O disco que mudou a história do heavy metal, mas Ozzy achou "bagunçado demais"
Por Bruce William
Postado em 18 de setembro de 2025
Se hoje "Master of Reality" é considerado um marco essencial para a evolução do heavy metal, a visão de Ozzy Osbourne sobre o disco era bem mais crítica na época do lançamento. Para ele, o trabalho soava inacabado e apressado demais. "Fiquei um pouco decepcionado com 'Master of Reality'. Foi um trabalho feito às pressas. Tínhamos que escrever rápido e gravar ainda mais rápido", comentou em entrevista de 1972.
Lançado em 1971, o disco saiu poucos meses após o estrondo de "Paranoid" e representava um novo passo na sonoridade do Sabbath. A guitarra de Tony Iommi foi afinada em C#, criando um peso que se tornaria padrão no metal dos anos seguintes. Mas Ozzy não parecia satisfeito com a forma como o processo foi conduzido. "Gravamos em uma semana. Em cerca de três semanas já estava nas lojas. Curiosamente, é o nosso disco mais vendido (Nota do redator: daquela época). Eu realmente não sei por quê."
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Do ponto de vista criativo, no entanto, o álbum mostrava uma banda em transformação. "Sweet Leaf" se tornou hino não oficial da cultura canábica, enquanto "Children of the Grave" e "Into the Void" consolidavam o som grave e arrastado que mais tarde definiria o doom e o stoner metal. As instrumentais curtas "Embryo" e "Orchid" ajudavam a criar uma dinâmica diferente, equilibrando o peso com atmosferas mais introspectivas.

Mesmo que Ozzy não estivesse plenamente convencido do resultado, a influência de "Master of Reality" só cresceu com o tempo. Músicos do Metallica ao Kyuss, do Candlemass ao Soundgarden, citam o disco como ponto de virada. A simplicidade das composições e a crueza do som ajudaram a estabelecer um novo padrão para bandas que buscavam fugir da estética mais limpa e técnica que começava a surgir no rock dos anos 70.
Também foi nesse disco que Ozzy experimentou uma abordagem vocal mais sensível, especialmente na melancólica "Solitude", que faz um contraponto com a dramaticidade exagerada de baladas posteriores como "Changes". Isso mostra que, apesar das críticas internas, o vocalista explorava novas possibilidades e dava pistas do que ainda faria nos anos seguintes.

Talvez o próprio Ozzy tenha subestimado a força de um álbum que, apesar da pressa, capturou um momento de transição. Se ele o via como um trabalho "bagunçado", os fãs e músicos das gerações seguintes o enxergaram como um esboço primitivo - e poderoso - daquilo que o metal se tornaria. Um disco que inspirou centenas de bandas sem precisar ser perfeito.

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