Como bandas nacionais dos anos 1980 podiam superar as gringas, segundo Capital Inicial
Por Gustavo Maiato
Postado em 10 de março de 2025
Uma das teses de por que o rock no Brasil foi tão forte nos anos 1980 é sustentada pelo fato de que não havia tanta concorrência com shows de grupos estrangeiros, que só passaram a visitar o país com mais frequência depois do Rock in Rio de 1985 – e mesmo assim em escala muito menor do que a que acontece hoje em dia.
O fato é que, independente da qualidade das bandas nacionais de rock daquela década, o jogo começou a ficar mais difícil quando as apresentações de artistas gringos passou a atrair mais os roqueiros tupiniquins. Mas como o Capital Inicial via esse cenário? Em entrevista para uma edição da revista Bizz de 1987, os integrantes do grupo refletiram sobre essa disputa pela atenção dos fãs.
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O então guitarrista Loro Jones explicou que o estilo estava ficando cada vez mais profissionalizado. "Falando de rock, a nível de Brasil. Estão rolando coisas de fora dentro do Brasil. Está muito profissional. As bandas que fazem rock hoje, aqui, vão ter de soltar a franga... Antes não tinha essa concorrência, nem esse espaço que tem agora — a oportunidade de ver uma banda de fora, boa ou ruim... O rock, atualmente, se tornou uma profissão, entendeu? E a gente tem de rebolar muito para fazer uma coisa superior porque tem público pagando ingresso e entrando em shows do Cure, Lydon".
Quando a revista perguntou o que é preciso para que as bandas nacionais igualem a concorrência que vinha de fora, ele disparou: "Fazer com tesão, acreditar no trabalho que está fazendo, acreditar neste Brasil imenso que é superlegal — nas coisas da terra... Porque aqui tem muita coisa legal que as pessoas estão esquecendo. Ontem nós fomos ver o PIL, John Lydon... Tinha três, quatro mil pessoas e acho que metade não entendia o que o cara representava e o que ele estava dizendo. Eu fui porque sou fã. Hoje em dia eu toco por causa dele", afirmou.
Ele continuou o raciocínio: "Eu gostava de Sex Pistols e eles foram um grande incentivo para eu começar... A gente fica reclamando, ou abre uma revista brasileira e o músico brasileiro reclamando do público ou ainda tem músico que menospreza uma banda de outra. Isso tudo não está colando mais porque o público agora tem uma miscelânea tremenda e ir para um show no Anhembi é excelente e ir ver um Miles Davis. Acho que temos de parar de ter rixinha idiota e nos preocuparmos mais com trabalho".
Já o vocalista Dinho Ouro Preto reconheceu que estavam vivendo numa época ótima para se fazer rock: "Voltando ao assunto lá do rock, acho que a gente está vivendo uma época superprivilegiada para a música, porque temos um movimento praticamente único, como existiu no pop. Não existe uma identidade definida do que está acontecendo, e é justamente isso que está mexendo com a cabeça de quem quer fazer alguma coisa. Reflete também o que o brasileiro médio quer ouvir e do que gosta. Já vimos derrubar outros estilos... Isso vai mais longe", concluiu.
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