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Os Playmobils: entrevista com a banda de Manaus

Por Mário Orestes Silva
Postado em 19 de junho de 2017

Com mais de 15 anos de carreira, algumas gravações e um livro no currículo, além de extensa e contínua agenda de shows, a banda Os Playmobils vem se firmando como um dos expoentes de maior significância no cenário local da cidade de Manaus. A simplicidade na sonoridade reflete diretamente a humildade e o carisma de Albenízio Júnior, Henrique Magnani e Carol Magnani que formam este power trio, que cedeu gentilmente uma entrevista exclusiva para o blog Orestes. Vida longa aos Playmobils!

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Orestes: O nome da banda é referência direta a um brinquedo. Onde mais há referências inusitadas no que os Playmobils fazem?
Carol: A referência, além de citação ao brinquedo, é uma lembrança de nossa infância. Tem vários itens do meio adolescente no rock comercial. Tanto que a primeira gravação nossa é "Sorvete e Fliperama" que gravamos em K7.
Henrique: Apesar de nosso nome ser referência aos anos 80, queríamos fugir dessa linha oitentista. Foi difícil sair um pouco disso, porque o nosso primeiro letrista e o nosso atual (Albenízio) são muito fãs de Legião Urbana e outras coisas ligadas à essa década infame. Sobre a escolha do nome "Os Playmobils", as vezes bate um certo arrependimento, porque sabemos que um dia podemos ter problemas com isso. Não é o que almejamos. Por isso mantemos o nome. Tanto é que nas páginas de nosso livro, está bem claro que a formação de uma banda de rock, não é como um time de futebol pra competir. É algo que fazemos por amizade, por gostarmos.
Albenízio: Sim, o nome da banda é referência ao brinquedo de mesmo nome. Ideia de Henrique e Carol, que sempre foram fãs desse brinquedo. Há mais coisas relacionadas a brinquedos na banda, entre outras coisas inusitadas, como alguns projetos que estão por vir, como "A Caixa", álbum que eu escrevi em 2007, e o "Jingles da Estação Pirata" que eu escrevi ano passado e que espero gravar um dia, pois valerá a pena.

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O.: Algumas letras de canções da banda, direta ou indiretamente, expõem problemáticas humanas existentes também no meio musical/artístico local. Evidentemente que estas problemáticas existem em qualquer lugar do mundo. Em que ponto esta temática se diferencia no cenário local para o cenário global, pros Playmobils?
C.: Hoje existem muito "viúvos" de alguma coisa, de uma época que foi boa. As pessoas pararam no tempo e não criam mais. Essa coisa de viver do passado, tira um pouco de criatividade pra criar coisas boas.
H.: Mundialmente a molecada está ligada muito no rock and roll medalhão. Ninguém quer ouvir o que deu origem a tudo. Ninguém quer mais ouvir um blues, um "garajão". Acho que tudo está rumando pra colocarem na tua frente o que todo mundo ouve e tirarem na tua frente o que tenha essência. Banda de rock é muito mais do que baixo, bateria e guitarra. Se os integrantes da banda não estiverem convictos do que realmente gostam, a coisa fica massante, chata e não vai durar muito tempo, e é o que tem acontecido bastante.
A.: Acho que no geral as nossa letras são globais ou universais. Principalmente quando se trata de sentimentos e situações humanas. Mas quando falamos do regional, como as músicas "Banda de Mentira" e "Ode e Cirrose" são letras críticas, geralmente. Daí o ouvinte escolhe se por bem ou por mal. Se é construtiva ou não. Digo isso porque a cena rock de Manaus, especificamente, não tem nada ainda. Há pouco trabalho e muita gente querendo aparecer, só porque gravou um disco, fez um ótimo show, ou porque canta ou toca pra caralho. Grandes merdas isso tudo! A produção é frequente e, pra mim, creio que a colaboração com uma cena, seja até morrer, por toda uma vida e com humildade sempre. Então é isso! Letras levando pro regional é essa porrada. Aí o diferencial pras letras universais. Diferente dos amigos da Dpeids, que levam pra um regional mais escrachado e que mostram nosso cotidiano manauara através do ridículo, que acaba por ser muito engraçado. Coisa que o Nicolas Jr. faz e muito bem, também.

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O.: Qual a maior fonte de inspiração pra cada um dos Playmobils?
H.: Em termos de letras, acredito que temos evoluído. Estamos fugindo mais da temática colegial, que é a tecla que batíamos bastante no início da banda. A gente tinha muita composição, relacionada a romance e coisas mal resolvidas. Algo que não toma mais conta da temática que queremos passar. Tanto é que hoje, nos shows, a gente vê um punkezinho ou outro fazendo careta pra nossa apresentação, e os mesmos trajam camisetas dos Ramones. Só que talvez na imbecilidade deles, não sabem que 80% das canções dos três primeiros discos, eles cantavam o amor, mesmo que no formato de ódio.
A.: Me inspiro em todas as bandas que ouço e em situações de minha própria vida. É incrível você transformar em música ou literatura o que se vive ou o que se sente. Confesso que só entendi, enfim, o que era arte, quando saí da teoria e fui pra prática.

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O.: Os Playmobils foi uma das bandas que fez o pré show de Marky Ramone em Manaus. Sendo os Ramones, indiscutivelmente, uma das maiores influências da banda, teria sido este show de abertura o maior privilégio do grupo, ou vocês ainda viverão privilégio maior?
C.: Foi sem dúvida o maior privilégio que tivemos, pois os Ramones são a maior influência da Playmobils. Dificilmente teremos um privilégio maior que esse. Só se abrirmos pro Paul McCartney (risos).
H.: Eu não diria privilégio maior, mas foi algo surreal que aconteceu. O som em si, foi bem meia boca. O público, o som e não era o tipo de palco que gostamos em nossas apresentações. Mas só da gente estar ali, ao lado de um Ramone, um cara que eu tenho como ídolo, como influência, até mais do que o próprio Tommy, pra mim passou um filme depois que eu tive contato com ele. Se na década de 90 eu ouvia Ramones, deitado no meu quarto e sonhava em ter uma banda, anos depois eu dividiria o palco com um deles. É coisa que a gente tem nos sonhos mais otimistas. Não imaginava que isso fosse acontecer, ainda mais na capital que a gente vive.
A.: Foi pra mim o pagamentos dos deuses, por termos uma banda. Abrir pra um Ramone, valeu a vida! Poderíamos ter acabado a banda após o show e já teríamos muitas histórias boas pra contar. Fora isso, as festas do Mama Rock; ter organizado com Infâmia, Dpeids e Antiga Roll, esse projeto, foi algo surreal. Ainda mais em Manaus, onde o pessoal monta banda pra brigar, menosprezar eventos e se vangloriar de alguma coisa. O Mama Rock é sim um grande feito e surreal, pela união dessas bandas e pelas noites insanas que criamos com um público fiel. Mas, mais uma vez, nada disso ainda não é o bastante. E sim, eu creio que ainda teremos privilégio maior que tudo isso, por nós mesmo. Porque não paramos. Banda underground ou autoral, não tem férias.

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O.: Se não existissem os Playmobils, o que cada um de vocês estaria fazendo, ou o que cada um de vocês estaria tocando?
C.: O meu primeiro violão eu ganhei antes da Playmobils. Eu sempre quis montar uma banda com o Henrique e com meu outro irmão, tipo Hansons, e provavelmente não sei dizer se estaria numa outra banda, tocando em casa e ouvindo música.
H.: Eu não estaria tocando em lugar nenhum. Estaria frequentando os shows undergrounds e ouvindo bastante música e discos, até mais do que ouço agora, talvez.
A.: Quanto a música, eu estaria tocando e cantando sim, de qualquer forma. Compondo sempre! Esta coceira interminável. Escrever é relaxar! Teria um outro projeto, na verdade eu tenho vários (risos). Em meus escritos tenho até composições de jazz, blues e rock progressivo.

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O.: Se um dia acabar os Playmobils, o que cada um de vocês fará?
C.: Eu tocaria Jovem Guarda!
H.: Não sei se tocaria em outra banda, mas eu gosto muito do lance mais brega, tipo Roberto Carlos, Jerry Adriani, Adair José, talvez me interessasse. Erasmo Carlos é rock até hoje!
A.: Se um dia os Playmobils acabar, continuarei tocando mesmo assim, em algum outro projeto, seja meu ou de algum amigo. Nunca vou parar de tocar e cantar!

O.: Possibilidade de entrar um membro adicional na banda, ou os Playmobils já está ciente num power trio fechado?
C.: Esta formação existe desde o começo, há mais de 15 anos. A fórmula funciona bem com a gente. Não será necessário mudança!
H.: Já imaginei um projeto com outros artistas, mas nunca foi exposto pra todos. Acredito que a formação atual seja bem completa pro tipo de som que buscamos.
A.: Somos um power trio mesmo. Não tem jeito! E isso não só, ajuda a combinar as coisas (por ser pouca gente na banda), como na logística pra tocar e viajar. Três pessoas é muito mais prático! Nunca tive alguma aversão a um quarto integrante, mas já temos mais de 15 anos de banda e realmente somos três. Acredito que os arranjos com uma guitarra solo, daria uma Playmobils talvez mais harmônico, o que agradaria muita gente, mas nosso som é urbano e não bucólico. Já temos a voz como instrumento solo e três bases com guitarra, baixo e bateria, não tão harmônico, mas pesado e sincero. É o som das ruas, de nosso bairro. É o som de uma grande capital. Gostamos da cidade! Gostamos de amar aqui! Colocamos ketchup em cima de macarrão, feijão e arroz! Gostamos de jeans e camisa de algodão. Violão ao redor de uma fogueira, numa praia, fumando e filosofando, é outra parada! Sem falar no virtuosismo que é demasiado e maçante.

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O.: Qual foi o maior "mico" dos Playmobils?
C.: O mico não foi tão grande! Um começa uma música e outro começa outra música.
H.: Não tem um grande mico, que eu lembre. Tem muitos erros nas apresentações, que acontecem com qualquer banda.
A.: Acho que foi no Posto de Lavagem do Negão, próximo ao Hotel Da Vinci (risos). Nossos amigos e familiares estavam lá e foi um desastre, tudo. A bateria se desmontava e eu me senti um macaco tocando banjo (risos). O som estava horrível! Foi uma noite tosca, mas foi divertido. Isso foi bem no início da banda.

O.: Quais as metas de curto e longo prazo da banda?
C.: Continuar lançando material que a gente tem escrito há muito tempo.
H.: A gente tem atrasado bastante as gravações por excesso de preciosismo e até em exigir uma qualidade bem melhor, pro que a gente costuma apresentar. Só que ouvindo muitas outras bandas, eu tenho verificado que esse preciosismo não é necessário (risos), pra que nosso som fique bom, pra se ouvir num CD. A gente pretende lançar "O Rock n' Roll Sempre Viverá para Mim" com a gravação bem próxima do que a gente costuma apresentar nos shows.
A.: Curto prazo, gravar e lançar o disco "O Rock n' Roll Sempre Viverá para Mim" com 12 faixas. Longo prazo, gravar mais discos e tocar sempre que pudermos.

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O.: Deixem seus contatos e um recado pra quem ler a entrevista.
C.: A gente vê pessoas que cantam nossas músicas, que me perguntam, por mensagens, quando será a próxima apresentação. Agradecemos a estas pessoas o prestígio dado a banda!
H.: A entrevista não foi nada pessoal contra ninguém, mas se alguém achar que foi pra ele, foda-se!
A.: Acessem as páginas de nossa banda no Facebook, no Instagram e fiquem por dentro das notícias da banda. Procurem nessas duas redes sociais por "os Playmobils"(www.facebook.com/osplaymobils/) e (www.instagram.com/osplaymobils/). Na página de Facebook tem links pra baixar nosso material. E para as pessoas que lerem esta entrevista, conheçam, não só nossa banda, mas outras que são de Manaus. Pra uma grande cidade encravada na selva Amazônica, temos bandas incríveis acontecendo por aqui, que não devem nada a nenhuma banda de rock do mundo, e isso falo de qualquer vertente do rock n' roll. Pesquisem, nos ouçam e compartilhem! Grande abraço!

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Sobre Mário Orestes Silva

Deuses voavam pela Terra numa nave. Tiveram a idéia de aproveitar um coito humano e gerar uma vida experimental. Enquanto olhavam, invisíveis ao coito, divagavam: - Vamos dar-lhe senso crítico apurado pra detratar toda sua espécie. Também daremos dons artísticos. Terá sex appeal e humor sarcástico. Ficará interessante. Não pode ser perfeito. O último assim, tivemos de levar à inquisição. Será maníaco depressivo e solitário. Daremos alguns vícios que perderá com a idade pra não ter de morrer por eles. Perderá seu tempo com trabalho voluntário e consumindo arte. Voltaremos numas décadas pra ver como estará. Assim foi gerado Mário Orestes. Décadas depois, olharam como estava aquela espécie experimental: - O que há de errado? Porque ele ficou assim? Criamos um monstro! É anti social. Acumula material obsoleto que chamam de música analógica. Renega o título de artista pelo egocentrismo em seus semelhantes. Matamos? - Não. Ele já tentou isso sem sucesso. O Deixaremos assim mesmo. Na loucura que criamos pra vermos no que dará, se não matarem ele. Já tentaram isso, também sem sucesso. Então ficará nesse carma mesmo. Em algumas décadas, voltaremos a olhar o resultado. Que se dane.
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