Rumo - Ícones da vanguarda Paulistana
Por Edsão
Postado em 03 de junho de 2025
Hoje vamos falar sobre o grupo "Rumo", a grande banda da vanguarda paulistana!
Vocês sabiam que São Paulo já foi relevante na música brasileira, e revelou um dos grupos mais singulares e espetaculares de nossa história?
Sim, a Paulicéia Desvairada não pariu apenas pagodeiros patéticos, mcs ridículos e rappeiros desprezíveis; houve um tempo em que havia originalidade e inteligência na cena musical produzida na maior capital do país.
Além do Rumo, a chamada "vanguarda paulistana" também nos brindou com artistas emblemáticos, como: Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Premeditando o Breque, e Língua de Trapo.

O Rumo nasceu da amizade de um grupo de estudantes brilhantes da USP (que na época era, de fato, um celeiro de grandes intelectuais em várias áreas do conhecimento).
A banda foi formada por nove ótimos músicos - quase todos eram cantores e multi-instrumentistas-, além de professores de alguma disciplina, nas horas vagas.
O Rumo foi fundado em 1974 por Luiz Tatit, um letrista refinadíssimo e violonista absolutamente genial, que também fez carreira na Universidade de São Paulo como professor e pesquisador de semiótica.
Posteriormente, juntar-se-ia à trupe, a diva, Ná Ozzetti – sem dúvida, uma das cantoras brasileiras mais virtuosas de todos os tempos.
A proposta musical do Rumo era abordar as canções a partir da entoação e musicalidade da fala. um conceito inovador que não repetia fórmulas nem gêneros.

Mesmo surgindo em uma época de ditadura militar, o Rumo não cedeu a panfletarismos baratos, e escracharam os idiotas da censura com humor refinado e de difícil compreensão para os milicos imbecis.
No repertório dos nove discos lançados pelo Rumo, de 1981 a 2019, você encontra rock, experimentalismo, harmonias sofisticadas e assimétricas, música clássica, jazz, ecos da época de ouro do samba, chorinho, e até canções infantis.
Mesmo reverenciados pelo meio musical, pela crítica, e laureados com diversos prêmios, o Rumo nunca alcançou o reconhecimento popular que lhe era devido, talvez por serem meio feios e muito inteligentes. Isto é um problema no Brasil.
Acabaram virando uma banda cult seguida por um público seleto que acompanha as carreiras solo e shows esporádicos de Luiz Tatit e Ná Ozzetti, e o projeto infantil "Palavra Cantada", de Paulo Tatit (irmão do Luiz).

Em 2004, o Rumo comemorou seu aniversário de 30 anos lançando um DVD que foi registrado em dois fins de semana de shows no Sesc, com o adendo de um programa especial para a TV Cultura.
Após um hiato de 15 anos, reuniram-se para a gravação do CD "Universo" que trouxe 14 músicas inéditas excelentes. Um discaço!
Aliás, em 2019, tive o privilégio de assistir ao lançamento deste CD em um show histórico e impecável no Sesc Pompéia.
No ano seguinte, foi lançado o documentário "Rumo" – dos diretores Flávio Frederico e Mariana Pamplona.
Infelizmente o filme passou em um circuito de cinema muito restrito e não tive a oportunidade de assisti-lo.
Em 2024, Ná Ozzetti e Luiz Tatit, o fundador e a cantora do Rumo, lançaram o CD "De Lua" - esta pequena obra-prima de "música providencial brasileira".

Bem, agora que você já conheceu um pouco da história do Rumo, é só ir atrás da obra deles, pois isso vai ampliar consideravelmente seu léxico musical, valeu?
Grande abraço!

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