As mortes de rockstars de 2020 a 2025 que mais doeram na alma, segundo Gastão
Por Gustavo Maiato
Postado em 05 de dezembro de 2025
Entre 2020 e 2025, o rock atravessou um de seus períodos mais silenciosos e dolorosos. Em poucos anos, partiram artistas que não apenas fizeram sucesso, mas ajudaram a construir a linguagem, a estética e o espírito de um gênero que moldou diferentes gerações. A sucessão de mortes não chocou apenas pela quantidade, mas pelo peso simbólico dos nomes envolvidos - músicos que redefiniram instrumentos, criaram novos estilos ou se tornaram sinônimos de épocas inteiras. Para o comunicador e pesquisador musical Gastão, o baque foi inevitável: "Quando eu parei para levantar os nomes, fiquei impressionado. A lista é simplesmente assustadora. É gente demais, importante demais, indo embora rápido demais."
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A ideia do levantamento, segundo ele, surgiu como um gesto de homenagem. Ao reunir os nomes de artistas mortos desde 2020, Gastão percebeu que não se tratava apenas de uma enumeração de perdas, mas de uma espécie de radiografia emocional do rock contemporâneo. "Não é só quem morreu. É o que cada um representava. Esses caras não eram ídolos descartáveis. Eles moldaram tudo o que a gente ama na música." O levantamento inclui nomes de diferentes vertentes, épocas e países, mostrando que o impacto não se concentrou em um único estilo, mas atravessou praticamente toda a história do rock.

Mortes de rockstars nos últimos anos
Entre as perdas recentes, estão figuras centrais da contracultura dos anos 1960 e 70, como Wayne Kramer, líder do MC5, morto em 2024 aos 75 anos. Símbolo do rock politizado e incendiário de Detroit, Kramer fez do MC5 uma das bandas mais influentes - ainda que menos populares - da história do gênero. "O MC5 nunca foi banda de massa. Mas sem eles, muito do punk e do hard rock nem existiria", resume Gastão. O New York Dolls, outro pilar da música de atitude e da estética glam-punk, perdeu seus dois últimos sobreviventes: o guitarrista Sylvain Sylvain, em 2021, e o vocalista David Johansen, em 2025, aos 75 anos. "Com o Johansen, morre o último elo vivo daquela Nova York suja, artística e elétrica dos anos 70", diz.
O grunge também entrou para a lista de luto com a morte de Mark Lanegan, vocalista do Screaming Trees, em 2022. Lanegan representava a face mais sombria, bluesy e elegante do movimento. "Era o cara da voz de areia, da entrega sem verniz. Um dos poucos do grunge que envelheceu artisticamente com dignidade", avalia Gastão. Pouco depois, a banda perderia também seu baixista, aprofundando ainda mais a cicatriz entre os fãs.
No Reino Unido, o impacto veio com nomes ligados à era de ouro do rock britânico. O Fleetwood Mac perdeu dois pilares: o lendário Peter Green, fundador da banda e um dos guitarristas mais emotivos de sua geração, em 2020; e Christine McVie, em 2022, responsável por alguns dos maiores sucessos da fase mais pop do grupo. "Sem o Peter Green, não existiria Fleetwood Mac. Sem a Christine, eles não teriam conquistado o mundo", resume Gastão.
O mesmo vale para Robbie Robertson, líder do The Band, morto em 2023, e David Crosby, falecido no mesmo ano. Ambos ajudaram a tirar o rock do território exclusivamente juvenil e colocá-lo no patamar de música adulta, autoral e sofisticada. "O The Band mudou o jeito de compor. Até o Eric Clapton repensou a própria carreira depois deles", lembra Gastão. Crosby, por sua vez, levou a canção folk-rock a um novo nível de densidade emocional e poética.
Mortes na música que marcaram
Já na soul music e na música negra americana, perdas como Betty Davis, Bill Withers, Sly Stone e Tina Turner representaram verdadeiros abalos sísmicos. "A Tina não foi só cantora. Foi uma força da natureza. Um gênero inteiro passava pelo palco quando ela subia para cantar", afirmou Gastão ao comentar sua morte, em 2023.
Em 2025, o impacto continuou com a morte de dois gigantes da música pop-rock: Brian Wilson, dos Beach Boys, e Rick Davies, fundador do Supertramp. "O Brian Wilson foi o cara que provou que música pop podia ser arte, sonho e psicodelia ao mesmo tempo", diz Gastão. Já Davies, segundo ele, foi "responsável por uma das discografias mais emocionais e melódicas do rock britânico dos anos 70".
A lista segue extensa e diversa: Burke Shelley (Budgie), John Sykes (Thin Lizzy e Whitesnake), Terry Reid, Marianne Faithfull, Tom Verlaine (Television), Andy Gill (Gang of Four), Andy Fletcher (Depeche Mode), Brent Hinds (Mastodon), além de brasileiros fundamentais como Hermeto Pascoal, Lô Borges e Angela Rô Rô. Para Gastão, o Brasil não ficou imune à devastação: "Perder Hermeto e Lô num intervalo tão curto é como perder bibliotecas inteiras de uma vez."
Mesmo com tantos nomes, Gastão admite que algumas mortes doeram mais do que outras. Em sua lista pessoal, seis se destacam por impacto emocional. Entre elas, Jeff Beck, morto em 2023, e Charlie Watts, em 2021. "O Beck não tocava guitarra. Ele conversava com ela. E o Charlie era aquele baterista invisível que sustentava tudo", define.
Mas três perdas atravessaram um limite ainda mais profundo: Ace Frehley, Ozzy Osbourne e Eddie Van Halen. Sobre Ace, fundador do Kiss, Gastão diz simples: "Sem ele, milhões de guitarristas nem teriam começado". Já Ozzy, segundo ele, não foi apenas vocalista do Black Sabbath: "Ozzy foi o rosto do heavy metal por cinco décadas. Não existe outro igual". Eddie Van Halen, por sua vez, representou uma ruptura técnica e estética. "Depois do Eddie, ninguém tocou guitarra do mesmo jeito. Ele reescreveu as regras do instrumento."
Acima de todos, porém, está Neil Peart, baterista e letrista do Rush, morto em 2020. Para Gastão, foi a perda mais devastadora. "Esse foi o que eu não superei. Chorei dias. O Neil não era só músico, era pensador, filósofo, poeta. O cara escrevia sobre vida, morte, tempo, fracasso, superação." Segundo ele, Peart foi o artista que mais o acompanhou ao longo da vida. "Quando ele morreu, parecia que uma parte da minha juventude tinha ido embora junto."
Ao final, Gastão resume o sentimento que atravessa todo o levantamento: não se trata apenas de saudade, mas de um luto cultural. "A gente não está enterrando só pessoas. Está enterrando épocas inteiras da música." Mesmo assim, ele vê na memória um gesto de resistência: "Eles continuam vivos nos discos, nas canções, nos fones de ouvido. O rock não acaba - ele muda de lugar."
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