A única música do "Somewhere in Time" do Iron Maiden que não usa sintetizadores
Por Gustavo Maiato
Postado em 07 de novembro de 2025
No auge dos anos 1980, o Iron Maiden parecia invencível. A banda britânica vinha de uma maratona de discos e turnês que a transformaram em um dos maiores nomes do heavy metal. Exaustos, mas determinados a evoluir musicalmente, os integrantes decidiram apostar em novas sonoridades - e o resultado foi "Somewhere in Time", lançado em setembro de 1986. O álbum marcou a estreia dos sintetizadores de guitarra no som do grupo, criando uma atmosfera futurista que refletia o avanço tecnológico da época. Mas, entre riffs processados e timbres eletrônicos, uma faixa destoava por completo: "Wasted Years", a única do disco gravada sem o uso de sintetizadores.
Como relembra o escritor Stjepan Juras no livro "Somewhere in Time – Um Clássico do Iron Maiden", "Wasted Years foi o primeiro single do álbum e também o mais humano, o mais emocional". A canção, escrita por Adrian Smith, foi lançada no dia 25 de agosto de 1986 e alcançou o 18º lugar nas paradas do Reino Unido. Segundo Juras, ela se destacou por "fugir do experimentalismo e resgatar a essência do Maiden melódico e direto dos primeiros álbuns". Gravada com base em um riff cativante, tornou-se um hino de superação e nostalgia - sentimentos que permeavam a banda após anos longe de casa.

Iron Maiden e "Wasted Years"
Apesar do título melancólico, a música é, na verdade, otimista. "Wasted Years é sobre deixar o passado para trás e olhar para frente", escreve Juras. Ele explica que o próprio Adrian Smith, que vivia um período conturbado na vida pessoal, transformou as dificuldades em um recado de esperança. O refrão - "Don't waste your time always searching for those wasted years" (Não perca seu tempo sempre procurando pelos anos perdidos) - soa como uma confissão sincera, um lembrete de que o presente pode ser o melhor momento da vida.
O processo de criação, contudo, quase terminou sem final feliz. Adrian chegou a hesitar antes de mostrar a música ao grupo. "Ele acreditava que o riff era comercial demais e poderia destoar do restante do álbum", conta Juras. Mas Steve Harris ouviu a ideia e imediatamente percebeu o potencial. O líder do Maiden insistiu para que a faixa fosse gravada, mesmo sendo a única do álbum sem sintetizadores. A decisão provou-se acertada: "Wasted Years" se tornou uma das músicas mais queridas pelos fãs e uma das poucas canções da banda que soam plenamente acessíveis sem perder identidade.
O livro também menciona que o título original seria "Golden Years", um nome provisório que chegou a ser citado por Bruce Dickinson nos shows da Somewhere on Tour. "O refrão fala sobre estar vivendo seus anos dourados agora - não depois", escreve Juras, destacando o caráter quase filosófico da letra. Esse contraste entre o desgaste da estrada e a positividade do texto explica por que a faixa se tornou um ponto de respiro dentro de um álbum repleto de atmosferas frias e futuristas.
Em vídeo publicado no YouTube, o músico e produtor Leo Richter reforçou parte dessa visão, comentando que Bruce Dickinson, antes das gravações, havia sugerido um álbum mais acústico, "algo inspirado em Physical Graffiti ou Led Zeppelin IV". A ideia foi rejeitada por Harris, o que afastou momentaneamente Bruce do processo de composição. Foi justamente essa brecha que abriu espaço para Adrian Smith assumir o protagonismo criativo e entregar três músicas fundamentais: "Sea of Madness", "Stranger in a Strange Land" e "Wasted Years".
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O álbum conceitual do Angra inspirado no fim do casamento de Rafael Bittencourt
O vocalista que irritou James Hetfield por cantar bem demais; "ele continua me desafiando"
O álbum do rock nacional dos anos 1980 que Prince ouviu e gostou muito do trabalho
Ex e atuais membros do Pantera, Pentagram, Dark Funeral e Fu Manchu unem forças no Axe Dragger
A maior linha de baixo do rock, para Geddy Lee; "tocaria com eles? Nem a pau"
Garotos Podres são indiciados e interrogados na polícia por conta de "Papai Noel Velho Batuta"
Box-set do Rainbow com 9 CDs será lançado em março de 2026
A melhor música do Pink Floyd para Rob Halford, que lamenta muitos não compreenderem a letra
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
O dia em que Romário foi assistir a um show do U2 - e não gostou do que viu
A banda australiana que não vendia nada no próprio país e no Brasil fez show para 12 mil fãs
Por que Frejat demitiu seu guitarrista de longa data: "Eu não saí, fui saído"
A música que era country, mas acabou virando um clássico do rock progressivo
Amy Lee confirma novo álbum do Evanescence para 2026
Megadeth lança "Let There Be Shred", faixa de seu próximo - e último - disco
O hino que o Iron Maiden quase não gravou pois o autor achou que era "muito comercial"
Blaze Bayley relembra reação de Steve Harris ao ser apresentado a "Man on the Edge"
As 10 turnês de rock mais lucrativas de 2025
Como Jimi Hendrix levou o Iron Maiden a sonhar em ter seu próprio avião
Adrian Smith se diz triste pela aposentadoria de David Coverdale, mas reconhece que era o momento
Iron Maiden confirma segundo show da "Run For Your Lives Tour" em São Paulo
O "empurrãozinho" que pode ter ajudado Blaze Bayley a entrar no Iron Maiden
Como a WWE ajudou a popularizar o Alter Bridge, banda que abrirá show do Maiden no Brasil
Bruce Dickinson revela os três vocalistas que criaram o estilo heavy metal de cantar
Será que ele curtiu? O dia que Adrian Smith tocou na guitarra de Kirk Hammett
Steve Harris admite que sempre foi "acumulador" de coisas do Maiden, e isso salvou novo livro
Kerrang!: os 100 melhores álbuns de Rock em lista da revista
A sincera opinião de um nativo indígena sobre "Run to the Hills" do Iron Maiden


