Quem me escolheu para produzir não foi a banda, mas Miles Copeland (nota da redação: chefão da gravadora IRS e irmão de Stewart Copeland, baterista do The Police). Meu objetivo atualizar o som do Black Sabbath, fazê-los soar como o Nirvana."
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Um dos obstáculos foi convencer músicos dos anos 1970 a abraçar a ideia, o que gerou alguns atritos.
"Cozy Powell chegou com quatro baterias, tocou em cada uma delas por uma hora. Eu mixei do jeito que ia soar e ele tinha um cronômetro. Ele dizia tipo: ‘Ernie, estou errado aí.’ Eu fiquei tipo, ‘sério?’ Isso é uma coisa interessante que eu nunca tinha visto antes, eu sou de South Central, então não tínhamos cronômetros. (risos) Então, de qualquer forma, passamos por tudo e ele ouve sua bateria e me entrega uma fita e diz para fazê-la soar daquele jeito, ao invés de seca como estava. Eles queriam mudar, mas não queriam mudar, queriam ficar longe do curso. Eu queria mudar um pouco mais."
Em relação ao patrão e único a participar de todas as formações do grupo, Ernie deixou claro não ter realmente produzido Tony Iommi.
"Você não faz nada, apenas o deixa tocar. Brian May (Queen) e Jeff Beck apareciam no estúdio e eu me perguntava o que estava fazendo ali? (risos). Iommi era um cara ótimo, foi muito legal comigo e tudo mais, mas a música não saiu do jeito que queríamos. Ainda assim, foi uma boa experiência. Isso me fez dizer a mim mesmo, ‘ok, eu sou aceito no rock and roll’. Eles estavam meio que acomodados no que eram."
Um fato pitoresco aconteceu em meio às sessões. Sharon Osbourne tentou impedir Ernie de seguir com seu trabalho. O próprio recorda: "Tony e Ozzy não se davam bem naquela época. Eu disse que eles deveriam se reunir, pois tinham algo único. E depois disso ele tocou no OzzFest. Mas enquanto produzia o álbum, recebi uma carta de Sharon Osbourne ameaçando medidas legais. Tony disse para não se preocupar, pois ela fazia isso com todo mundo, só estava tentando assustar. E ela estava fazendo um ótimo trabalho nisso. (risos)"
Em relação ao vocalista Tony Martin, a impressão foi de que ele se preocupava demais com os antecessores.
"Tony era bom, mas teve que conviver com as sombras de Ozzy e Dio, assumir aquela função. Então ele tinha um problema. Às vezes falava: ‘Dio cantaria assim’. E eu pensava: ‘Por que você está dizendo isso?’"
E apesar de ser considerado quase unanimemente o pior trabalho do Black Sabbath, Ernie guarda boas lembranças de "Forbidden".
"Foi um bom disco. Se não fosse Black Sabbath teria sido ótimo, mas como era Black Sabbath, eles tinham grandes expectativas, não era o que esperavam. Quando as pessoas dizem que foi um álbum ruim, seja lá o que for... Eu sempre pergunto: ‘Quantos discos do Black Sabbath você produziu?’"
"Forbidden" marcou a reunião da formação do Black Sabbath que excursionou promovendo o álbum "Headless Cross" (1989) e gravou "TYR" (1990), com Tony Martin nos vocais e os retornos do baixista Neil Murray e do baterista Cozy Powell. Colega de Ernie C no Body Count, Ice-T participa na faixa de abertura, "The Illusion Of Power".
O disco entrou em seis paradas europeias, tendo como melhor posição o 19º na sueca. Sequer figurou nos charts americanos. Após uma curta turnê de divulgação, o quarteto original se reuniu e recolocou o nome da banda em alta no mercado.
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