Cazuza pode ser considerado gênio da música? Lobão opina
Por Gustavo Maiato
Postado em 09 de outubro de 2025
Entre brigas, risadas e madrugadas regadas a excessos, Lobão e Cazuza viveram de perto o auge do rock brasileiro dos anos 1980. Mais do que colegas de geração, foram amigos. E talvez justamente por essa proximidade, Lobão não enxergue o amigo com o rótulo de "gênio", tão usado para definir grandes nomes da canção nacional.
Em entrevista recente ao podcast Benja Me Mucho, o cantor e compositor foi direto ao ponto ao ser questionado sobre o legado de Cazuza. "Ah, eu sou muito próximo do Cazuza. Ele era muito meu amigo. Eu dava esporro nele e ele em mim. Como vou chamar ele de gênio?", disse, com o tom sarcástico que lhe é característico. "A gente tinha brigas pelas coisas mais mesquinhas e sórdidas. Éramos muito íntimos, gênio é o cacete. Era meu amigo, meu irmão. Um cara supertalentoso."

Lobão e Cazuza
Lobão ponderou, no entanto, que o ex-vocalista do Barão Vermelho realmente tinha algo fora do comum. "Óbvio que ele era diferenciado, mas para saber se é gênio demora uns anos para saber. Claro que ele era um cara completamente diferente de todo mundo - como eu, Renato [Russo] e outros. Quem é ou não é? Não sei. Mas éramos os caras mais espertos."
O músico também lembrou em outras ocasiões como a amizade com Cazuza era marcada por cumplicidade e contraste. Em conversa com o Inteligência LTDA, ele descreveu o comportamento provocador que ambos adotavam na juventude: "O Cazuza fazia questão de ser escrachado. Ele mijava nos pratos dos restaurantes. Eu mijei na cabeça de uma camareira, porque estava maluco, se fosse hoje eu seria preso. A gente vestia o personagem do roqueiro fazendo loucura. Eu falava para o Cazuza que éramos garotos doces da burguesia, e era isso mesmo. Ele era muito educado, mas fazia coisas horrorosas. Éramos bons rapazes."
Mais do que um retrato de amizade, o relato de Lobão ajuda a entender o olhar ácido com que ele enxerga a própria geração. O rótulo de "gênio", para ele, não cabe quando há intimidade demais - talvez porque a admiração cede lugar à memória crua das imperfeições.
Confira a entrevista completa abaixo.
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