Quem é o sujeito que está na capa do álbum "Paranoid", do Black Sabbath?
Por Bruce William
Postado em 11 de junho de 2025
A capa de "Paranoid", segundo disco do Black Sabbath, é uma das mais estranhas da história do metal — e também uma das mais mal explicadas. Lançado poucos meses depois da estreia da banda, o álbum de 1970 trouxe uma guinada mais direta: riffs mais pesados, letras mais ácidas e canções que se tornariam clássicos imediatos como "War Pigs", "Iron Man" e a faixa-título.
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O plano original era que o disco se chamasse "War Pigs" ("Porcos de Guerra"), em referência à faixa de abertura e à crítica explícita à guerra do Vietnã. Mas a gravadora Warner vetou o título por medo de represálias, já que os conflitos ainda estavam em andamento e a música "Paranoid" vinha fazendo sucesso nas paradas. A solução foi renomear o disco — mas já era tarde para mudar a capa.
O fotógrafo Keith McMillan, que já havia trabalhado com a banda e viria a dirigir clipes de nomes como Motörhead e Kate Bush, preparou tudo com base no título antigo. As fotos foram feitas à noite no Black Park, em Buckinghamshire. A ideia era representar um "porco de guerra": o assistente de McMillan, Roger Brown, foi vestido com uma roupa rosa e amarela, espada e escudo nas mãos, e um capacete de motoqueiro. Algumas fotos chegaram a usar uma máscara de porco, mas acabaram descartadas.

Com exposições longas e efeitos de luz ultravioletas, o resultado foi uma imagem borrada, quase psicodélica — e completamente sem conexão com o novo título. Ainda assim, como havia pressa em lançar o disco, a gravadora aprovou e a imagem virou capa. O próprio Ozzy Osbourne criticou a decisão anos depois em declaração à Classic Albuns (via Far Out): "O título do álbum não tinha nada a ver com a capa. Que porra tem a ver um cara vestido de porco com uma espada na mão com ser paranoico? Eu não sei, mas eles decidiram mudar o título do álbum sem mudar a arte."
A banda nunca gostou muito da capa, e o desconforto foi reforçado pelo fato de o disco ter sido rebatizado sem consulta ao grupo. Apesar disso, a imagem acabou se tornando uma referência no imaginário do metal, mais pelo sucesso do álbum do que pela qualidade da arte. O próprio Sabbath teria capas ainda tão ou mais questionáveis nos anos seguintes.

Roger Brown, o homem por trás do traje, era apenas um assistente de fotografia. Hoje, seu papel na história do rock é lembrado mais como curiosidade do que por relevância artística. A capa de "Paranoid" continua sendo um daqueles casos em que o visual parece sair de um universo paralelo, completamente desconectado do conteúdo do álbum.
A contradição entre som e imagem, no entanto, nunca atrapalhou o impacto do disco. "Paranoid" segue como um dos pilares do heavy metal, mesmo com um guerreiro cor-de-rosa abrindo caminho na capa sem entender muito bem o que estava fazendo ali.

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