O guitarrista que para Jeff Beck estava muito adiante de seu tempo
Por Bruce William
Postado em 15 de março de 2025
Todo guitarrista busca deixar sua marca, seja com hits ou álbuns inovadores, mas poucos conseguem criar música que transcende seu próprio tempo. Jeff Beck foi um desses raros artistas. Enquanto muitos dos seus contemporâneos estavam presos a fórmulas do rock tradicional, ele explorava novas abordagens, expandindo os limites da guitarra como poucos.


Seus primeiros passos foram com o The Yardbirds, onde ajudou a definir o som da British Invasion. No entanto, foi em sua carreira solo que Beck mostrou sua verdadeira essência. Álbuns como "Truth" abriram caminho para sua experimentação sonora, mas ele queria mais do que apenas ser comparado a outros gigantes do rock. Ao contrário de guitarristas que se acomodaram ao som de suas bandas, ele sempre buscou evoluir.
Isso contrastava com a visão que Beck tinha sobre alguns de seus colegas. Ele admirava a técnica de muitos guitarristas, mas também reconhecia quando um grande talento parecia limitado pelo contexto de sua própria banda. Foi o caso de Eddie Van Halen, que, segundo Beck, acabou "estagnado" dentro do Van Halen, sem explorar todo o seu potencial fora da banda.

Ao longo dos anos 1970, Jeff Beck deixou os vocais de lado e colocou sua guitarra como protagonista, criando trabalhos instrumentais de vanguarda. "Blow by Blow" e "Wired" são exemplos de como ele extrapolou os limites da música, incorporando jazz, funk e até elementos de música eletrônica. Mas mesmo dentro desse território, havia alguém que o impressionava imensamente.
Para Beck, John McLaughlin era um músico que parecia operar em outra dimensão. Com sua abordagem frenética e harmonias pouco convencionais, McLaughlin elevava a guitarra a níveis que pareciam quase impossíveis. O respeito de Beck era tanto que, quando interpretava as músicas do colega, sentia que estava apenas levando sua mensagem adiante.

"Sou apenas um mensageiro de John nessas músicas, porque quero que as pessoas o ouçam. Se gostarem da minha versão, então meu trabalho está feito. John está muito à frente de seu tempo - realmente está. Ele não é nem metade tão conhecido quanto eu gostaria que fosse. Essas músicas são tocadas com o mais profundo respeito", disse Beck, em fala replicada pela Far Out.
Mesmo com um estilo único, era impossível não notar a influência de McLaughlin no seu trabalho. Canções como "Scatterbrain" misturam a expressividade do blues com a velocidade e a complexidade típicas da Mahavishnu Orchestra, banda liderada por McLaughlin. E até seus últimos dias, Jeff Beck nunca parou de aprender. Ele entendia que a música era um universo infinito e sempre procurou absorver novas referências, trabalhando com diversos artistas e explorando estilos inesperados. Inclusive, antes de sua morte, ele estava desenvolvendo um novo álbum ao lado de outra lenda da guitarra.

Seja reinventando a guitarra ou homenageando aqueles que o inspiraram, Jeff Beck sempre esteve em uma jornada musical sem fim. Seu legado prova que os maiores músicos são aqueles que nunca param de evoluir.
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