As duas músicas "safadas" de Bruce Springsteen e seus duplos sentidos
Por Gustavo Maiato
Postado em 12 de outubro de 2025
Bruce Springsteen construiu uma das carreiras mais respeitadas do rock norte-americano com base em letras honestas, poéticas e profundamente humanas. Inspirado em Bob Dylan, o músico aprendeu a usar as palavras como espelho da vida real - das ruas, do trabalho, do amor e da solidão. "Sempre digo que ele é o pai do meu país. Dylan me mostrou uma América que eu reconhecia, que parecia verdadeira", afirmou o Boss em entrevista. As entrevistas foram compiladas por Dale Maplethorpe para a Far Out.
Ainda que Springsteen tenha ficado conhecido por retratar dramas sociais e histórias de redenção, nem tudo em sua obra é política ou nostalgia. De vez em quando, o artista deixa o romantismo de lado e dá espaço a algo mais carnal. O curioso é que, diferentemente de muitos colegas do rock, ele raramente fala de sexo de forma explícita - prefere insinuar, brincar com duplos sentidos e esconder a malícia sob letras aparentemente inocentes.
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Um bom exemplo disso está em "Cross My Heart", canção em que o narrador pede perdão à amada, mas com um tom que beira o sugestivo. "First time I crossed my heart, I was begging baby please, at your bedside, down on my knees", canta Bruce - em tradução livre, "Da primeira vez que fiz o sinal da cruz, estava de joelhos ao lado da sua cama, pedindo perdão". A imagem de um homem ajoelhado pode soar espiritual ou humilde, mas a ambientação íntima dá à cena um subtexto bem mais picante.
E se ainda restasse dúvida sobre a intenção, Springsteen trata de dissipá-la nos versos seguintes: "Second time I crossed my heart, rain came in from the south / I was lying there with something sweet and salty in my mouth". ("Da segunda vez que fiz o sinal da cruz, a chuva veio do sul / Eu estava deitado ali com algo doce e salgado na boca.") O "algo doce e salgado" que ele diz ter na boca não deixa muito espaço para interpretações inocentes - trata-se de uma das alusões mais ousadas que o roqueiro já escreveu.
Outra faixa que segue essa linha é "Red Headed Woman", lançada em 1992. Aqui, Springsteen abandona qualquer pudor poético e abraça o humor explícito. "Well, listen up, stud," começa ele, "your life's been wasted till you've got down on your knees and tasted a red-headed woman." ("Ouça bem, garanhão: sua vida foi desperdiçada até provar o gosto de uma mulher ruiva.") É o tipo de frase que Dylan jamais cantaria, mas Bruce o faz com o mesmo charme de um contador de histórias de beira de estrada.
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