O único astro do rock que David Gilmour considerava comparável a Syd Barrett
Por Bruce William
Postado em 10 de outubro de 2025
Syd Barrett fundou o Pink Floyd em 1965 e, por um breve período, tudo girou em torno dele: voz, canções, estética e rumo. As primeiras composições, com roupagens psicodélicas, lúdicas, cheias de imagens, apontaram o caminho. Depois, quando a espiral de drogas e problemas de saúde mental o tirou do eixo, a própria banda passou a caminhar sobre cacos.
É nesse contexto que David Gilmour entra, primeiro como reforço, depois como liderança musical. O afastamento de Syd deixou um sentimento de culpa mal resolvido, que os integrantes reconheceriam mais tarde. Mas uma coisa jamais mudou: o respeito absoluto pelo talento do amigo. Gilmour descreveu Barrett assim: "Ele era muito esperto, muito inteligente, um artista em todos os sentidos. E tinha um talento assustador com palavras e letras - elas simplesmente jorravam."


Ao tentar medir o que era tão singular em Syd, Gilmour recorreu a uma comparação ousada e clara. "O Pink Floyd inicial, sob a tutela do Syd, era quintessencialmente inglês, do mesmo modo que o Ray Davies é." Não se trata de semelhança de som, e sim de DNA: a capacidade de capturar o espírito de um lugar. Se Davies decodificava o cotidiano britânico com crônica e ironia, Barrett filtrava a mesma terra através de surrealismo, infância e fantasia.

Em seguida, Gilmour leva a equivalência adiante, e crava o veredito. "Ele foi uma das pessoas mais talentosas e poderia ter dado uma contribuição fantástica. Ele realmente sabia escrever canções e, se tivesse permanecido saudável, poderia ter derrotado o Ray Davies no próprio jogo dele." É uma afirmação pesada: para Gilmour, Syd não era só um cometa brilhante; era um compositor com estofo para rivalizar com um dos melhores letristas da ilha.
Faz sentido. A "britanicidade" de Barrett não vinha de nostalgia ou verniz literário; nascia do choque entre delicadeza e estranheza, infância e colapso, humor e sombra. Canções como pequenas caixas de música tortas que, quando abertas, revelam um país inteiro por dentro. É outra rota para o mesmo fim que Davies perseguia: dizer quem somos com imagens simples que ficam.

No fim, o que Gilmour diz não se trata apenas de um elogio, mas sim de um mapa para entender Syd Barrett fora do mito. Ele não foi só o gênio instável que inaugurou o Pink Floyd. Foi - isso dito nas palavras de quem o substituiu - um autor capaz de medir forças com o cronista máximo do pop inglês. E isso diz tudo sobre o tamanho que sua obra poderia ter tido, se o destino tivesse sido mais gentil.

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