O álbum dos Beatles que Keith Richards detonou: "É uma salada de lixo; pilha de porcaria"
Por Gustavo Maiato
Postado em 10 de maio de 2025
A rivalidade entre Beatles e Rolling Stones sempre foi, em boa medida, um enredo cultivado pela imprensa. Embora houvesse comparações constantes, alimentadas por fãs divididos entre Liverpool e Londres, os integrantes das duas bandas nunca mantiveram inimizade pública. Mas isso não impediu que surgissem críticas diretas — e uma delas, vinda de Keith Richards, ficou marcada pela franqueza impiedosa.
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Em entrevista à revista Esquire (via Far Out), em 2015, Richards não poupou palavras ao falar do álbum "Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band", lançado pelos Beatles em 1967. "Algumas pessoas acham que é um disco genial, mas eu acho que é uma salada de lixo", disse. "Tipo o nosso ‘Their Satanic Majesties Request’ — ‘Ah, se vocês podem fazer uma pilha de porcaria, nós também podemos.’"
A raiz do desconforto de Richards com "Sgt. Pepper" está no estilo. Ele sempre foi um entusiasta do blues cru, direto, com raízes em Chuck Berry, Muddy Waters e Buddy Guy. A guinada psicodélica dos Beatles, com arranjos orquestrais e letras abstratas, parecia-lhe uma fuga da essência do rock’n’roll. "Os Beatles soavam incríveis quando eram os Beatles", comentou. "Mas não há muitas raízes naquela música. Acho que eles se deixaram levar."

Na mesma entrevista, Richards ironizou o abandono dos palcos pelos Beatles em 1966. "Aquelas garotas acabaram com eles", disse, referindo-se à Beatlemania. "Eles estavam prontos pra ir pra Índia e tudo mais."
Keith Richards e os Beatles
O mais curioso é que, ainda que tenha criticado "Sgt. Pepper", Richards e os Stones lançaram "Their Satanic Majesties Request" no mesmo ano, claramente inspirado no disco dos Beatles. A semelhança estética entre as capas — ambas carregadas de cor, colagens e mensagens escondidas — nunca foi negada. Na verdade, como reconheceu o próprio Richards, havia ali uma admiração velada: "Se eles podiam ir tão longe, por que a gente não poderia?"
O disco dos Stones, no entanto, foi mal recebido. Considerado disperso, pretensioso e inferior ao padrão da banda, Satanic Majesties é hoje lembrado mais como curiosidade do que como obra-prima. Richards também já reconheceu que o álbum "não envelheceu bem".

Apesar das críticas, Keith Richards sempre fez questão de afirmar que, por trás do "rivalismo", havia amizade. Em resposta a uma pergunta de fã em seu site oficial, em 2003, o guitarrista recordou com emoção o dia em que os Beatles foram vê-lo tocar no Station Hotel, em Richmond, no fim de 1962. "De repente, me vi diante daqueles quatro caras de sobretudo de couro preto. Pensei: ‘Caramba, olha quem está aqui.’" Ele prossegue: "A partir daí, sempre fomos bons amigos. A gente cuidava pra que nossos lançamentos não saíssem na mesma semana. Não havia competição — havia cooperação."

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