Louder: Bandas clássicas são eternas, mas não deixem de procurar novas músicas
Por Vicente Reckziegel
Fonte: witheverytearadream
Postado em 10 de janeiro de 2017
O Brasil é celeiro de bandas de todos os estilos imagináveis, e a todo momento novos nomes, novas formações surgem para abrilhantar esse cenário. Mas, apesar disso, um dos estilos mais famosos no mundo (senão o principal de todos), o Hard/Heavy Metal, nem sempre produz bons produtos em nossas paragens, ficando às vezes um pouco defasado em relação aos gêneros mais extremos.
O Louder é uma esperança de virada desta tendência, visto que a sonoridade do quinteto gaúcho é das mais interessantes. Formada por Kid Sangali – Vocais, Maurício Barbieri – Guitarras, Gio Attolini – Guitarras e Backing Vocais, Felipe Saretta – Bateria e Ricardo Ledur Gottardo – Baixo (que concedeu esta entrevista), a banda mostra um imenso potencial, mesmo com somente um EP lançado. Confiram o que a banda tem a dizer (e oferecer)...
Vicente - Antes de tudo, nos fale um pouco sobre como foi o inicio da banda. Como se deu a formação e chegaram ao nome de Louder?
Ricardo Gottardo: A banda aconteceu em função de um anseio pessoal do vocalista Kid Sangali de ter um trabalho autoral, a partir dai ele procurou músicos de confiança e com o mesmo desejo de compor. Além da afinidade musical, existe amizade de longa data o que facilitou o processo, uma vez que cada um, mesmo que com peculiaridades, acabe entendendo as ideias dos demais (não que isso seja garantia de falta de discussões, muito pelo contrário). O nome Louder, foi tanto ocasional quanto sincero, da mesma forma que o Black Sabbath na década de 60/70 tinha por meta tocar o mais alto possível, entendemos que está ai um dos pilares do rock, a potência musical.
Vicente - Vocês lançaram ano passado o EP 'Take one' (2016). Como foi o processo de composição e gravação do disco?
Ricardo: O processo de composição é diversificado, parte das composições foi feita individualmente por alguns integrantes, outra parte em 'jams' que na prática mais pareciam laboratório de música. O Kid tem um método mais direto, em casa ao piano e com a voz desmedida nos entregou 'Last Memory'. Eu sou um pouco mais metódico (para não dizer chato) e acabo já escrevendo as composições em partituras que ninguém dá muita bola, mas de certa forma já induz o resultado final, foi assim com 'No More' e 'Temple of Desire'. 'Cooper's Synapse' aconteceu num final de semana de isolamento, com a música fruto de experimento musical e a letra que é basicamente um ensaio literário do Gio a respeito de uma discussão que ele assistiu de outros membros da Louder. E 'Blind Faith' foi uma composição coletiva, na onda roda de violão, e assim ela foi nascendo. A gravação foi no estúdio de um amigo nosso, o Maninho, um artista classe A no seu meio, que gentilmente cedeu suas instalações, tempo e talento para a gravação, mixagem, masterização e produção. A ideia original era manter uma sonoridade mais orgânica, porém, dando toques das referências das décadas de 80 e 90.
Vicente - E como avaliam o retorno obtido, tanto da mídia especializada quanto do público?
Ricardo: Olha, tratamos todo retorno de forma bastante positiva. Boa parte das críticas são muito favoráveis, especialmente quando considerado o tempo de banda, e o fato de ser o trabalho inicial da banda. Mesmo quando são apontados defeitos no nosso trabalho, o objetivo final é o aprimoramento de trabalhos futuros...
Vicente - 'Take One' é uma celebração ao Heavy Rock. Essa sempre foi a sonoridade desejada pela banda, ou vocês acreditam que ainda estejam moldando seu som?
Ricardo: As referências são bastante evidentes no nosso trabalho, mas tal qual como qualquer trabalho, arte requer uma evolução constante, buscar ampliar a dramaticidade dinâmica, aumentar o peso, ou saber dosar de acordo com o momento musical. Apesar de nos orgulharmos muito do 'Take One', ele é apenas nosso primeiro passo.
Vicente - A faixa que encerra o álbum se chama 'Blind Faith (Part I)'. Alguma razão especial para esse título, vocês já pensaram em uma continuação dessa música em especial?
Ricardo: Tanto sonoramente quanto poeticamente, acreditamos que, falar de qualquer valor pessoal é uma jornada, e não um circuito. Já pensamos em algumas possibilidades de caminhos, desde uma descida ao inferno quanto uma redenção, e até mesmo um retorno racional, tudo isso com sua identidade sonora própria.
Vicente - Todos sabemos das dificuldades que as bandas de Rock/Metal nacional enfrentam, principalmente quando fazem um som autoral. Como avaliam o atual cenário musical no Brasil?
Ricardo: Estávamos preparados para isso desde o momento que decidimos assumir o inglês como língua da banda. Comercialmente existem dificuldades, as casas que tocam rock refletem isso, sendo um tanto reticentes com apostas. Mas, muito além de desenvolver um produto, pensamos em entregar algo pessoal e verdadeiro, então preferimos assumir os riscos do mercado ao simplesmente sermos submetidos a ele.
Vicente - Qual foi aquele artista, ou banda, que fez com que decidissem enveredar para esse muitas vezes tortuoso caminho da música?
Ricardo: Bem, a Louder é formada por cinco integrantes com influências distintas. Então, fica mais claro enxergar que o Rock é rico, diversificado, e tem espaço para as mais diversas manifestações. Portanto, não quer dizer que estamos em busca de ocupar um espaço já criado, substituir alguém ou ser o 'novo sei lá o quê'. Acreditamos apenas que a Louder pode ter seu lugar.
Vicente - Em poucas palavras, o que acham das seguintes bandas:
Aerosmith – Hard Rock sofisticado, que amadureceu com o tempo.
Bon Jovi – Muitas vezes injustiçado, Bon Jovi soube levar o seu rock às massas.
Iron Maiden – É a referência máxima definitiva do heavy metal. Não existe composição no gênero, que seja bem sucedida e não lembre de alguma maneira as estruturas utilizadas pelo Iron.
Guns n' Roses – Axl e Slash. Sem mais.
Deep Purple – Purple, é mais que uma banda, é um gênero. Tantas formações, tantas linhas de composição e todas excepcionais.
Vicente - Por fim, deixe um recado para os fãs da banda e para todos aqueles que querem conhecer mais sobre o Louder.
Ricardo: O recado é simples, os clássicos serão sempre clássicos, mas nem por isso deixem de escutar novas músicas, buscar novas referências, novos conteúdos. E quem quiser saber mais da Louder, e quem sabe nos colocar no rol dessas novas descobertas acessem
https://www.facebook.com/LouderRockBand
Um abraço!
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