Lione e Rhapsody - "Triumph or Agony" e os problemas legais.
Por Paulo Henrique Nunes
Postado em 11 de setembro de 2025
Durante participação no Ibagenscast, comandado por Manoel Santos, o vocalista do Angra, Fábio Lione, respondeu a uma pergunta feita por um fã pelo superchat: "Como era o clima do Rhapsody na época do álbum Triumph or Agony e por que o disco não está disponível no Spotify?" A resposta descrita neste corte, revelou um dos períodos mais complicados da trajetória do Rhapsody of Fire.
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Segundo Lione, as dificuldades começaram quando os fundadores da banda, Luca Turilli e Alex Staropoli, assinaram um contrato com a Magic Circle Music, gravadora e produtora do baixista do Manowar, Joey DeMaio. No início, a parceria parecia positiva, com momentos criativos intensos e boas perspectivas. Porém, logo surgiram problemas: em quatro anos de contrato, a banda conseguiu realizar apenas 25 shows, sempre em conjunto com o Manowar, já que o acordo obrigava os contratantes a levar as duas bandas como um pacote único. Essa exigência gerou desgaste interno e abriu caminho para disputas judiciais entre os músicos e a gravadora.
Nesse contexto, o próprio Lione foi pressionado a assinar um contrato separado com a Magic Circle Music. DeMaio teria sido direto: ou ele aceitava a exclusividade ou o Rhapsody buscaria outro vocalista. "Ele disse: Você é único, essa banda sem você não funciona. Então assinei, mas não o mesmo contrato que a banda. Fiz questão de deixar claro que não seria como compositor principal ou artista solo", contou. A decisão custou caro, já que para cumprir as novas exigências ele acabou deixando o Vision Divine, dedicando-se exclusivamente ao Rhapsody.

Durante a entrevista, Fábio também destacou que, apesar de ser a voz da banda, nunca foi o compositor principal. Ele colaborou em cerca de 24 músicas, mas quase sempre em versos, pontes ou partes das letras. As únicas composições inteiras de sua autoria foram "Sea of Fate" e "Il Canto del Vento". Entre outras contribuições, cita versos de faixas como "Erian 's Mystical Rhymes e Gargoyles, Angels of Darkness". O protagonismo criativo sempre esteve com Turilli e, posteriormente, com Staropoli.
Lione reconhece que o auge criativo da banda ocorreu em "Symphony of Enchanted Lands II: The Dark Secret" (2004), trabalho que contou com a participação do lendário ator Christopher Lee. O primeiro ano de parceria com a Magic Circle ainda foi positivo, mas logo a liberdade do grupo foi sufocada. DeMaio não permitia que o Rhapsody se apresentasse sozinho, e isso afetou diretamente o álbum seguinte. "O Triumph or Agony paga um pouco o preço dessa tristeza", resumiu o vocalista.

Além das tensões criativas, o disco também carrega a marca dos problemas contratuais. A proposta da banda era criar algo menos orquestrado e teatral, mas o processo foi limitado pelas imposições externas. O resultado foi um álbum lançado em meio a frustrações e, até hoje, envolto em impasses legais. É justamente por conta dessas disputas judiciais com a Magic Circle Music que o Triumph or Agony não está disponível no Spotify. "Não sei como está a situação atualmente, mas são brigas jurídicas que impedem o disco de chegar às plataformas digitais", explicou Lione.

Rhapsody – Álbuns de Referência
As músicas as quais Fabio cita durante a entrevista são os álbuns - Power of the Dragonflame (2002), Symphony of Enchanted Lands Part II: The Dark Secret (2004), Triumph or Agony (2006) e The Frozen Tears of Angels (2010). Para quem não conhece sua trajetória, Fábio Lione foi vocalista do Rhapsody desde 1995, ainda quando a banda havia acabado de abandonar o nome Thundercross e adotar Rhapsody. Em 2006, por questões de direitos autorais, o grupo passou a se chamar Rhapsody of Fire. Lione permaneceu na formação principal até 2016, totalizando 21 anos de carreira com o grupo, com um breve retorno em 2017 e 2018 para a turnê comemorativa de 20 anos.

Gravadora Magic Circle Music
O Rhapsody assinou com a Magic Circle Music em meados de 2004, e foi pela gravadora que lançou a coletânea "Tales from the Emerald Sword Saga", que reuniu os principais sucessos da fase inicial da banda. Esse lançamento marcou o início de uma parceria que se estenderia até 2016. A relação começou a se deteriorar por volta de 2009, quando a banda precisava lançar "The Frozen Tears of Angels" e retomar as atividades após um período de inatividade. Esse hiato havia sido causado justamente por conflitos com os gestores ligados à editora do Manowar.
A gravadora foi fundada por Joey DeMaio e ficou responsável por gerir não apenas o Manowar, mas também bandas como o próprio Rhapsody of Fire e HolyHell. Embora a proposta inicial fosse dar suporte e visibilidade, a condução do contrato acabou restringindo a liberdade criativa e prejudicando a carreira internacional do Rhapsody, deixando marcas profundas na trajetória da banda e no lançamento de alguns de seus álbuns mais controversos.

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